sábado, 1 de setembro de 2018

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO


REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO
Autor: Plinio Corrêa de Oliveira
Assunto: Ensaio social e religioso
Editora: Artpress
Edição: Comemorativa dos 50 anos da publicação.
Ano: 2009
Páginas: 166

Sinopse: A humanidade de nossos dias encontra-se diante de um impasse: de um lado, parece estar marchando rumo a um progresso maravilhoso e indefinido, nos campos humano e científico, cujos confins não se consegue sequer vislumbrar: de outro lado, assiste-se uma deterioração abrumadora da civilização, do convívio social, e das próprias condições da vida moderna, que pode desfechar, de um momento para outro, no confronto generalizado de indivíduos, família, sociedades, povos e nações.
- Como resolver esse impasse? Como se chegou a ele? É das respostas a estas duas perguntas que este livro se ocupa. Mas não paremos por aqui. Continuemos a descrição da obra.
Uma pergunta prévia: esse impasse é fruto previsível das paixões humanas entregues a si mesmas, ou a elas se acrescentou a atuação coordenada de forças que atuaram intencionalmente para atingir tal resultado? Estaríamos então diante de um processo duplo, em parte natural e em parte artificial, que se desenvolveu conjuntamente para produzir esse efeito?
Apontando a existência desse processo, autores – tanto contrários como favoráveis a ele – deram-lhe um nome: Revolução.
Assim, grandes pensadores – católicos e não católicos – foram delineando e descrevendo, passo a passo, o processo revolucionário que conduziu a sociedade humana, a partir da Idade Média – com sua fé primaveril nos ensinamentos do Evangelho e nos da Igreja Católica – à sociedade atual, esteada na trilogia liberté-egalité-fraternité, que, seduzindo a humanidade com avanços tecnológicos deslumbrantes, implantou a mais cínica e escancarada liberdade de costumes. A tal ponto que, no estágio em que as coisas hoje se encontram, é lícito perguntar se, sem uma intervenção extraordinária da Providência, o desconserto do mundo moderno tem solução.
Muitos estão convencidos de que não.
Desde muito moço, o autor discerniu que tal deterioração da humanidade a encaminharia para uma catástrofe fatal. E em suas leituras, logo se deparou com o conceito de Revolução destilado por uma ilustre plêiade de pensadores católicos que o precederam, Seu mérito pessoal foi conferir um sentido amplo e preciso para o termo Revolução, mostrar a coerência interna do processo revolucionário, descrever suas metas e métodos, bem como o seu encadeamento histórico, desde os primeiros sintomas de decadência da Idade Média até os dias de hoje.
Mostrou, assim, que a Revolução se desenvolveu por etapas claramente diferenciadas, porém logicamente concatenadas, que ele designa pela sua seqüência numérica: Revolução Protestante (I), Revolução Francesa (II), Revolução Comunista (III) – até chegarmos à IV Revolução, a Revolução Cultural e Tribalista, que se desenvolve diante de nossos olhos e visa estabelecer na sociedade uma organização tribal, semelhante à dos indígenas primitivos.
A visão da crise contemporânea que o autor oferece neste livro vai, muito além de quanto foi dito, até agora, pelos mais perspicazes analistas. Mas se ele o fez, e pôde ver mais longe do que os que o precederam, foi justamente porque – parafraseando a célebre frase de Newton – teve a humildade, porém grandiosas, ousadia de apoiar-se no ombro desses gigantes do pensamento que o precederam.
Cumpre, entretanto, elevar ainda mais alto, as nossas vistas. Se ele o fez, foi, sobretudo graças ao instinto profético com que o dotou a Providência divina, com vistas à recondução da humanidade para as vias da verdade e do bem e, mais especificamente ao seio sacrossanto da Santa Igreja.
Os que, lendo este livro, e, sobretudo embebendo-se de seus princípios, se alistaram nas fileiras da Contra-Revolução – outro conceito por ele magnificamente desenvolvido e descrito – estarão preparando humanamente o terreno para essa intervenção extraordinária da Providência divina para resolver a magna crise contemporânea. Intervenção essa que se realizará sob a égide a Santíssima Virgem, como ela mesma anunciou profeticamente em Fátima, em 1917, e que o autor se comprazia em repetir: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

O JULGAMENTO DAS NAÇÕES


O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
Título original: The Judgment of the Nations
Autor: Christopher Dawson (1889-1970)
Tradução: Marcia Paiva Xavier de Brito
Assunto: Ciências humanas e sociais
Editora: É Realizações
Edição: 1ª
Ano: 2018
Páginas: 272

Temas: Civilização judaico-cristã, Ocidente, Ecumenismo, Filosofia da história, Meta-história, Teologia da cultura, Secularismo e História contemporânea.

