sexta-feira, 28 de agosto de 2009

HOMENAGEM A SANTO AGOSTINHO

Neste dia 28 de agosto homenageamos os 1579 anos da morte de SANTO AGOSTINHO, doutor da Igreja Católica Apóstólica Romana, com a cronologia de sua vida.




SANTO AGOSTINHO (354-430)
― Cronologia―

44
Júlio César reconstrói, em lugar diferente, a cidade de Cartago, destruída em 146 a.C., criando uma província romana da África, a Numídia.
253
Plotino (204-270) começa a escrever as “Enéadas”, obra central do neoplatonismo.
312
Os bispos da Numídia recusam-se a aceitar a consagração de Ceciliano como bispo de Cartago e impõem o bispo Donato, iniciando o cisma donatista que girava em torno da seguinte questão: “A Igreja é compatível com a torpeza de seus membros?”, dúvida gerada pela existência, no seio da Igreja, de traditiori, aqueles que haviam abandonado o Cristianismo durante as perseguições de Diocleciano entre 303 e 305.
313
― Constantino promulga o Édito de Milão, tornando o cristianismo religião oficial do Império Romano Ocidental.
323 ― Introduzida na África a doutrina maniqueísta, de autoria do persa Mani (215-276), também conhecido como Maniqueu ou Manes.
325
― O concílio de Nicéia condena a doutrina ariana (do presbítero Arius, morto em 336) que nega a consubstancialidade de Jesus Cristo. O principal opositor à heresia é Santo Atanásio de Alexandria, doutor da Igreja.
350
― Ulfila traduz a Bíblia para o gótico.
354
― Aurelius Augustinus nasce no dia 13 de novembro em Tagaste (hoje Souk-Ahrás na Argélia) na então província pró-consular do antigo reino da Numídia. Seu pai, cidadão romano de nome Patricíus e de natureza violenta, tem doze hectares de terra e é pagão. Sua mãe, Mônica (mais tarde Santa Mônica), é cristã e berbere, No final da vida, Patricius seria convertido pela mulher. Agostinho teve um irmão, Navigius, e uma irmã, Perpétua, futura superiora do monastério de Hipona. A família fala o cartaginês e tem cultura latina. Agostinho não aprecia a escola e os estudos, embora seu pai sonhe em torná-lo doutor em leis. Mônica garante-lhe uma educação cristã, mas o menino não é batizado, conforme costume da época de adiar o sacramento.
355
― Invasão da Gália pelos francos, alamanos e saxões. Os hunos surgem na Rússia.
365
― Agostinho estuda em Madaura.
369
― Vive em Tagaste.
370
― Agostinho estuda, a contragosto, em Madaura, onde aparentemente lhe ensinam o trivium. No final deste ano, Agostinho vai a Cartago para estudar às expensas da família, mas antes disso vive um ano mundana e desregradamente. Os hunos atingem Don e vencem os ostrogodos.
371
― Morre o seu pai e Agostinho torna-se protegido de Romanianus, amigo de seu pai. O rapaz, que vai estudar retórica, é conquistado pela atmosfera sensual de Cartago. Junta-se a uma concubina, nunca indicada pelo nome, com quem manteria relação de quinze anos e da qual nasceria seu único filho, Adeodato.
372
― Nasce seu o filho natural, Adeodato.
373
― Lê o elogio à filosofia “Hortensius” de Cícero, obra hoje perdida, e converte-se à filosofia. Lê más versões da Bíblia, despreza as Escrituras, e aproxima-se dos maniqueístas, para desespero de sua mãe. Agostinho, que defende o maniqueísmo ardentemente, atrai para a seita seu amigo Alípio e seu benfeitor, Romanianus.
375
― Formado, retorna a Tagaste para ensinar gramática. Sua mãe nega-lhe acesso à casa.
376
― De volta a Cartago, ganha um prêmio literário (corona agonistica) que recebe das mãos de Vindicianus, pró-consul romano na cidade, que o adverte contra a astrologia, ciência pela qual Agostinho andava obcecado.
380
― Agostinho escreve sua primeira obra, “De Pulchro ET Apto” (“Belo e Conveniente”), um tratado de estética, hoje perdido.
― Antes de partir para Roma, conhece Faustus de Mileve, o bispo maniqueísta que havia vindo visitar Cartago e convence-se de que aquela doutrina é pura retórica. O próprio Faustus admite não poder explicar os pontos levantados por Agostinho. Na capital do império, freqüenta líderes maniqueístas, mas começa a se distanciar da seitam que abandonaria completamente em dois anos. Fica muito doente a ponto de quase morrer. Restabelecido, abre escola de retórica em Roma.
― Teodósio e Graciano contêm os godos no Epiro e na Dalmácia. O Edito de Teodósio torna o cristianismo religião oficial no Império Romano do Oriente.
383
― O padre Jerônimo (c. 343-420), mais tarde São Jerônimo, recebe encomenda do papa Dâmaso para rever o Novo Testamento, estabelecendo o texto da Vulgata por volta do ano 400.
384
