domingo, 1 de setembro de 2013

CONTRA AS HERESIAS

Título original: Elencos kai anatropè pseudunúmou gnóseos
Autor: Ireneu de Lião (130-202)
Tradução: Lourenço Costa
Editora: Paulus
Assunto: Patrística
Edição: 3ª
Ano: 2009
Páginas: 624

Sinopse: No prefácio do I livro, Ireneu define o objetivo de toda a sua longa obra. Constatando que há pessoas que rejeitam a verdade e introduzem a falsidade e, por meio de manobras capciosas, enganam os simples, pervertem o sentido das Escrituras e blasfemam contra o Criador, gloriando-se de um pretenso conhecimento, Ireneu se propõe, num primeiro momento, tirar a máscara sob a qual a gnose se dissimula, e mostrá-la em plena luz do dia tal como é realmente.

Consciente da sedução que a gnose exerce, devido ao mistério do qual se cerca, e da ameaça que ela constitui para a fé dos simples, propõe-se, num segundo momento, refutar, com argumentos da razão, a gnose dos valentinianos e dos marcionistas, expondo a doutrina da Igreja sobre Deus e sobre Cristo. O leitor encontrará no V livro, o último, uma longa dissertação sobre a ressurreição da carne, que os gnósticos negavam.

Comentários: Surgiu, pelos anos 40 do sec. XX, na Europa, especialmente na França, um movimento de interesse voltado para os antigos escritores cristãos e suas obras conhecidos tradicionalmente, como “Padres da Igreja”, ou “Santos Padres”. Esse movimento foi liderado por Henri de Lubac e Jean Daniélou.

No Brasil, em termos de publicação das obras destes autores antigos, pouco se fez. Nunca é tarde ou fora de época para rever as fontes da fé cristã, os fundamentos da doutrina da Igreja, especialmente no sentido buscar nelas a inspiração atuante, transformadora do presente. Assim, temos a oportunidade de conhecer as “fontes” do cristianismo, examiná-las, avaliá-las e colher delas o espírito que as produziu.

Os “Pais da Igreja(se refere ao escritor leigo, sacerdote ou bispo, da antiguidade cristã, considerado pela tradição posterior como testemunho particularmente autorizado pela fé) são, portanto, aqueles que, ao longo dos sete primeiros séculos, foram forjando, construindo e defendendo a fé, a liturgia, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos, decidindo, assim, os rumos da Igreja. Seus textos se tornaram fontes de discussões, de inspirações, de referências obrigatórias ao longo de toda tradição posterior. O valor dessas obras pode ser avaliado neste texto:

“Além de sua importância no ambiente eclesiástico, os Padres da Igreja ocupam lugar proeminente na literatura e, particularmente, na literatura greco-romana. São eles os últimos representantes da Antigüidade, cuja arte literária, não raras vezes, brilha nitidamente em suas obras, tendo influenciado todas as literaturas posteriores. Formados pelos melhores mestres da Antigüidade clássica, põem suas palavras e seus escritos a serviço do pensamento cristão. (Da apresentação da Editora)

Da introdução da obra transcrevemos este texto:

“Existem cinco razões, que a nosso modo de ver, evidenciam não ser supérflua a estafante atividade de transcrever este livro. Primeira, porque é raríssimo, pois caído o silêncio sobre as heresias, destruídas em nossos dias com insólita violência, quase ninguém mais se anima a manuseá-lo. Segunda, que o autor é antigo, próximo aos tempos apostólicos (177 d.C.) e por isso digno de fé. Terceira, que tudo o que escreveu a propósito dos heréticos não recolheu só por ouvir dizer ou por fama, mas ouviu ensinar em grande parte peã viva voz de tais mestres e com os próprios olhos viu praticar, pois lhes era coevo, ou seja, contemporâneo e natural daqueles lugares. Quarta, acerca das heresias daquele tempo, nenhum outro discutiu com maior profundidade e clareza. Quinta, é necessário sobretudo restabelecer a ciência das armas da Igreja militante – descuidadas em tempos de paz – porque diminuindo os defensores a tirania vai se enfurecendo tanto mais agudamente quanto é livre em fazê-lo impunemente.”

(Do prólogo às obras de santo Ireneu, composto por Floro de Lião pelo ano 860.)

Sobre o autor: Santo Ireneu de Lião, em grego Ερηναος [pacífico], em latim Irenaeus, (ca. 130 — 202). Discípulo de São Plicarpo de Esmirna, por volta de 177, sucedeu a Fotino como bispo de Lião. A tradição o tem como o mais exímio teólogo do século II. A Igreja Católica considera-o santo, comemorando a 28 de Junho.

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