ANTÍGONA
Autor: Sófocles
Tradução: Mário da Gama Kury
Editora: Jorge Zahar Editor
Assunto: Teatro grego – tragédia.
Edição: 10ª
Ano: 2002
Páginas: 199-261

Numa das mais belas e dramáticas
tragédias já escritas, Sófocles devassa em toda a sua profundidade o amor, a
lealdade, a dignidade.
O
enredo
A intriga da
história começa com uma alusão à guerra dos Sete contra Tebas, na qual os dois
irmãos de Antígona, Etéocles e Polinices, se confrontam em lados opostos na
disputa pelo trono.
Ambos morrem no
campo de batalha, mas aos olhos de Creonte, tio daqueles, Polinices é
considerado traidor de Tebas e, por isso, não lhe são concedidas honras
fúnebres.
A
Decisão
Creonte, com a
morte dos dois sobrinhos Etéocles e Polinices, torna-se rei de Tebas.
A sua primeira decisão como regente,
foi enterrar o sobrinho Etéocles com todas as honras funerárias e deixar o
corpo de Polinices insepulto.
Para que se cumpra a sua decisão,
decreta que a pena para a desobediência, é a morte.
A
Contestação
Antígona, apesar do interdito do rei
Creonte, quer sepultar o irmão Polinices e evoca para tanto um princípio da lei
não escrita.
Antígona diz a Creonte que acima da
Lei da Cidade existe a Lei Divina e que está para cima das leis cósmicas
incorporadas na ordem social.
A
Desobediência
Antígona recusa-se
a cumprir a ordem de Creonte e, considerando tratar-se de um dever sagrado dar
sepultura aos mortos, infringe a ordem do soberano e realiza os rituais
fúnebres a que o irmão tem direito.
As
Conseqüências
Devido a este ato
de piedade, Antígona é condenada à morte pelo rei de Tebas e encarcerada viva
no túmulo dos Labdácidas, de quem descende.
A ação impiedosa
do rei será punida no final da tragédia: ao tomar conhecimento da morte de
Antígona, Hêmon, filho de Creonte e noivo de Antígona, suicida-se.
Por conseqüência
deste segundo suicídio, é a vez de Eurídice, mãe de Hêmon, decidir "morar
eternamente no Hades".
O
Impasse
Abre-se
aqui um abismo entre a consciência do indivíduo que está aberta para a Lei
Divina supra-cósmica e a consciência do meio social que está presa no meio da
ordem cosmológica.
Este
abismo gera um conflito entre a Lei dos Céus (dos deuses) que ela defende e a
Lei da Terra (dos homens) que Creonte precisa fazer cumprir. Cria-se assim um
impasse, resultante da contraposição entre duas esferas de poder: A Lei dos
deuses e a Lei humana.
O
Dilema
Todo o
enredo da tragédia de Tebas gravita em torno desse dilema moral que dura mais de 3 mil e 250 anos e que faz de Antígona
uma das mais importantes obras que dá os princípios basilares para o
cristianismo:
Cumpre-se a Lei do Céu ou a Lei da Terra?
Considerações
importantes
1.
A
falta de Antígona foi o de desrespeitar uma ordem do rei.
2.
Creonte
tinha razão quanto a defesa da Lei da Terra (Poder temporal), todavia sua
decisão interferiu sobre a Lei dos Céus (Princípio espiritual). Logo, qual das
leis deve ser cumprida?
3.
Este
dilema já dura 3.250 anos porque as duas
posições são imprescindíveis para a humanidade.
4.
Creonte
era um governador e não um estadista*
esse foi o seu maior problema.
* Estadista é aquele que consegue sacrificar a Lei da Terra em prol
da Lei dos Céus.
5.
É
preciso considerar a hierarquia das leis divinas sobre as disposições humanas.
6.
Imaginar
que o humanismo é a solução para os problemas humanos é de uma ingenuidade
incrível. Equipara-se ao raciocínio de uma criança de 8 anos.
7.
Perder
a noção do sagrado é a pior coisa que pode acontecer ao ser humano. Foi o que
aconteceu com Creonte quando toda uma tragédia se abateu sobre a sua regência e
sua família.
Conclusão
1.
O
ser humano pela sua condição de dualidade (Divina e Terrena), viverá
permanentemente em conflito entre o Poder
Espiritual e o Poder Temporal de
cuja ambigüidade não conseguirá sair jamais. Por essa razão que o problema já
dura mais de três milênios.
2.
Não
há solução coletiva para o problema. A solução para conflito resultante da
dualidade humana será sempre individual, pois não há solução fora do indivíduo,
porque nada substitui a sua consciência individual das coisas.
A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS HUMANOS SERÁ
SEMPRE INDIVIDUAL E JAMAIS COLETIVA!
Sobre
o autor:
Sófocles (495 a .C. – 406 a .C.) nasceu e morreu em
Atenas, na Grécia, e foi um dos maiores intelectuais da Antigüidade clássica.
Autor prolífico e consagrado em seu tempo produziu cerca de 120 peças das quais
restaram conservadas apenas 7, entre as quais Édipo Rei, Édipo
em Colono, Antígona, Ájax
e Electra.
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