sábado, 7 de novembro de 2009

A MORTE DE VIRGÍLIO

Título original: Der Tod des Vergil
Autor: Hermann Broch
Tradução: Herbert Caro
Editora: ARX
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Edição: 2ª
Ano: 2002
Páginas: 439

Sinopse: A história narra as últimas dezoito horas de vida do poeta Virgílio (70 a.C. – 19 a.C.), que havia sido trazido da Grécia por Augusto[1] para morrer na sua terra, Andes, perto de Mântua. É muito tarde para ir até o norte da Itália, contudo, a reflexão e morte do grande poeta mantuano aconteceria ali mesmo em Brindisum (hoje Brindisi). A obra está dividida em quatro partes: Água (a chegada), Fogo (a descida), Terra (a expectativa) e Éter (o retorno), o que faz da narração uma espécie de caminho iniciático.

Comentários: Foi durante a prisão pela Gestapo, em 1938, quando os alemães ocuparam a Áustria, que Hermann Broch começou a conceber aquele que seria um marco na narrativa de ficção do século XX: "A Morte de Virgílio".

As cinco semanas de cárcere em Altausse levaram o autor a um intenso debate interior sobre a função e a utilidade da arte em uma época de crise, às portas da Segunda Guerra Mundial. Esse acerto de contas com a própria (in) consciência deu-se pela recriação das últimas 18 horas de Virgílio.

O conflito psicológico do poeta latino, que culmina com o desejo de destruir Eneida, é paralelo ao vivido por Broch: a autenticidade ou inautenticidade moral da vida; a justificativa ou não do trabalho poético a que sua existência foi consagrada.

A comunhão de um homem que encarna a cultura de um mundo com a sua própria biografia e com o cosmo é apresentada na forma de monólogo interior, narrado na terceira pessoa, num extraordinário romance-poema.

A agonia de Virgílio afirma a participação de uma alma em todas as formas da presença espiritual do homem. A iminência da morte, no entanto, confunde atos e lembranças, embaralha as linhas do tempo, que resultam no plano único do não-tempo.

A simultaneidade absoluta é traduzida por uma composição de natureza musical, em que motivos e temas se entrecruzam.

Para alcançar esse resultado, Broch lançou mão de seus conhecimentos de filosofia, matemática e psicologia.

A primeira versão de "A morte de Virgílio" foi publicada nos Estados Unidos, em 1945, e somente dois anos depois foi editada em alemão. O texto que a Editora ARX apresenta traz o trabalho primoroso do tradutor Herbert Caro, responsável também pelas versões em português de outros romances notáveis como "A montanha mágica" e "Doutor Fausto", de Thomas Mann.

Sobre o autor:
Hermann Broch nasceu em 1º de novembro de 1886, em Viena, Áustria. De família abastada, formou-se no curso de engenharia têxtil, desejo da família, mas matricula-se também em cursos de filosofia, matemática e física e mais tarde abraçou a carreira literária. O reconhecimento veio com a trilogia "Os sonâmbulos", escrita entre 1931 e 1932.

De 1934 a 1936, escreveu "O tentador", parábola antialemã que lhe rendeu a prisão pela Gestapo, em 1938. Após ser libertado, Broch emigrou para Londres, onde começou a escrever "A morte de Virgílio", depois seguiu para os Estados Unidos e lá finalmente publicou, em 1945, a primeira versão da obra em inglês com tradução de Jean Sparr Untermeyer, que trabalhou cinco anos na tradução.
Morreu em 30 de maio de 1951, em New Haven, Connecticut.
Hermann Broch é considerado um dos maiores ficcionistas da língua alemã, ao lado de Thomas Mann, Robert Walser, Robert Musil e Franz Kafka.

[1] Caio Júlio César Octaviano Augusto (63 a.C. – 14 d.C.)

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