Autor: Gustavo Corção (1896-1978)
Editora: Agir
Assunto: Romance (Literatura brasileira)
Edição: 15ª
Editora: Agir
Assunto: Romance (Literatura brasileira)
Edição: 15ª
Ano: 2004
Páginas: 237
Páginas: 237
Sinopse: Publicado em 1950. Denso e profundo, o livro é o diário final de um homem que se descobre com leucemia. O médico lhe diz que terá três ou quatro meses de vida (a primeira anotação é de 11 de novembro; a última, de 23 de fevereiro). Logo ele constata que a morte, como o amor, não precisa de muito espaço. Mergulhado na memória, avalia o sentido da vida. Os escritos, de lucidez crescente, são reflexões sobre a alma, a verdade, o absoluto, o amor, a frivolidade, o ciúme. Documentam uma volta à fé, o reencontro com a graça.
Breve Comentário:
Nesta obra você se depara com a inapelável fragilidade humana perante a morte, suavizada por uma linguagem poética e severa do autor.
"(...) o mundo parece uma oficina de deteriorar o que as pessoas deveriam ser. A decomposição começa muito antes da sepultura. Mal armada a figura do homem, começa a desfazê-la, como se isto fosse um jogo que se monta por desfastio e que logo se desarma com tédio. E onde se localiza, em nossa vida, o ponto de inflexão? Em que dia comecei eu a ser desmanchado por mãos distraídas? (...)" - página 145.
Lições de abismo é uma referência ao professor João Maria, irremediavelmente vencido por um câncer, indaga, atônito, mas firme no propósito de usar os dias que lhe restam para mergulhar em sua vida, em sua memória, na razão de sua existência.
O professor João Maria, divorciado há dez anos da mulher, e afastado do filho que hoje "é apenas uma sombra" do que representou para ele, descobre que está condenado pela ação de um "monstro líquido" chamado leucemia mielóide aguda. E, mesmo nocauteado pelas poucas linhas escritas no exame que o dr. Aquiles lê à sua frente (e delimita-lhe a condição humana física ao exíguo espaço de tempo de três a quatro meses) é capaz de refletir sobre o sentido e a beleza da vida. "A vida é tudo. Tem um valor infinito: mas não tem sentido nenhum. A vida!" (página 59).
Ao contrário de Ivan, o juiz da célebre novela de Leon Tólstoi, A morte de Ivan Ilitch, que se acovarda na hora da morte e passa o livro inteiro sendo enganado pela família e pelo médico, que mentem sobre sua doença, o professor João Maria recebe o veredicto do doutor Aquiles com um misto de dor e resignação, estoicismo e vontade de lutar. Sim, ele quer lutar, apesar de só ser possível com a arma de um milagre ou com a coragem da imaginação. E é isso que ele faz. "(...) ao menos esses dias eu queria viver, queria viver a minha morte, já que a vida eu não a pudera viver; queria aproveitar essa última oportunidade de harmonia, essa única certeza, essa vantagem, essa vantagem enorme, colossal, que levo de hoje em diante sobre o comum dos mortais. (...)". (páginas 29/30).
Sobre o autor:
Gustavo Corção nasceu em dezembro de 1896, no Rio de Janeiro. Cursou Engenharia na antiga Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Trabalhou em Astronomia de Campo, em Mato Grosso; em serviço de Energia Elétrica, no Rio de Janeiro e Espírito Santo; em Radiocomunicações, de 1925 a 1937, e depois em atividades industriais, até 1948. Casou-se em 1924, e, em segundas núpcias, em 1937. Converteu-se à Igreja Católica em 1939. Publicou seu primeiro livro 'A descoberta do outro', em 1944; em 1945, 'Três alqueires e uma vaca'; em 1951, 'Lições de Abismo', e, em 1952, 'Fronteiras da Técnica'; em 1956, 'Dez Anos' (Crônicas) e 'O Desconcerto do Mundo', em 1965. Foi colaborador semanal de 'O Estado de São Paulo', do 'Diário de Notícias', do Rio de Janeiro, e do 'Correio do Povo', de Porto Alegre. Faleceu em 6 de julho de 1978.
Breve Comentário:
Nesta obra você se depara com a inapelável fragilidade humana perante a morte, suavizada por uma linguagem poética e severa do autor.
"(...) o mundo parece uma oficina de deteriorar o que as pessoas deveriam ser. A decomposição começa muito antes da sepultura. Mal armada a figura do homem, começa a desfazê-la, como se isto fosse um jogo que se monta por desfastio e que logo se desarma com tédio. E onde se localiza, em nossa vida, o ponto de inflexão? Em que dia comecei eu a ser desmanchado por mãos distraídas? (...)" - página 145.
Lições de abismo é uma referência ao professor João Maria, irremediavelmente vencido por um câncer, indaga, atônito, mas firme no propósito de usar os dias que lhe restam para mergulhar em sua vida, em sua memória, na razão de sua existência.
O professor João Maria, divorciado há dez anos da mulher, e afastado do filho que hoje "é apenas uma sombra" do que representou para ele, descobre que está condenado pela ação de um "monstro líquido" chamado leucemia mielóide aguda. E, mesmo nocauteado pelas poucas linhas escritas no exame que o dr. Aquiles lê à sua frente (e delimita-lhe a condição humana física ao exíguo espaço de tempo de três a quatro meses) é capaz de refletir sobre o sentido e a beleza da vida. "A vida é tudo. Tem um valor infinito: mas não tem sentido nenhum. A vida!" (página 59).
Ao contrário de Ivan, o juiz da célebre novela de Leon Tólstoi, A morte de Ivan Ilitch, que se acovarda na hora da morte e passa o livro inteiro sendo enganado pela família e pelo médico, que mentem sobre sua doença, o professor João Maria recebe o veredicto do doutor Aquiles com um misto de dor e resignação, estoicismo e vontade de lutar. Sim, ele quer lutar, apesar de só ser possível com a arma de um milagre ou com a coragem da imaginação. E é isso que ele faz. "(...) ao menos esses dias eu queria viver, queria viver a minha morte, já que a vida eu não a pudera viver; queria aproveitar essa última oportunidade de harmonia, essa única certeza, essa vantagem, essa vantagem enorme, colossal, que levo de hoje em diante sobre o comum dos mortais. (...)". (páginas 29/30).
Sobre o autor:
Gustavo Corção nasceu em dezembro de 1896, no Rio de Janeiro. Cursou Engenharia na antiga Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Trabalhou em Astronomia de Campo, em Mato Grosso; em serviço de Energia Elétrica, no Rio de Janeiro e Espírito Santo; em Radiocomunicações, de 1925 a 1937, e depois em atividades industriais, até 1948. Casou-se em 1924, e, em segundas núpcias, em 1937. Converteu-se à Igreja Católica em 1939. Publicou seu primeiro livro 'A descoberta do outro', em 1944; em 1945, 'Três alqueires e uma vaca'; em 1951, 'Lições de Abismo', e, em 1952, 'Fronteiras da Técnica'; em 1956, 'Dez Anos' (Crônicas) e 'O Desconcerto do Mundo', em 1965. Foi colaborador semanal de 'O Estado de São Paulo', do 'Diário de Notícias', do Rio de Janeiro, e do 'Correio do Povo', de Porto Alegre. Faleceu em 6 de julho de 1978.
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