Sinopse: Tão decisiva quanto a adesão do Império Romano ao cristianismo, entre os séculos XIX e XX se instaura no Ocidente uma nova religião: a fé secular no progresso. Foi esse credo que ocasionou a submissão do homem à técnica, reavivando males que se consideravam superados – a tortura, a escravidão, o medo da morte repentina – e acrescentando-lhes outros.
Uma vez distanciada da religião sobre cujos valores se fundara, a nossa civilização já não é capaz de acreditar em si mesma. Ela necessita de valores humanos básicos, como o da liberdade, mas não sabe como assegurá-los.
Nessa condição dramática, cujas raízes se espalham pelas cisões da cristandade durante o segundo milênio, a “causa de Deus” se identifica com a “causa dos homens”: para superar seus impasses políticos, o mundo deve reconsiderar aquele ideal de humanidade que sempre – é por vezes, solitariamente – fora defendido pela Igreja. Distinguindo cuidadosamente o liberalismo como tradição, como ideologia e como partido, Dawson demonstra que um humanismo verdadeiramente cristão não se opõe nem ao senso de responsabilidade moral nem ao reconhecimento da soberania divina.
R. H. Tawney (1880-1962) disse que este livro é um diagnóstico da crise da nossa era. Nas palavras de Dawson:


“O progresso da civilização ocidental pela ciência e pelo poder parece conduzir a um estado de secularização total em que tanto a religião quanto a liberdade desaparecem simultaneamente. A disciplina que a máquina impõe ao homem é tão estrita que a própria natureza humana está em perigo de ser mecanizada  e absorvida no processo material. Onde isso é aceito como necessidade histórica inelutável, chega a ser uma sociedade planejada em estrito espírito científico, mas que será uma ordem estática e sem vida, que não possui outro fim além da própria preservação e que deve, por fim, causar o enfraquecimento do arbítrio humano e a esterilização da cultura. Por outro lado, se uma sociedade rejeita esse determinismo científico e busca preservar e desenvolver a vitalidade humana dentro do arcabouço de um Estado totalitário, é forçada, como na Alemanha nazista, a explorar os elementos irracionais da sociedade e da natureza humana de modo que as forças da violência e da agressividade, que todas as culturas do passado buscaram disciplinar e controlar, irrompam para dominar e destruir o mundo”.

 O Autor: Graduado em História pela Universidade de Oxford, também estudou Economia e Teologia. Foi influenciado pelas obras de Oswald Spengler e Arnold J. Toynbee e, embora tenha permanecido um estudioso independente por toda a vida, foi professor convidado de Estudos Católicos Romanos na Universidade de Harvard e de Filosofia da Religião na Universidade de Liverpool. Foi eleito para a Academia Britânica em 1943. Entre seus admiradores declarados, encontram-se gigantes como J. R. R. Tolkien e Russell Kirk.




PALESTRA DA OBRA



sexta-feira, 15 de junho de 2018

O CORAÇÃO DAS TREVAS


O CORAÇAO DAS TREVAS
Título original: The heart of darkness
Autor: Joseph Conrad (1857-1924)
Tradução: Celso M. Paciornik
Editora: Iluminuras
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Edição: 2ª
Ano: 2002
Páginas: 114


