Autor: Fiódor Dostoiévski
Tradução: Paulo Bezerra
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Editora: Editora 34
Edição: 1ª
Ano: 2002
Páginas: 672
Sinopse: Nesta obra, Dostoiévski constrói um dos personagens mais impressionantes de toda a literatura mundial — o humanitário e epilético príncipe Míchkin, mescla de Cristo e Dom Quixote, cuja compaixão sem limites vai se chocar com o desregramento mundano de Rogójin e a beleza enlouquecedora de Nastácia Filíppovna. Entre os três se agita uma galeria de personagens de extrema complexidade, impulsionados pelos sentimentos mais contraditórios — do amor desinteressado à canalhice despudorada —, conferindo a cada cena uma intensidade alucinante que nunca se dissipa nem perde o foco. O enredo revela o drama da condição humana, a dúvida entre o bem e o mal, o desejo e a renúncia, o altruísmo e o apego profundo de si.
Tradução: Paulo Bezerra
Assunto: Romance (Literatura estrangeira)
Editora: Editora 34
Edição: 1ª
Ano: 2002
Páginas: 672
Sinopse: Nesta obra, Dostoiévski constrói um dos personagens mais impressionantes de toda a literatura mundial — o humanitário e epilético príncipe Míchkin, mescla de Cristo e Dom Quixote, cuja compaixão sem limites vai se chocar com o desregramento mundano de Rogójin e a beleza enlouquecedora de Nastácia Filíppovna. Entre os três se agita uma galeria de personagens de extrema complexidade, impulsionados pelos sentimentos mais contraditórios — do amor desinteressado à canalhice despudorada —, conferindo a cada cena uma intensidade alucinante que nunca se dissipa nem perde o foco. O enredo revela o drama da condição humana, a dúvida entre o bem e o mal, o desejo e a renúncia, o altruísmo e o apego profundo de si.
Resumo da Narrativa: Trata-se da história de um príncipe pobre que chega de trem em São Petersburgo, à procura de parentes que nunca viu. No trem, conhecera um jovem grosseiro que se tornara milionário com a morte do pai e um funcionário público escorregadio como sabonete. Apesar de não dar muita importância ao fato, Michkin também está para receber uma herança. Ficara distante de sua amada Rússia por mais de cinco anos, sendo tratado na Suíça de ataques de epilepsia que o levavam ao esquecimento e à idiotia. Tem uma obsessão: o último dia de um condenado. Fala muito de uma execução a que assistira em Paris, preocupado com o que sente a pessoa que sabe que vai morrer, um segundo antes da morte (situação que Dostoievski conhecia bem, porque quase fora executado na prisão. Chegou a ter os olhos vendados para ser morto, mas os soldados não completaram o ato).
No dia de sua descida do trem, Michkin vive o que poderia ser vivido em meses ou mesmo anos. Apresenta-se aos parentes; causa paixões, enternecimentos e ódios; apaixona-se por um retrato; conhece uma família em desespero pela desonra da penúria; é ludibriado; propõe casamento à mulher considerada por toda São Petersburgo uma grandessíssima, cobiçada e belíssima ordinária; vê cenas que desnudam a alma suja dos homens que vivem em função de aparências ou de dinheiro. E não sai incólume.
Em todo o enredo da obra as pessoas se chocam, se traem, se devoram, presas pelos grilhões de suas emoções. Até que as ventanias sociais e a profundidade dos maus e bons sentimentos nos levam ao final trágico, que fará com que Michkin volte ao estado de idiotia do qual se libertara na Suíça. Seu transbordamento de amor é mal compreendido. Ele quer ajudar, mas ninguém quer ajuda. Todos estavam condenados à condição humana.
Comentários: O Idiota começou a ser redigido em 14 de setembro 1867 em Genebra, Suíça, e foi concluído a 25 de janeiro de 1868, em Florença, Itália. A obra teve uma elaboração difícil e tortuosa. Em meio às piores dificuldades, foi escrita e reescrita muitas vezes até a redação definitiva. A obra foi inspirada na figura de Dom Quixote, de Cervantes e Cristo. Dom Quixote porque representa a consumação das melhores qualidades da pessoa humana, o apego a justiça e à bondade. Cristo porque somente Ele é uma “personagem positivamente bela”. “O belo é um ideal, e o ideal está longe de ser criado.” O Idiota é, talvez, o romance mais típico de Dostoiévski, provocou perplexidade nos meios intelectuais da época. A obra foi elogiada por Tolstoi, que a achou de grande força dramática e beleza literária.
“O idiota” é um dos livros mais duros de Dostoievski. Não há lugar para um Cristo no mundo. Única obra na qual Dostoiévski descreveu o que um epilético sente antes de cair no chão, através dela compartilhamos de sua visão desesperada e sublime. Até os santos se queimam em humanas fogueiras.
