segunda-feira, 5 de março de 2012

LIVRO DE JÓ

Livro da Bíblia Sagrada
Tradução: Padre Antônio Pereira de Figueiredo
Assunto: Drama - Religião
Editora: Edição Barsa
Ano: 1965

Sinopse: Este livro é conhecido pelo nome de seu principal personagem, é um dos mais belos poemas do mundo. Apresenta-nos com muita arte um drama cuja ação é bastante simples: Jó, varão de conduta irrepreensível, perde seus bens, filhos e saúde, e, em certo momento, sustenta um debate com três amigos que tentavam provar que todos esses infortúnios eram um castigo de seus pecados. Jó, com razão, proclama sua inocência, mas em vão busca uma explicação para seus sofrimentos. Finalmente, Deus intervém para mostrar a Jó a tolice que é o querer perscrutar os caminhos da providência divina, não obstante, louva-o por não ter aceitado as falsas soluções propostas por seus amigos.

Resumo da narrativa: O prólogo do livro fala da virtude a prosperidade de Jó. Jó é bom e justo. Cumpridor de suas obrigações. O diabo visitando Deus faz-Lhe um desafio e usa Jó como bode expiatório. Satanás faz uma espécie de aposta com Deus de que tem o poder para transformar Jó numa pessoa revoltada contra Deus; Deus aceita o desafio e autoriza o Diabo a tentar Jó, mas não permite atente contra a vida Jó.

Primeira provação e resignação de Jó: Satanás então empobrece Jô e lhe tira tudo, inclusive a família. Todavia, Jó conserva a sua saúde e permanece fiel a Deus.

“A doença, segunda provação, e a visita dos amigos”: Então Satanás tira a saúde de Jó, mas ele não reclama. Contudo, acha que não foi tão pecador a ponto de merecer tamanho castigo. Aqui nasce a idéia da justa retribuição (Equivalência entre o mal e a pena).

Os amigos de Jó (Elifaz de Teman, Baldad de Suas e Sofar de Naamat) esperam sete dias e sete noites para tomar a iniciativa de falar com Jó.

“Disputa de Jó com os amigos”: Este trecho fala do primeiro ciclo de discursos começando pelas lamentações de Jó. Cada um dos três amigos de Jó faz três discursos; Jó responde individualmente a cada um dos amigos os dois primeiros e coletivamente aos terceiros discursos.

Os amigos de Jó fazem a equivalência entre a gravidade do pecado com a gravidade do castigo a que ele fora submetido. Elifaz acusa Jó de desprezar a correção do Senhor. Baldad associa-se com a tese de Elifaz de que os males são castigos pelos pecados. Sofar lembra que há pecados ocultos.

Jó diz que os amigos não têm o direito de acusá-lo sobre a gravidade dos pecados e se defende de seus acusadores. Jó faz um discurso poético dizendo não ter culpa e insiste em que não tem pecado e pede que lhe apresentem as razões de seus sofrimentos.

Os amigos insistem que Jó pecou, usando elementos da tradição. Jô diz que não é necessário que se inventem pecados para se justificarem os males. Baldad repreende Jó e descreve o estado do ímpio castigado, comparando-o com o de Jó.

Jó lamenta que seus amigos estejam contra ele, como Deus está – mas confia na justiça divina. Sofar acusa Jó de ter enriquecido ilegalmente. Jó insiste na sua inocência e confirma que os ímpios morrem sem ser perturbados. Elifaz especula as faltas, em que Jó teria incorrido. Jó diz que quer ir ao tribunal para ser julgado, mas não consegue encontrá-lo. Baldad argumenta que Deus governa com sabedoria o incontável exército dos astros, logo por que não faria o mesmo com a terra?

Jó compara sua vida pregressa e feliz com sua desgraça atual e reafirma sua inocência. Jó faz confissão “negativa” das faltas que não cometeu.