Sinopse:
O livro escrito em 1899 apresenta a narrativa de Charlie Marlow, um alter ego[1] de Joseph Conrad, sobre suas experiências nos confins da África. Marlow descreve os sombrios horrores enfrentados no coração da selva africana, como a morte iminente e a bárbara selvageria dos nativos. O objetivo de Marlow nesse ambiente hostil é encontrar o Sr. Kurtz, personagem envolto em certo misticismo. No decorrer de sua jornada, os caracteres da personalidade de Kurtz são apresentados, alçando paulatinamente esse personagem à uma condição divina. Entretanto, quando o encontro entre os dois finalmente acontece sobra certa decepção com o desfecho, dadas às expectativas criadas no decorrer da viagem.
Comentários:
Trata-se de um clássico da literatura universal que vale a pena ser lido. O enredo do filme "Apocalypse Now" de Coppola é baseado nesse livro, trazendo Marlon Brando no papel correspondente ao do Sr. Kurtz, entretanto, o filme não substitui a leitura do livro.
Conrad sabia como ninguém que o “o sentido de um episódio não estava dentro, como uma amêndoa, mas fora, envolvendo a narrativa”. E é nesse periférico que se nos apresenta um clássico. Não tenho a pretensão de iniciá-lo em Conrad, seria uma empresa fadada, de antemão, ao fracasso, sabedor que sou que “não há iniciação para tais mistérios”, esta tem que se dar na descoberta de suas lendárias páginas de aventura humana “no meio do incompreensível, que é também detestável”, mas, ao final, nos coroa com o halo literário que só os grandes autores nos sabem ofertar. Em Conrad, somos salvos pela sua “devoção à eficiência”, nada falta ou transborda; tudo na medida certa, no tempo certo. Em algumas páginas, o romântico se nos impõe, e temos a beleza em estado primevo; em outros momentos, o drama surge, a emoção dita e domina.
Interpretação da obra:
O prof. José Monir Nasser dizia que para compreender a obra de Joseph Conrad, é preciso saber interpretar os aspectos simbólicos fartamente utilizados por ele. Se você ler a obra dogmaticamente, não vai compreender nada.
Joseph Conrad usa a África como uma metáfora da condição humana, da qual não estão excluídos os abismos e os horrores. Ele penetra num mundo estranho, quase surrealista.
O que Joseph Conrad quer nos contar é o dilema moral do ser humano e o caos do mundo em que vivemos. Mostra-nos a sociedade enlouquecida criada por Kurtz, que assume, nesta sociedade que criou, o papel de Deus, decidindo quem deve e quem não deve morrer. Nos mostra, ainda, que o ser humano vive num mundo concreto, natural e contraditório, onde existem aspectos benignos e malignos, tal qual a natureza que é também potencialmente contraditória e onde se encontram forças de sustentação e forças de repúdio.
O homem não é 100% natureza. Há uma parte nele que não pertence à natureza e que não é humana, mas Divina (o espírito que corresponde ao intelecto, à sabedoria e ao conhecimento instantâneo da realidade). O intelecto (não é a razão) faz a ligação do homem com o mundo transcendente, onde está a verdade. E nós humanos somos prisioneiros dessa tensão que é a essência da vida humana. Platão dizia que o homem é o intermediário entre o animal e o anjo.
Quando Kurtz retorna para a “civilização”, à beira da morte, desvela um pouco mais do mistério de tudo e emite sua expressão final antes de se quedar sem vida: “O Horror! O Horror!”, ele prenuncia o julgamento de sua alma na Terra. Marlow já não é o mesmo, frente à iluminação final de Kurtz.
Conclusão:
Os mistérios em torno das personagens de Conrad simbolizam a impenetrabilidade misteriosa da alma humana, e as suas complicações.

"Vivemos como sonhamos - sozinhos"
“O objetivo que tento atingir, pelo poder da palavra escrita, é fazer você escutar, fazer você sentir e acima de tudo, fazer você ver. Isto, e nada mais, é tudo”. Palavras de Joseph Conrad, talvez um dos mais vicerais escritores que a literatura ocidental já produziu.
Jósef Teodor Konrad Korzeniowski nasceu em 1857, na cidade de Berdichev, na Ucrânia, uma região que foi parte da Polônia, mas na época estava sobre controle russo.
Nota: Alguns atribuem que Joseph Conrad nasceu em Berdyczow uma província ucraniana na Polônia daquela época. Hoje a cidade ucraniana Berdichev.



[1] [Lat., 'outro eu'.] 1. O outro eu, ou seja, pessoa na qual se pode confiar como em si mesmo. 2. P. ext. Aquele que substitui perfeitamente o outro. 


ANÁLISES EM VÍDEO

Parte 1


Parte 2