quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

FÉDON

Autor: Platão (427-348/47 a.C.)
Tradução: não consta
Assunto: Filosofia
Editora: Nova Cultural (Coleção Os Pensadores)
Edição: não consta
Ano: 2000

O Fédon é um dos quatro diálogos de Platão que se referem à condenação de Sócrates (os outros três são: Críton, Eutífron e Apologia de Sócrates). Não se conhece a época em que Fédon foi escrito, mas é considerado a obra da maturidade do espírito de Platão.

Sinopse: O filósofo grego, Sócrates, foi condenado pelo tribunal à pena de morte após ter sido injustamente acusado de corromper a juventude e não adorar alguns deuses da pólis (cidade). O diálogo narrado nesta obra passa-se na prisão, no último dia de vida do mestre, do qual participam Sócrates e seus discípulos fiéis. Pela tradição grega, os condenados à morte bebiam a cicuta, um veneno que paralisava todo o corpo até à asfixia. Mas só o poderiam fazer depois do pôr do sol. Esperando que o sol se pusesse no horizonte, Sócrates põe em dia as últimas palavras com os seus discípulos e amigos que se encontraram com ele nessa tarde dramática na prisão. O assunto é sobre a alma e a morte de Sócrates.

Narrativa: A pedido de Equécrates de Fliunte, Fédon reproduz, de memória, o diálogo travado no cárcere, entre Sócrates e alguns dos seus discípulos, durante o último dia de vida daquele. Subjacentes ao tema central, encontram-se outros diálogos, quer do domínio antropológico, quer ético, gnosiológico, metafísico e até existencial – o homem como ser composto por corpo e alma, a condenação do suicídio, a recompensa e o castigo depois da morte, a reminiscência, as Idéias, o papel da filosofia – bem como referências ao pensamento grego – teoria dos contrários, metempsicose, entre outros.
Sócrates apresenta a sua teoria da metempsicose, a crença na reencarnação da alma! A alma em vida deve lutar contra os prazeres e vício do corpo, onde a alma está condenada a viver e donde quer libertar-se. Essa libertação dá-se na procura do conhecimento, no esforço dialético do bem e da justiça. O filósofo é aquele que cuida da sua alma porque se desprende dos bens terrenos, vive para a sabedoria e pratica o bem! A crença na imortalidade da alma está demonstrada na obra por quatro argumentos: a incompatibilidade dos contrários, o argumento da reminiscência (conhecer não é mais que recordar), o argumento da simplicidade e o da sucessão dos opostos.
Finalmente, Platão ensina que para conseguir a felicidade é necessário renunciar aos prazeres e às riquezas e dedicar-se à prática da virtude. Esta, para ele como para seu mestre Sócrates, consiste essencialmente no conhecimento, ao passo que o mal consiste na ignorância. Ora, sendo o conhecimento verdadeiro um só, segue-se que também a virtude é uma só: a conquista da Verdade. Mas ela pode exercer varias funções e assumir vários nomes. A virtude que dirige a alma racional tem o nome de sabedoria, a que dirige a alma irascível chama-se fortaleza, a que dirige a alma concupiscível , temperança, e a que controla as relações entre as três almas chama-se justiça.

Comentário: O Fédon é o mais interessante e o mais importante de todos os diálogos de Platão porque expõe as crenças do filósofo, constituindo-se numa apologia da própria filosofia.
Pela Apologia de Sócrates, sabemos que Platão foi um dos amigos que aconselharam Sócrates a aumentar a multa de uma para trinta minas, garantindo pessoalmente o pagamento da soma. Mas Sócrates não aceitou o conselho e foi condenado.
Pelo Fédon, sabemos que, na hora da morte do mestre, Platão estava ausente por motivo de saúde. Depois do fim trágico de Sócrates, seus amigos e protetores, inclusive Platão, temendo que o faccionismo se voltasse também contra eles, deixaram Atenas com destino a Mégara.

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