domingo, 25 de janeiro de 2009

O PROCESSO

Título original: Der Prozess
Autor: Franz Kafka
Tradução: Modesto Carone
Editora: Companhia da Letras
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Edição: 1ª
Ano: 1997
Páginas: 334

Sinopse:
A obra foi escrita em 1915 e publicada em 1925, após a morte do autor ocorrida em 1924.
Na manhã do seu trigésimo aniversário, Joseph K., funcionário respeitado de um banco, acorda com a presença de dois homens que o informam que ele está preso. Em liberdade, ele aguarda seu julgamento, passando a conviver com o medo e a angústia, enquanto tenta provar que é inocente. Joseph K. não faz idéia do crime que cometeu e todos os detalhes da acusação são sigilosos, sendo apenas conhecidos pela Corte Suprema que o julgará. Apesar de não precisar ir para a prisão, a vida de K. se transforma rapidamente já que a partir desse momento passa a ser um suspeito aos olhos de todos que começam a tratá-lo com desconfiança - inclusive no banco, onde seu trabalho é posto à prova. K. inicia então uma longa peregrinação burocrática na tentativa de descobrir por que o acusam. Ele se embrenha em salas de difícil acesso, cartórios, tribunais com longos corredores, mas sua busca é vã. O estranhamento acompanha toda a narrativa. O tempo passa, e K. entra em contato com pessoas - mais ou menos influentes - que nada podem fazer para ajudá-lo. Assim, continua sua infrutífera busca, sem nunca chegar a saber onde está o juiz que ele jamais vê, qual é o alto tribunal ao qual ele nunca é chamado e, principalmente, sob qual acusação é julgado.

Interpretação da obra:
Joseph K., a personagem principal do romance tcheco, é uma pessoa comum que se defronta, de repente, com uma acusação misteriosa e enigmática e passa a viver um verdadeiro pesadelo. Sua vida é marcada por um brutal contraste entre o conforto (antes da acusação) e a angústia (depois da acusação). Ele não tem a mínima idéia do que o acusam e ninguém o esclarece de que acusação se trata, todavia, todos sabem que a acusação é grave e que ele tem culpa, menos ele próprio. Joseph é simplesmente declarado pela polícia que está detido, sem ser preso. Neste instante começa o seu pesadelo. É intimado para comparecer perante o tribunal para ser julgado. Todo o mundo que o rodeia sabe tudo sobre ele porque, na verdade, todos são membros do tribunal. No primeiro momento ele é tomado de grande surpresa; não aceita a acusação e agride o tribunal. Todavia, à medida que o tempo passa, ele sente que tem culpa; aumenta a sua consciência de culpa e ele passa a aceitá-la, embora não saiba exatamente do que foi acusado. Por outro lado, quanto mais culpado Joseph se sente e quanto mais ele procura se isentar da culpa, mais distante ele fica da acessibilidade à justiça. Joseph busca todos os meios possíveis para livrar-se da acusação, todavia, todos são inúteis. Os advogados são inúteis perante o tribunal. O tribunal não aceita contestações e não há meios de reverter a situação. E assim ele desaba do mundo das ilusões para o mundo real.
Na verdade, Joseph K. não conseguiu perceber que a acusação que pesava sobre ele era a de não ter Deus no coração e que a justiça representada pela Corte Suprema, era Divina. Ele só precisava compreender isso e aceitar o cristianismo como a única possibilidade de recuperação do homem para a graça Divina. Embora todos os que o cercavam dissessem a ele para confessar o próprio ateísmo e com isso abrir as portas que lhe foram indicadas para a transcendência Divina de sua alma, ele não consegue perceber isso e aceitar Deus como único caminho para salvação de sua vida profana, e expira com suas últimas palavras:
- Como um cão.
Era como se a vergonha devesse sobreviver a ele.
Esta é a grande mensagem que Franz Kafka transmite em sua obra, O Processo.

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