domingo, 5 de fevereiro de 2012

O INFERNO

Título original: L’Enfer
Autor: Louis Gastón de Ségur (1820-1881) - Mosenhor de Ségur
Tradução: Diogo de Chiuso
Editora: Ecclesiae
Assunto: Cristianismo
Edição: 1ª
Ano: 2011
Páginas: 131

“Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento pleno da verdade” (1 TM 2,3)

Sinopse: Esta será uma sinopse diferente. Diferente no sentido de começar pelo epílogo da obra. Havia um padre exemplar que, depois de quarenta anos pregando em toda a França e em outras numerosas missões, estava em Roma a conversar com o Santo Padre, o Papa Pio IX. Falavam sobre a maravilha de se estar a serviço de Deus. “Pregue muito as grandes verdades da salvação – dizia-lhe o Santo Padre. Pregue sobretudo sobre o inferno! Nada de sincretismos! Fale claramente e para que todos possam ouvir as verdades sobre o inferno. Porque nada é mais capaz de fazer os pobres pecadores refletirem e, conseqüentemente, fazê-los retornar a Deus”.

Recordando essas profundas e verdadeiras palavras do Vigário de Jesus Cristo, decidi empreender este pequeno trabalho sobre o inferno. Depois, meditando sobre as penas eternas e as desgraças dos réprobos, lembrei-me das palavras de São Jerônimo, que estimulavam uma virgem cristã ao temos dos julgamentos de Deus: “Territus térreo – ele escreveu – ; apavorante, eu me apavoro!” Ao menos, eu me esforcei para tornar tudo apavorante, e Nosso Senhor é testemunha de que nada escondi do que sei acerca desse terrível mistério.

A você, leitor, quem quer que seja, espero que faça proveito. Quantas são as almas que estão no céu graças ao temor que nutriram pelo inferno!

Então, ofereço este modesto livro, rogando ao bom Deus para que faça chegar essas verdades no fundo da alma de cada um. Para que o temor inspire a todos para amar; e que o amor conduza a todos direto ao paraíso.

Espero que se digne a rezar por mim, para que Deus seja misericordioso comigo e também com você. Para que sejamos dignos da admissão entre os Seus eleitos.

Monsenhor de Ségur
8 de dezembro de 1875, na Festa da Imaculada Conceição.

Nota de sua Santidade o Papa Pio IX ao autor: “Eu vos saúdo, bem amado filho, com a Benção Apostólica. Felicitações de todo o nosso coração, que vós não cessais em preencher, em larga escala e muita competência, com o ofício de arauto do Evangelho.

            Tudo o que publicais espalha-se rapidamente entre o povo. Evidentemente, para que vossos escritos despertem tanto interesse, é necessário que sejam agradáveis – e não agradariam se não tivessem o dom de conciliar os espíritos e chegar até o fundo dos corações, produzindo, em cada um deles, efeitos benéficos.

            Beneficiai com a Graça que Deus vos deu, e continuai a trabalhar com ardor para cumprir a vossa tarefa de evangelização.

            Quanto a nós, prometemos-vos uma assistência ampla da parte de Deus, através da qual podereis iniciar um número de almas cada vez mais considerável nas vias da salvação, e assim tecerei uma magnífica coroa de glória.

            Por enquanto como prêmio a esse celestial favor e de outros dons do Senhor, recebeis, bem-amado filho, a Benção Apostólica que vos damos com grande amor, para que testemunhais nossa benevolência paterna.”

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 2 de março de 1876, trigésimo ano de nosso Pontificado.
Papa Pio IX

Do Prefácio: Finalizo a apresentação deste livro com o Prefácio de Padre Antonio, da Diocese de Santos-SP. Eis o que ele diz da obra: “Pensa nos Novíssimo e não pecarás!” Este era o alerta que recebíamos no Catecismo de que participei há mais de cinqüenta anos. Os novíssimo! Zs últimas coisas que aconteciam a cada um de nós: morte, juízo, inferno, paraíso. Intrigava-nos, crianças ainda, o nome ‘Novíssimos’. Parecia-nos estranho e tão diferente. E o tempo passou; e essas realidades que se aproximam tornam-se mais presentes em nossas vidas.

Sou padre, pela Graça de Deus! E a vocação recebida coloca-me em contato constante com o Senhor e Sua bondade. A Misericórdia Divina manifesta-se nos Sacramentos que presido no dia-a-dia de minha corrida vida. Observo os pecadores saírem renovados na Confissão. Admiro-me de Jesus, o Pão da Vida, que se fez alimento, na memória incruenta de Seu sacrifício no altar. Vejo a criança renascer nas águas do Batismo. Creio no Senhor que nos fez por amor e, por esse mesmo amor, quer nos salvar e levar-nos para viver com Ele no Seu Reino.

Sou convidado, então, a ler o livro “O Inferno” de Monsenhor de Ségur, sacerdote francês do já longínquo século XIX. E uma pergunta brota em meu espírito: que contribuição esperar de um livro como este, que recorda tão triste tema?

Certamente  o autor não quer somente nos passar um sentimento de pavor ao relatar as terríveis palavras da Escritura que nos advertem dos castigos que, infelizmente, podem acometer cada ser humano deste mundo. Também não quer nos espantar ao narrar tristes casos de almas penadas, recurso apologético para uma época que vivia a exaltação da ciência e da razão, que pretendiam excluir a ação de Deus em meio aos homens. De fato, outra é a situação do autor e nela devemos nos fixar. O que Monsenhor de Ségur almeja é despertar o Temor pelo temor.

