domingo, 1 de dezembro de 2013

CRÍTON ou CRITÃO

Autor: Platão (427-348/47 a.C.)
Tradução: (informação não disponível)
Assunto: Filosofia
Editora: Abril Cultural
Edição: Os Pensadores
Ano: 2000
Nota do Editor deste Blog: Recomendo a leitura da obra editada pela Universidade Federal do Pará, tradução de Carlos Alberto Nunes. É difícil encontrar e mais difícil de comprar por causa da burocracia da Universidade, o que lamentável, mas quem se dispuser ao sacrifício será recompensado.


Sinopse: Críton (ou do dever) é um dos diálogos escritos pelo filósofo grego Platão. Nele, Críton, tenta convencer Sócrates, de quem é discípulo, a fugir da execução de sua sentença de morte. Sócrates discorda e reafirma que sente que deve seguir a razão, (por julgar isto o mais correto) mesmo que essa o leve a morte.

Nesta obra, encontra-se um forte debate acerca da justiça, da doxa e episteme, por onde Sócrates defende a posição da razão do indivíduo frente ao discurso do povo (representado por Críton). Diz respeito à necessidade de tomar em maior conta a opinião dos sábios, não importando se esta é ou não reflexo do pensamento da maioria.

Isso significa que se deve dispensar maior atenção àqueles que conhecem de modo profundo determinado assunto, uma vez que essa experiência é mais proveitosa para o ser humano do que a coleta de opiniões a esmo.

Adequando esse postulado à questão da Justiça, Platão coloca que há apenas um guia seguro para a sua concretização: A VERDADE.

Resenha: Critão visita Sócrates na prisão na véspera da morte deste. Chega muito cedo, mas prefere não acordar o mestre para que este possa prolongar ao máximo o seu sono calmo e sereno.

Critão ao mesmo tempo em que quer comunicar a chegada do navio que antecede o dia da execução da pena de morte de Sócrates, quer convencê-lo a aceitar a fuga que fora planejada por ele e seus amigos. É neste sentido que se desenvolve o diálogo entre ambos, envolvendo: amizade, dinheiro e opinião da maioria.

Sócrates argumenta que a opinião da maioria não é capaz de causar o maior mal, assim como não está em condições da fazer o maior bem, porque não são idôneos nem para uma coisa, nem para outra, pois tudo o que fazem é por mero acaso.

Critão diz a Sócrates que muitos amigos se dispuseram e pagar o valor estabelecido pelos sicofantas[1] para facilitar-lhe a fuga e que dinheiro não seria o problema. O apelo de Critão estende-se à responsabilidade que Sócrates teria para com a esposa e filhos por criar e educar.

Sócrates retoma o argumento da opinião da maioria afirmando que não deve haver preocupação com o que diz a maioria, mas apenas com a opinião dos que têm conhecimento do justo e do injusto, e com a própria Verdade. Propõe a Critão analisar se o procedimento de fuga é justo ou injusto, pedindo cautela quanto às considerações relativas ao dinheiro, o bom nome e a educação dos filhos, pois estes são argumentos da maioria, que com a mesma facilidade que matam os outros [argumentos] os chamariam à vida se tivessem poder para tanto, e tudo, sempre, com a mesma falta de reflexão.

Para pensar: Os Diálogos não fecham conclusões, mas abrem a imaginação para possibilidades ilimitadas. (Anatoli Oliynik)

[1] Caluniadores, impostores e velhacos.

Conceitos trabalhados neste diálogo:
- Crença na Verdade
- Obediência as Leis
- Justiça
- Injustiça
- Opinião pública

2 comentários:

Lilian disse...

Olá Anatoli,
Seu blog é magnifico, uma excelente fonte de pesquisa que tem me ajudado muito em minhas leituras.Obrigada pela generosidade de compartilhar isso conosco.
Gostaria de te pedir uma gentileza, seria possivel incluir um botāo de busca em seu blog? Assim ficará mais facil localizar as obras que estão nas postagem mais antigas.

Anatoli. disse...

Obrigado pelos elogios Lilian. Não sei se os mereço, mas muito me honram. Agradeço também pela sugestão para pesquisa. Já está no blog. Um abraço cordial.