sexta-feira, 3 de abril de 2009

EUGÉNIE GRANDET

Título original: Eugénie Grandet
Autor: Honoré de Balzac (1799-1850)
Tradutor: Moacyr Werneck de Castro
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Editora: Difel
Edição: 1ª
Ano: 1961
Páginas: 201

Sinopse: Na cidadezinha francesa de Saumur, vive a família Grandet, cuja filha única é a doce Eugénie. O sr. Grandet, pai de Eugénie, é um comerciante de vinhos que enriqueceu no período pós-Revolução Francesa. E é, segundo consenso dos críticos, um dos maiores avaros da literatura universal. Eugénie, prestes a atingir a maioridade, passa a ser disputada pelas boas famílias da região, que desejam casar um dos seus com a herdeira do rico comerciante. Tudo vai bem, nos suaves vagares da rotina da província, até que surge Charles Grandet, rapaz típico da sociedade parisiense e filho do irmão do sr. Grandet que, tendo ido mal nos negócios, suicidara-se. O sobrinho acaba sendo acolhido, e o convívio suscita a paixão entre os primos Charles e Eugénie. O romance trata deste amor ardente e ao mesmo tempo resignado, em que Eugénie simboliza o amor total, que resiste a tudo à separação, à distância e as desilusões. Um amor tão formidável que dificilmente estará à altura do amado.

Comentários:
Neste livro, Balzac elabora uma exímia análise das estruturas sociais, psicológicas e existenciais que permeiam a trajetória das personagens. Por trás da mera seqüência de acontecimentos marcantes, há o desmascaramento das convenções sociais subordinadas às regras do poder e do dinheiro. Esses elementos, somados ao inigualável talento narrativo de Balzac, tornam este brilhante romance uma das mais importantes obras da literatura universal.

O romance oscila entre duas grandes paixões, a paixão de Eugénie pelo primo e a paixão do velho Grandet pelo dinheiro. E se para Balzac a primeira era mais importante – e tanto assim que o livro tem o nome de Eugénie – para muitos é no retrato que ele nos dá da avareza de Félix Grandet que reside o ponto alto da obra. Como sempre a verdade está no meio termo, porque no estudo desses dois caracteres Balzac insuflou uma grandeza admirável.

A tímida, a quieta Eugénie – que se julgava feia, mas em cujos olhos cinzentos transparecia, por inteiro, a pureza da sua vida casta – filha obediente e submissa que sempre curvou-se ante as imposições e os desejos do pai, sabe, na defesa do seu amor, enfrentá-lo com uma energia e coragem que ninguém lhe pode imaginar e que ninguém vislumbra em seu manso caráter de moça que se estiola num casarão silencioso e frio de província, em que a única lei era a vontade paterna.

A avareza de Gandet – “que parecia economizar tudo, até mesmo os movimentos” – é descrita com tal veracidade que o antigo comerciante de Saumur passou a figurar como um dos tipos clássicos de avarento, criados pela literatura.

O livro é todo o drama das vidas que se desenrolam nas pequeninas cidades interioranas, existência que, como o próprio Balzac dizia, tem sua grandeza muito menos nas ações que no pensamento e das quais é preciso salientar, através de insignificantes detalhes, de fatos e atitudes aparentemente sem importância, a riqueza oculta das paixões que nelas estuam.

Nenhum comentário: