Autor: STENDHAL (Marie-Henry Beyle 1783-1842)
Editora: Cosac & Naify
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Edição: 1ª
Ano: 2003
Páginas: 576
Sinopse: O livro “O Vermelho e o Negro” expõe, como nenhum outro romance, o dilema entre ser algo e ser alguém, destino da personagem trágica de Julien Sorel.
Publicado em 1830, ‘O Vermelho e o Negro’ é uma saga romântica de Julien Sorel e suas ‘eternas e definitivas’ amadas Senhora de Rênal e Mathilde de La Mole. Uma obra marco dentro da arte de escrever e do romance, além de retratar como ninguém as complexas relações sociais na França do período da Restauração napoleônica. Inspirado em fatos reais (um escândalo entre famílias de destaque da burguesia francesa), ‘O vermelho e o negro’ rompe com a tradição do romantismo, introduzindo o realismo no romance francês.
Comentários: O núcleo do livro é uma crítica mordaz e direta a sociedade francesa do período da Restauração, particularmente aos parisienses os quais julga viverem um amor afetado e orgulhoso.
A personagem principal do livro é um aspirante a padre chamado Julien Sorel, nascido numa cidade inventada pelo autor chamada Vérrièrs, na obra, situada no interior da França, próxima de Besançon. Muito oprimido pelo seu pai marceneiro e irmãos consegue sair de casa através de um convite tentador do Senhor de Rênal, então prefeito da cidade, para ser preceptor de seus dois filhos.
O herói da estória, Sorel, estudou durante toda sua infância e adolescência com um cirurgião-mor da cidade e, após a morte deste, com o Cura, os quais, principalmente o último, lhe ensinou latim e principiou seu estudo das Escrituras, pouco mais tarde, já sabia latim e tinha decorado todo o Novo Testamento.
Na sua nova casa, a do prefeito, Julien fica obcecado pela idéia de conquistar a Senhora de Rênal, esposa do prefeito, e inventa verdadeiras estratégias para conquistá-la (note que, como em toda obra de Stendhal, ele próprio criava estratégias para tentar conquistar outras mulheres).
Por fim, este romance se torna um escândalo. Julien parte para Paris e recomeça o segundo ciclo do nosso herói. Ele volta a se apaixonar, agora por Mathilde, se engaja como secretário de um Marquês, pai de Mathilde. Nesta parte o livro faz incontáveis paralelos entre o interior e a capital francesa, respectivamente, Paris e Vérrièrs. Bem como das distinções entre o amor vivido lá e no interior. Também compara com o amor do período pré-napoleônico.
O livro tem um triste fim, baseado na realidade, da condenação à morte para Sorel. Stendhal, presenciou um escândalo nestes mesmos termos na Itália, que foi justamente a inspiração para o livro.
Até mesmo o nome da obra é motivo para controvérsias. Se discute muito ao que Stendhal se referia com os “vermelho” e “negro”, muitos atribuem o negro a cor da batina do herói e o vermelho ao sangue lavado, mas, lendo a obra, realmente há outros exemplos que também podem ser citadas como a razão-mor para o nome. Num artigo não publicado sob um psedônimo, Stendhal comenta sobre um livro e declara, ele mesmo como “um livro que pela primeira vez até agora teve a ousadia de tratar dos sentimentos franceses” e também “o único livro que tem duas heroinas, Senhora de Rênal e Mathilde”.
A síntese será sempre precária. É preciso debruçar-se sobre o livro. Sorel é, à sua maneira, um homem do povo que, por circunstâncias várias, passa a circular num ambiente que não é o seu, candidato a integrar a hierarquia religiosa. Perde-se. Sua inserção na aristocracia não se faz senão pelas franjas, dá-se por meio dos símbolos periféricos do real poder. Moço de feições até atraentes, há nele indícios que supõem um pensamento mais profundo, herdado de um passado confuso. Sorel não só é incapaz de aprender os códigos da “elite” como ainda se deixa corromper por ela. Não necessariamente a corrupção de que ouvimos falar no país das Bruzundangas que elegeu um Broncus Rex para presidente. É uma corrupção de outra natureza: de valores, de verdade, de sentimentos, de afetos. Ao fim, sem que se antecipe aqui o desfecho do livro, Sorel é descartado “pela elite” como um lenço usado. Havia passado o breve encanto.
A síntese será sempre precária. É preciso debruçar-se sobre o livro. Sorel é, à sua maneira, um homem do povo que, por circunstâncias várias, passa a circular num ambiente que não é o seu, candidato a integrar a hierarquia religiosa. Perde-se. Sua inserção na aristocracia não se faz senão pelas franjas, dá-se por meio dos símbolos periféricos do real poder. Moço de feições até atraentes, há nele indícios que supõem um pensamento mais profundo, herdado de um passado confuso. Sorel não só é incapaz de aprender os códigos da “elite” como ainda se deixa corromper por ela. Não necessariamente a corrupção de que ouvimos falar no país das Bruzundangas que elegeu um Broncus Rex para presidente. É uma corrupção de outra natureza: de valores, de verdade, de sentimentos, de afetos. Ao fim, sem que se antecipe aqui o desfecho do livro, Sorel é descartado “pela elite” como um lenço usado. Havia passado o breve encanto.
Esperemos que aconteça o mesmo com o tal Broncus Rex, presidente do país das Bruzundangas, que optou por ser algo ao invés de ser alguém.
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