Autor: Thomas Mann (1875-1955)
Tradutor: Ricardo Ferreira Henrique
Assunto: Romance (Teoria e crítica literária)
Editora: Mandarim
Edição: 1ª
Ano: 2001
Páginas: 184
Sinopse: Thomas Mann decidiu
reconstruir o processo de elaboração de sua grande obra da velhice. Planejado
como mero “fragmento biográfico”, A
gênese do Doutor Fausto foi composto com base no seu diário íntimo e
tornou-se o romance sobre um romance – mais que uma exegese literária, um
relato pessoal ancorado na vida cotidiana dos tumultuados anos 40.
Durante a criação do Doutor Fausto, escrito entre maio de 1943 e janeiro de 1947, Thomas
Mann registrou em seu diário os fatos políticos, históricos e pessoais da época
e, um ano e meio após a conclusão do livro, começou a escrever A gênese do Doutor Fausto, a partir
daqueles apontamentos.
Este livro, como o próprio Thomas Mann reconheceu, é
uma “confissão direta” que serve, na leitura do Doutor Fausto, como acompanhamento indicador de todos os fatos
pessoais e históricos do contexto. É muito mais do que isso, no entanto: nele o
autor revela, com enorme riqueza lingüística e cultural e ironia ímpar, “a
singularidade da experiência produtiva”, as pesquisas e leituras que fez para
elaborar o Doutor Fausto e o nome
daqueles que influenciaram na criação das personagens. Acima de tudo, ao
transcrever trechos de seu diário e comentá-los, Thomas Mann faz de si
personagem e de sua vida, romance dos mais magníficos.
O tradutor do livro comenta que motivos não lhe
faltavam para desejar esmiuçar a história do livro: no Doutor Fausto, Thomas Mann experimentara técnicas narrativas novas,
mesclando planos temporais, ficção e realidade, fazendo empréstimos ao destino
de Nietzsche, à teoria musical de Schönberg, aos dramas de Shakespeare. Na
Gênese, são reveladas a participação crucial do filósofo Adorno na construção
do romance e a grande carga autobiográfica que Mann ali depositou, dos
suicídios das irmãs ao deslumbramento pelo neto Frido.
Ao retraçar suas pesquisas e leituras para o trabalho,
o septuagenário discorre com entusiasmo e maestria sobre quatro séculos de
cultura, comentando obras de colegas, como Stendhal e Hauptmann, os contos de
Stifter e os romances de Conrad, discutindo Beethoven e Goethe com o mesmo afã
com que se mede com Joyce, Hesse, Proust.
A gênese do
Doutor Fausto oferece um amplo
panorama histórico do final da Segunda Guerra e do despontar da guerra fria. No
papel de grande escritor banido pelos nazistas, Thomas Mann circulou nos meios
diplomáticos de Washington e nas rodas glamourosas de Hollywood em conflito
ideológico constante com seus conterrâneos exilados. Assim são revivificados. No
calor da hora e sob a pena afiada, não só Roosevelt e Litwinow, mas ainda
Chaplin e Arthur Rubinstein, Brecht e Alfred Döblin.
O subtítulo romance
sobre um romance traz um grão da ironia que o autor tanto preza em seus
próprios escritos e remete à fluidez das fronteiras entre os gêneros literários.
Para melhor
aproveitamento da leitura desta obra recomendo ler antes o Doutor Fausto. Àqueles que desejarem se aprofundar no conhecimento
do grande escritor alemão, recomendo igualmente a leitura de THOMAS MANN Uma biografia, de Donald
Prater, tradução de Luciano Trigo, Editora Nova Fronteira. (Anatoli Oliynik).
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