quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

ANTÍGONA

Autor: Sófocles
Tradução: Mário da Gama Kury
Editora: Jorge Zahar Editor
Assunto: Tragédia grega
Edição: 10ª
Ano: 2002
Páginas: 262 (Editado em conjunto com Édipo Rei e Édipo em Colono)


Sinopse: Antígona é uma peça teatral escrita por Sófocles em 441 a.C. cujos fatos aconteceram por volta de 1.250 a.C., em Tebas na Ásia Menor, na qual exalta a coragem de uma princesa que enfrenta o rei arriscando a própria vida em defesa de um princípio.

O enredo: A intriga da história começa com uma alusão à guerra dos Sete contra Tebas, na qual os dois irmãos de Antígona, Etéocles e Polinices, se confrontam em lados opostos. Ambos morrem no campo de batalha, mas aos olhos de Creonte, tio daqueles, Polinices é considerado traidor de Tebas e, por isso, não lhe são concedidas honras fúnebres e decreta que a pena para a desobediência a sua decisão é a morte daquele que a descumprir.Antígona recusa-se a cumprir a ordem de Creonte e, considerando tratar-se de um dever sagrado dar sepultura aos mortos, infringe a ordem do soberano e realiza os rituais fúnebres a que o irmão tem direito. Devido a este ato de piedade, Antígona é condenada à morte pelo rei de Tebas e encarcerada viva no túmulo dos Labdácidas, de quem descende. A ação impiedosa do rei será punida no final da tragédia: ao tomar conhecimento da morte de Antígona, Hêmon, filho de Creonte e noivo de Antígona, suicida-se. Por conseqüência deste segundo suicídio, é a vez de Eurídice, mãe de Hêmon, decidir “morar eternamente no Hades”.

Análise do enredo: Creonte, com a morte dos dois sobrinhos Etéocles e Polinices que se envolvem numa batalha de disputa pelo trono, torna-se rei de Tebas. A sua primeira decisão como regente foi enterrar o sobrinho Etéocles com todas as honras funerárias e deixar o corpo de Polinices insepulto. Para que se cumpra a sua decisão, decreta que a pena para desobediência é a morte.Antígona, apesar do interdito do rei Creonte, quer sepultar o irmão Polinices evocando um princípio da lei dos deuses. Sua decisão gera um conflito entre a Lei dos Céus (dos deuses) que ela defende e a Lei da Terra (dos homens) que Creonte precisa fazer cumprir.Cria-se assim um impasse, resultante da contraposição entre duas esferas de poder: A Lei dos deuses e a Lei humana.
Todo o enredo da tragédia de Tebas gravita em torno desse dilema moral que dura mais de três mil anos e que faz de Antígona uma das mais importantes obras que dá os princípios basilares para o cristianismo: Cumpre-se a Lei do Céu ou a Lei da Terra? Antígona defende a Lei dos Deuses e Creonte a Lei Humana.

Considerações importantes:
1. A falta de Antígona foi o de desrespeitar uma ordem do rei.
2. Creonte tinha razão quanto a defesa da Lei da Terra (Poder temporal), todavia sua decisão interferiu sobre a Lei dos Céus (Princípio espiritual). Logo, qual das leis deve ser cumprida?
3. Este dilema já dura 3.250 anos porque as duas posições são imprescindíveis para a humanidade.
4. Creonte era um governador e não um estadista. Esse foi o seu maior problema (o Estadista é aquele que consegue sacrificar a Lei da Terra em prol da Lei dos Céus).
5. É preciso considerar a hierarquia das leis divinas sobre as disposições humanas.
6. Imaginar que o humanismo é a solução para os problemas humanos é de uma ingenuidade incrível. Equipara-se ao raciocínio de uma criança de 8 anos.
7. Perder a noção do sagrado é a pior coisa que pode acontecer ao ser humano. Foi o que aconteceu com Creonte quando toda uma tragédia se abateu sobre a sua regência e sua família.

Conclusão:
1. O ser humano pela sua condição de dualidade (Divina e Terrena), viverá permanentemente em conflito entre o Poder Espiritual e Temporal de cuja ambigüidade não conseguirá sair jamais. Por essa razão o problema existe há três mil anos.
2. Não há solução coletiva para o problema. A solução para conflito resultante da dualidade humana será sempre individual, pois não há solução fora do indivíduo, porque nada substitui a sua consciência individual das coisas.

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