Temor entendido não como medo ou pavor de Deus, mas sim o temor de perdê-Lo e, mais ainda, magoar.

É para isso que nos orienta este livro: unir-se em plenitude no Amor de Deus, na vida e nos sacramentos.

Santos, 1º outubro de 2011
Pe. Antonio Paulo Ferreira de Castilho
Sacerdote da Diocese de Santos/SP e Doutor em Ciência da Religião.

Sobre o autor: Louis Gastón de Ségur nasceu em Paris a 15 de abril de 1820. Descendente de uma família nobre era filho do marques Eugene de Ségur e da célebre condessa de Ségur, conhecida escritora de livros infantis.

Zeloso nos estudos, logo que se formou em Direito foi enviado como adido à Embaixada Francesa em Roma, junto a Santa Sé (1842-1843). Perto dos Apóstolos Pedro e Paulo, sentiu o chamado para o sacerdócio, e, ao retornar a Paris, ingressou no Seminário de Santo Súplico, sendo ordenado sacerdote em dezembro de 1847. Faleceu em Paris a 9 de junho de 1881.

PALESTRA DE LANÇAMENTO DO LIVRO



ASSUNTOS CORRELATOS

23/08/2013 12:17 | Categorias: Igreja Católica, Espiritualidade
O demônio não é uma superstição
O demônio está bastante presente na pregação do Papa Francisco. Mas, afinal, qual a importância de se falar sobre o diabo e o inferno hoje?
Referência constante em seus discursos, o diabo é um inimigo contra o qual o Papa Francisco insiste em convocar os cristãos a lutar. Na homilia de sua primeira Missa como Pontífice, ele disse que, "quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio". Em uma de suas reflexões matutinas, no mês de maio, Francisco falou do "ódio do príncipe deste mundo àqueles que foram salvos e redimidos por Jesus".
A espontaneidade com que o Pontífice fala de Satanás lembra Jesus Cristo. Desagradando aos "politicamente corretos" e adeptos de uma teologia pouco preocupada com a transcendência, o Santo Padre imita ninguém menos que nosso Senhor: de fato, só nos Evangelhos sinóticos, são mais de 40 referências ao anjo caído; inúmeras delas, relatos de autênticos exorcismos, comprovando que o demônio, longe de ser uma mera produção fantasiosa, é uma realidade viva e atuante no mundo.
Hoje, no entanto, pregadores que falem com veemência do diabo e do inferno são acusados de instalarem o medo e angústia entre os fiéis, como se a prédica da Igreja devesse refletir a preocupação apenas com as coisas deste mundo, e não com as realidades eternas.
Mais do que isso: várias destas realidades eternas chegam mesmo a ser negadas, inclusive por aqueles que nelas e por elas deveriam crer e guiar suas vidas. O demônio, por exemplo, é tratado por muitos como uma mera "força negativa" ou simplesmente como uma metáfora para designar o mal físico. O inferno não passaria de um recurso retórico para ajudar as pessoas na luta contra as mazelas deste mundo. Reduz-se, assim, a categorias materiais aquilo que, de acordo com a doutrina perene e constante da Igreja, é uma autêntica realidade espiritual.
Com efeito, o Catecismo, recordando que "a existência dos (...) anjos, é uma verdade de fé", ensina que alguns destes anjos caíram. São os que comumente chamamos de demônios. Eles "foram por Deus criados bons em natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa", segundo uma lição do IV Concílio de Latrão. O Catecismo também destaca que a Escritura por diversas vezes "atesta a influência nefasta" do diabo, que tentou o próprio Senhor quando ele jejuava no deserto (cf. Mt 4, 1-11).
Ao se falar sobre estas coisas, não se pretende fazer do diabo o centro da pregação cristã. Deseja-se, outrossim, instruir os fiéis sobre o perigo de se manter indefeso ou indiferente aos assaltos do maligno. São João Crisóstomo declarava, aos fiéis de Antioquia: "Não é para mim nenhum prazer falar-vos do diabo, mas a doutrina que este tema me sugere será muito útil para vós". A importância deste tema está relacionada ao próprio fundamento espiritual de nossa fé, posto que, como já dizia o Papa Francisco, antes de ser eleito Pontífice, talvez o maior sucesso do demônio "tenha sido nos fazer acreditar que ele não existe, que tudo se arranja em um plano puramente humano" 01.
A Igreja não pode, em nome do bom-mocismo, calar estas verdades de fé, tão importantes para os nossos tempos, sob a alegação de que causariam medo entre as pessoas. De fato, nem todo temor é mau. O medo de perder a Deus e, consequentemente, a nossa alma é, por assim dizer, um "temor sadio", que deve não só ser pregado pelos sacerdotes, mas cultivado por todos os fiéis. Uma sentença atribuída a São João Crisóstomo diz que "devemos nos afligir durante toda a nossa vida por causa do pecado". O cristão deve criar em seu coração um verdadeiro medo de ofender a Deus, fazendo seu o lema do jovem São Domingos Sávio: "Antes morrer do que pecar".
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências

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