sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ILUSÕES PERDIDAS

Título original: Illusions perdues
Autor: Honoré de Balzac (1799-1850)
Tradutor: Leila de Aguiar Costa
Assunto: Romance (Literatura estrangeira) – Publicado em 1843.
Editora: Estação Liberdade
Edição: 1ª
Ano: 2007
Páginas: 760

Sinopse: Ilusões perdidas é uma obra que retrata as desiluções das personagens ao longo de suas vidas.

O livro conta a história de Lucien Chardon de Rubempré, um talentoso poeta provinciano que sai do interior da França para tentar a vida como escritor em Paris, mas é surpreendido por uma realidade mais voraz do que a sua ambição. Descrevendo com maestria a França do início do século XIX, Balzac aborda o surgimento da indústria cultural e o papel do indivíduo na sociedade moderna.

Resumo da narrativa: Em toda a primeira parte, batizada de 'Dois poetas', Balzac descreve a vida na pacata Angoulême, colocando seu foco principal na vida de um sonhador, Lucien de Rubempré, que almeja fazer sucesso em Paris como poeta; de seu melhor amigo, David Séchard, que passa a tocar a ultrapassada tipografia de seu pai (um velho avarento, que não dá um ‘vintém’ ao filho, mesmo vendo-o em apuros); de Ève, irmã de Lucien, por quem David se apaixona; e o núcleo aristocrático comandado pela senhora de Bargeton, que será amante de Lucien e, como ele, sonha com os esplendores da capital. Balzac descreve, também, o embate de duas vontades, dois temperamentos, duas veleidades intelectuais. A dualidade: De um lado, a vida da província, a natureza, a vida privada; de outro, a vida parisiense, a sociedade, a vida pública.

Na segunda parte, 'Um grande homem de província em Paris', ele pinta os costumes íntimos da vida parisiense, com a chegada da senhora de Bargeton e Lucien. Nesse capítulo, o maior do livro, Balzac flagra com ironia a vida cultural da grande cidade, principalmente o meio corrompido do jornalismo e do espetáculo teatral.

Na última parte, 'Os sofrimentos do inventor', Balzac volta-se ao cotidiano de Angoulême, retratando as dificuldades de David Séchard com sua gráfica e o retorno de Lucien, após a experiência vivida na metrópole.

Comentários: Ilusões perdidas é um dos mais belos e importantes romances da história da literatura. Quase duzentos anos após a sua primeira edição, esta obra-prima do ciclo romanesco A comédia humana mantém toda a sua força graças ao estilo ferino de Honoré de Balzac e ao seu poder de desvendar as mazelas de uma sociedade em que homens e sentimentos tornam-se impotentes diante das corrupções e dos vícios.

Quando o escritor imaginou Ilusões Perdidas, tinha em mente comparar os costumes da vida provinciana com aqueles da vida parisiense. Mas ao narrar os hábitos de uma família e o cotidiano no interior de uma tipografia de província, o assunto se mostrou de extrema riqueza, e lhe abriu possibilidades enormes, que o fizeram não apenas descrever aquele universo restrito, mas esboçar um amplo panorama da sociedade francesa do começo do século XIX.

A proposição inicial que regia a idéia do livro cresceu de tal forma que resultou em três romances sucessivos, publicados separadamente (em 1836, 1839 e 1843), embora formassem um só conjunto, o das Ilusões Perdidas. As três partes que o compõem – “Dois Poetas”, “Um grande homem de província em Paris” e “Os sofrimentos do inventor” –, giram em torno de três personagens centrais: Lucien Chardon de Rubempré; sua irmã Ève; e seu grande amigo, depois cunhado, o jovem tipógrafo e inventor David Séchard.

Mas é sem dúvida Lucien que absorve todas as atenções do romance. Suas ações impulsivas, movidas por estímulos gerados no coração da própria sociedade, sustentam essa história cativante. O autor acompanha os deslocamentos desse jovem poeta, filho de um farmacêutico com uma de Rubempré, desde sua vida na província, onde, por seu talento e beleza, cai nas graças da senhora de Bargeton, representante local da nobreza, até sua ida a Paris, onde realiza o sonho de ser jornalista e é definitivamente engolido pela vaidade social. Além de retratar os desvios de um jornalismo que de romântico não tinha mais nada, Balzac se debruça com conhecimento de causa sobre o ofício da edição e do comércio do livro em seus primórdios.

Em meio a um universo assim construído, fácil é perder as ilusões, que são as de um tempo e de uma sociedade cujas esperanças eram depositadas nos valores morais, nos talentos, na felicidade, suplantados todos por uma nova e feroz dinâmica sócio-econômica. O mundo é mais que mundo romanesco: é simplesmente o mundo em suas cores naturais.

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