“A aparição da personagem Eliú”: (provavelmente foi inserida depois). Eliú faz quatro discursos: O primeiro sobre a Pedagogia do sofrimento; o segundo sobre Deus é justo; o terceiro sobre as Vantagens da virtude; e o quarto e último sobre a Submissão a Deus. Defende a completa transcendência da sabedoria divina, dizendo usar de argumentos diferentes dos amigos, mas usa também a doutrina tradicional. Eliú acha que a queixa de Jó é uma blasfêmia, porque Deus não poderia não ser justo. Eliú continua contestando a idéia de que a virtude não aproveita ao homem neste mundo. Eliú mostra que a sabedoria divina usa o sofrimento para purificar o homem, sobretudo os orgulhosos como Jó.

Deus aparece para Jó na forma de um anjo e o repreende com muito vigor. O Senhor faz dois discursos. O anjo fala sobre as obras da criação para estabelecer o abismo que há entre o Criador e criatura. Demonstra que a sabedoria divina deve levar Jó à humildade. Jó reclama da desproporção entre o pecado e a pena. Deus continua a mostrar sua imensa superioridade falando do Beemot, o mais potente dos animais segundo os judeus. Deus mostra que pode controlar o monstro Leviatã. Jó admite que se excedeu. Os amigos são censurados e Jó cumulado de bens. Deus devolve em dobro tudo que foi tirado de Jó, menos os 10 filhos.

Interpretação do sentido do drama: O prof. José Monir Nasser nos explica que todo o drama está consubstanciado no fato de que Satanás age sobre Jó exigindo dele uma perfeição não humana. Esta é uma maneira que Satanás utiliza para induzir Jó e seus amigos a interpretar o pensamento de Deus.

Há, entretanto, um segundo aspecto a ser considerado: Todos sabem que Deus é justo, mas por que deve o justo também sofrer? Por que tanto sofrimento para tão pequenas faltas? Esta é uma pergunta que os espíritos despreparados e descrentes fazem e que não tem propósito algum e completamente desprovida de sentido, mas que tem relação com a questão principal.

O principal erro daqueles que fazem perguntas dessa natureza, assim como fazem os amigos de Jó, está na pressuposição de que eles sabem os desígnios de Deus. Convém lembrar que a estrutura da sociedade humana foi construída a partir de uma injustiça (Caim mata Abel, mas Caim não recebeu a justiça).

Existem certas coisas neste mundo que nós não compreendemos e que aparentemente são muito ruins, mas que no fundo tem um sentido. Compete a nós nos submetermos humildemente aos mistérios de Deus, pois nós não estamos obrigados e ser melhores que Deus, nem abandonar o nosso status de humanos.

Assim, não se pode entrar na conversa satânica de que só a perfeição é que vale. Não se pode exigir de nós mesmos que nos comportemos como Deus. O ser humano não é obrigado a praticar uma perfeição que não pode ter. O que vale é o homem fazer aquilo que humanamente pode fazer. A perfeição é um atributo de Deus, portanto é preciso entender que há uma diferença extraordinária entre a condição humana e a condição divina. Por essa razão devemos nos submeter a um determinado grau de ignorância.

Conclusão: O Diabo quer que você seja perfeito, que você sinta culpa por coisas que você não fez. O que ele quer é imobilizar você. E todos aqueles que querem construir um mundo perfeito se submetem a tentação do Diabo. Não entrar na conversa satânica e tentar fazer o que não é capaz de fazer. Faça somente aquilo que é humanamente possível de fazer. Não busque sua perfeição querendo se equiparar a Deus e não queira ser Deus, porque há uma diferença imensurável entre a condição humana e a condição divina. (José Monir Nasser)

Finalizando, mas não esgotando o assunto, há mais coisas entre o céu e a terra que a nossa vã filosofia possa compreender.


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Notas: A melhor tradução da Bíblia Sagrada é a traduzida da Vulgata Latina para a língua portuguesa pelo Padre António Pereira de Figueiredo (1725-1797), Edição BARSA (aquela que acompanha a Enciclopédia Barsa e que aparece na foto acima).

Cuidado! com A “Bíblia Sagrada - Edição Pastoral” editada pelas Edições Paulinas e recomendada pela CNBB. Inspirada por ideologia marxista deturpa as concepções da história sagrada e da teologia; a leitura materialista aplicada ao texto sagrado torna a mensagem imanentista, fazendo-a perder o seu caráter transcendental.

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