Todo grande romance de Dostoiévski tem um crime. Um crime que põe em xeque a misericórdia do homem e sua relação com Deus. Tem, também, extremos de loucura, dor, orgulho, cobiça, luxúria. Ou do mais puro amor cristão. Dostoiévski era assim, vivia no limite. Homem irritadiço, exaltado, dado a ataques de fúria, podia ser muito sedutor quando queria. Padecia de culpas, mas era tocado pela graça divina. Por ser epilético, tinha visões, que o fizeram escrever vertiginosas obras-primas.
Dostoiévski viveu na terra o céu e o inferno. Fama, glória, doença, prisão, dívidas. E talvez seja por isso que tenha criado personagens magníficos. Como ele, todos se encontravam no limite, andando no fio da navalha. Mesmo o Cristo que criou não escapou de ser posto no olho de um rodamoinho de emoções. Tão fortes, que ao vivenciá-las sua mente estalou. Curado da idiotia, se fez idiota novamente. O Cristo de Dostoiévski, todo compreensão, coração a nu, era um ser inapto para viver entre os homens. Preferia a paz e a névoa da loucura à realidade.
Dostoievski se dispôs a dar vida no papel a um homem absurdamente bom, que aceitasse todas as falhas humanas. Capaz de perdoar o assassino da mulher que amava, Nastácia Filíppovna. O imenso carinho que Michkin sentia por Nastácia nascia da certeza de que um dia ela seria morta brutalmente. Ou se mataria.
São muitos os personagens de Dostoievski que vivem entre a morte e a vida, no limiar de uma execução, de um assassinato ou do suicídio. Muitos temem o sono, pois o sono é a morte. Mas namoram a morte. Como refrigério, alívio, fuga de situações insuportáveis para a lucidez. Tamanha a carga do horror que os circunda ou que sentem por si mesmos.
Como o próprio Dostoievski, seus personagens são bons e maus. Têm terríveis problemas éticos. Alçam-se às nuvens e ao mesmo tempo são capazes de agirem como bestas. Só o príncipe Michkin é a bondade absoluta. Transparente como o filho de Deus crucificado no Gólgota. Ler “O idiota” exerce sobre nós um impacto imenso, deixando-nos marcados para sempre. O encontro com este livro nos muda por dentro. Mesmo que não entendamos de imediato tudo o que Dostoievski está querendo transmitir. E que, a respeito de algumas passagens, fiquemos apenas na intuição. Pois assim estaremos mais próximos de Michkin, que se guiava pelo tumulto da fútil sociedade de Petersburgo usando como bússola apenas sua intuição de homem santo extremamente humano. Santo a ponto de ser considerado idiota pelos espertos. Aqueles que vivem com o pé na terra. Os que não sentem a alma voar com o sopro do vento nas folhas. Os que não temem o pó. (Cecília Costa)
Conclusão: Michkin quer nos dizer que, se o ser humano tivesse absoluta consciência de que pode morrer a qualquer momento, de que está nas mãos do acaso, no sentido de que é mortal, ele teria uma apreensão da vida totalmente outra. O ser humano se esquece o tempo inteiro de que é mortal. Ele só quer sobreviver, e isto é o mal funcionando nele, porque faz com que perca o foco. Daí a idéia de que a modernidade é um investimento em Satanás.
Sobre o autor: Fiódor Mikháilovitch Dostoiévski nasceu em Moscou a 30 de outubro de 1821, e estreou na literatura com Gente pobre, em 1844. Após ser preso e condenado à morte pelo regime czarista em 1849, teve sua pena comutada para quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, experiência retratada em Recordações da casa dos mortos (1861). Após esse período, escreve uma seqüência de grandes romances, culminando com a publicação de Os irmãos Karamázov em 1880.
Reconhecido como um dos maiores autores de todos os tempos, Dostoiévski morreu em São Petersburgo, a 28 de janeiro de 1881.
Sobre o tradutor: Paulo Bezerra estudou língua e literatura russa na Universidade Lomonóssov, em Moscou, e foi professor de teoria da literatura na UERJ e de língua e literatura russa na USP. Livre-docente em Letras leciona atualmente na Universidade Federal Fluminense. Já verteu diretamente do russo mais de quarenta obras nos campos da filosofia, psicologia, teoria literária e ficção, destacando-se suas premiadas traduções de Crime e castigo, O idiota e Os demônios, de Dostoiévski.
Sobre o tradutor: Paulo Bezerra estudou língua e literatura russa na Universidade Lomonóssov, em Moscou, e foi professor de teoria da literatura na UERJ e de língua e literatura russa na USP. Livre-docente em Letras leciona atualmente na Universidade Federal Fluminense. Já verteu diretamente do russo mais de quarenta obras nos campos da filosofia, psicologia, teoria literária e ficção, destacando-se suas premiadas traduções de Crime e castigo, O idiota e Os demônios, de Dostoiévski.
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