JÓ
Livro da Bíblia Sagrada
Tradução: Padre Antônio Pereira de Figueiredo
Assunto: Drama - Religião
Editora: Edição Barsa
Ano: 1965
Resumo da narrativa: O prólogo do livro fala da virtude a prosperidade de Jó. Jó é bom e justo. Cumpridor de suas obrigações. O diabo visitando Deus faz-Lhe um desafio e usa Jó como bode expiatório. Satanás faz uma espécie de aposta com Deus de que tem o poder para transformar Jó numa pessoa revoltada contra Deus; Deus aceita o desafio e autoriza o Diabo a tentar Jó, mas não permite atente contra a vida Jó.
Primeira provação e resignação de Jó: Satanás então empobrece Jô e lhe tira tudo, inclusive a família. Todavia, Jó conserva a sua saúde e permanece fiel a Deus.
“A doença, segunda provação, e a visita dos amigos”: Então Satanás tira a saúde de Jó, mas ele não reclama. Contudo, acha que não foi tão pecador a ponto de merecer tamanho castigo. Aqui nasce a idéia da justa retribuição (Equivalência entre o mal e a pena).
Os amigos de Jó (Elifaz de Teman, Baldad de Suas e Sofar de Naamat) esperam sete dias e sete noites para tomar a iniciativa de falar com Jó.
“Disputa de Jó com os amigos”: Este trecho fala do primeiro ciclo de discursos começando pelas lamentações de Jó. Cada um dos três amigos de Jó faz três discursos; Jó responde individualmente a cada um dos amigos os dois primeiros e coletivamente aos terceiros discursos.
Os amigos de Jó fazem a equivalência entre a gravidade do pecado com a gravidade do castigo a que ele fora submetido. Elifaz acusa Jó de desprezar a correção do Senhor. Baldad associa-se com a tese de Elifaz de que os males são castigos pelos pecados. Sofar lembra que há pecados ocultos.
Jó diz que os amigos não têm o direito de acusá-lo sobre a gravidade dos pecados e se defende de seus acusadores. Jó faz um discurso poético dizendo não ter culpa e insiste em que não tem pecado e pede que lhe apresentem as razões de seus sofrimentos.
Os amigos insistem que Jó pecou, usando elementos da tradição. Jô diz que não é necessário que se inventem pecados para se justificarem os males. Baldad repreende Jó e descreve o estado do ímpio castigado, comparando-o com o de Jó.
Jó lamenta que seus amigos estejam contra ele, como Deus está – mas confia na justiça divina. Sofar acusa Jó de ter enriquecido ilegalmente. Jó insiste na sua inocência e confirma que os ímpios morrem sem ser perturbados. Elifaz especula as faltas,
Jó compara sua vida pregressa e feliz com sua desgraça atual e reafirma sua inocência. Jó faz confissão “negativa” das faltas que não cometeu.
“A aparição da personagem Eliú”: (provavelmente foi inserida depois). Eliú faz quatro discursos: O primeiro sobre a Pedagogia do sofrimento; o segundo sobre Deus é justo; o terceiro sobre as Vantagens da virtude; e o quarto e último sobre a Submissão a Deus. Defende a completa transcendência da sabedoria divina, dizendo usar de argumentos diferentes dos amigos, mas usa também a doutrina tradicional. Eliú acha que a queixa de Jó é uma blasfêmia, porque Deus não poderia não ser justo. Eliú continua contestando a idéia de que a virtude não aproveita ao homem neste mundo. Eliú mostra que a sabedoria divina usa o sofrimento para purificar o homem, sobretudo os orgulhosos como Jó.
Deus aparece para Jó na forma de um anjo e o repreende com muito vigor. O Senhor faz dois discursos. O anjo fala sobre as obras da criação para estabelecer o abismo que há entre o Criador e criatura. Demonstra que a sabedoria divina deve levar Jó à humildade. Jó reclama da desproporção entre o pecado e a pena. Deus continua a mostrar sua imensa superioridade falando do Beemot, o mais potente dos animais segundo os judeus. Deus mostra que pode controlar o monstro Leviatã. Jó admite que se excedeu. Os amigos são censurados e Jó cumulado de bens. Deus devolve em dobro tudo que foi tirado de Jó, menos os 10 filhos.
Interpretação do sentido do drama: O prof. José Monir Nasser nos explica que todo o drama está consubstanciado no fato de que Satanás age sobre Jó exigindo dele uma perfeição não humana. Esta é uma maneira que Satanás utiliza para induzir Jó e seus amigos a interpretar o pensamento de Deus.
Há, entretanto, um segundo aspecto a ser considerado: Todos sabem que Deus é justo, mas por que deve o justo também sofrer? Por que tanto sofrimento para tão pequenas faltas? Esta é uma pergunta que os espíritos despreparados e descrentes fazem e que não tem propósito algum e completamente desprovida de sentido, mas que tem relação com a questão principal.
O principal erro daqueles que fazem perguntas dessa natureza, assim como fazem os amigos de Jó, está na pressuposição de que eles sabem os desígnios de Deus. Convém lembrar que a estrutura da sociedade humana foi construída a partir de uma injustiça (Caim mata Abel, mas Caim não recebeu a justiça).
Existem certas coisas neste mundo que nós não compreendemos e que aparentemente são muito ruins, mas que no fundo tem um sentido. Compete a nós nos submetermos humildemente aos mistérios de Deus, pois nós não estamos obrigados e ser melhores que Deus, nem abandonar o nosso status de humanos.
Assim, não se pode entrar na conversa satânica de que só a perfeição é que vale. Não se pode exigir de nós mesmos que nos comportemos como Deus. O ser humano não é obrigado a praticar uma perfeição que não pode ter. O que vale é o homem fazer aquilo que humanamente pode fazer. A perfeição é um atributo de Deus, portanto é preciso entender que há uma diferença extraordinária entre a condição humana e a condição divina. Por essa razão devemos nos submeter a um determinado grau de ignorância.
Conclusão: O Diabo quer que você seja perfeito, que você sinta culpa por coisas que você não fez. O que ele quer é imobilizar você. E todos aqueles que querem construir um mundo perfeito se submetem a tentação do Diabo. Não entrar na conversa satânica e tentar fazer o que não é capaz de fazer. Faça somente aquilo que é humanamente possível de fazer. Não busque sua perfeição querendo se equiparar a Deus e não queira ser Deus, porque há uma diferença imensurável entre a condição humana e a condição divina. (José Monir Nasser)
Finalizando, mas não esgotando o assunto, há mais coisas entre o céu e a terra que a nossa vã filosofia possa compreender.
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Notas: A melhor tradução da Bíblia Sagrada é a traduzida da Vulgata Latina para a língua portuguesa pelo Padre António Pereira de Figueiredo (1725-1797), Edição BARSA (aquela que acompanha a Enciclopédia Barsa e que aparece na foto acima).
Cuidado! com A “Bíblia Sagrada - Edição Pastoral” editada pelas Edições Paulinas e recomendada pela CNBB. Inspirada por ideologia marxista deturpa as concepções da história sagrada e da teologia; a leitura materialista aplicada ao texto sagrado torna a mensagem imanentista, fazendo-a perder o seu caráter transcendental.
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