― Desgostoso com a desonestidade intelectual e financeira dos alunos (“os alunos conspiram e passam em grande número de um professor para outro, a fim de não pagarem os mestres, faltando deste modo os compromissos e menosprezando a justiça por amor ao dinheiro”), muda-se para Milão para ocupar vaga de professor de retórica, onde freqüenta poetas e filósofos platônicos. (O neoplatonismo faria a ponte entre o maniqueísmo e o cristianismo).
― Mônica muda-se para Milão também. Agostinho torna-se seguidor do bispo de Milão, Ambrósio (mais tarde Santo Ambrósio e doutor da Igreja). Rompe com sua concubina que se retira para um convento, mas arranja outra, enquanto espera um casamento combinado por Mônica com uma família da sociedade.
― São Jerônimo começa a tradução da Bíblia para o latim, tradicionalmente conhecida como Vulgata.
386
― Converte-se ao Cristianismo em agosto quando, aos 31 anos, angustiado sob uma figueira, ouve uma voz infantil que lhe diz: “Tolle, lege, tolle, lege”, o que o faz ler a Epístola aos Romanos, primeira passagem que encontra . Com ele, converte-se também seu amigo Alípio. A linha que Agostinho segue é a de Paulo de Tarso (paulinismo).
― Teodósio repele os godos no Danúbio.
387
― No dia 23 de maio, Agostinho já em Milão, escreve o “Tratado da Imortalidade da Alma”.
― Na noite do dia 24 de abril, Agostinho, Alípio e Adeodato são batizados por Ambrósio (340-397).
― Em agosto decide voltar a Tagaste com sua mãe, Adeodato e seus amigos. Mônica, com 56 anos, adoece e morre no porto de Óstia, antes de embarcar. Agostinho volta a Roma.
388
― Volta à África no verão, após cinco anos de ausência, liquida os bens da herança, dá o dinheiro aos pobres, e cria uma comunidade perto de Tagaste, onde vive com os amigos e discípulos. Neste período, redige “Costumes da Igreja Católica”, “Costume dos Maniqueístas” e “De Vera Religione” e conclui “Da Grandeza de Alma”, que havia começado a escrever em Roma.
― Morre aos 17 anos seu filho Adeodato.
389
― Termina “De Magistro”, em que o interlocutor de Agostinho teria sido seu filho Adeodato, revelando excepcional maturidade para dezessete anos de idade.
390
― Conflito entre Santo Ambrósio e Teodósio.
391
― Transforma sua casa em mosteiro, chamando-o “jardim” à moda do jardim de Epicuro. Apesar de preferir viver recluso, numa estada em Hipona (Hippo Regius ou Bona) é aclamado pelo povo e Valério, bispo de Hipona, o ordena. Muda-se para Hipona.
392
― Polemiza com o maniqueista Fortunato.
― O direito de asilo é reconhecido nas igrejas. São Jerônimo escreve De Viris Illustribus.
394
― Os jogos Olímpicos são suprimidos.
395
― Agostinho polemiza com Jerônimo (mais tarde São Jerônimo), autor da Vulgata, sobre controvérsias teológicas da tradução “Septuaginta” (tradução do “Torá” para o grego, realizada por setenta e dois rabinos durante setenta e dois dias).
― Termina a obra “Do Livre Arbítrio”.
― Suplício Severo escreve "A Vida de São Martinho".
― Os hunos invadem a Ásia e chegam até Antioquia.
396
― Torna-se bispo de Hopina, sucedendo Valério. Ocuparia este cargo por 35 anos, até quase a morte.
― Os godos invadem a Grécia.
― Fim dos Mistérios de Elêusis.
399
― São fechados os templos pagãos.
― Agostinho escreve “A Catequese dos Principiantes” e “De Trinitate”.
400
― Termina “As Confissões” (“Confessionum libri tredecim”). [Treze livros das confissões].
― Os hunos atingem o Elba.
404
― Debate com Félix, um dos doutores maniqueístas, que se declara derrotado e abraça o Cristianismo.
407
― Invasão da Gália pelos vândalos e suevos.
408
― Os saxões entram na Bretanha.
409
― Pelágio[1] (360-420) visita Cartago. Agostinho polemiza com ele.
― Os vândalos e os suevos invadem a Espanha.
410
― O visigodo Alarico saqueia Roma.
413
― Agostinho começa a redigir “A Cidade de Deus”, a primeira obra de filosofia da história, descrevendo-a como o resultado da luta constante entre Civita Dei e a Civita terrena, e “As Retratações”, que terminará em 426.
417
― Paulus Orosius, discípulo de Agostinho, publica a História Universalis.
422
― Faz campanha pública contra o cisma donatista, debatendo em público com o bispo Antonino.
426
― Obtém permissão para estudar cinco dias por semana e nomeia Heráclito seu auxiliar e sucessor.
429
― Os vândalos penetram na África.
430
― Adoentado, Agostinho morre com setenta e cinco anos no dia 28 de agosto, quando do cerco das tropas de vândalos à cidade de Hipona. Seu corpo mais tarde, seria transferido para a catedral San Pietro de Cielo D´oro em Pavia, perto de Milão.
524
Boécio (c. 480-524) escreve “A Consolação da Filosofia”.
1298
― Santo Agostinho é proclamado “doutor da Igreja”.

[1] Pelágio afirmava que “não havia pecado original”, o que era considerado uma heresia pela Igreja Católica.

Nota: Cronologia elaborada por José Monir Nasser.

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