quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A VIDA INTELECTUAL

Seu espírito, suas condições, seus métodos
Título original: La Vie Intellectuelle – Son Esprit, Ses Conditions, Ses Méthodes
Autor: A.-D. Sertillanges (1863-1948) [Antonin-Dalmace Sertillanges]
Tradutor: Lilia Ledon da Silva
Assunto: Educação clássica
Editora: É Realizações
Edição: 1ª
Ano: 2010
Páginas: 200
Nota: (Traduzida da edição de 1944, da J. Lecouvert, :Vic. Gen., Paris, França)

Sinopse: A Vida Intelectual, do padre A.-D. Sertillanges, redigida originalmente em 1920, ainda se mantém atual para os leitores do novo milênio.

Para aqueles que desejam não apenas um manual prático que permita esboçar orientações de como entrar na vida dos estudos, o livro vai além e também oferece um exemplo de vida bem-sucedida no mundo intelectual – a do próprio padre Sertillanges, que por meio de dicas preciosas permite e disponibiliza, para qualquer pessoa que tenha abertura e coragem necessárias, uma nova forma de viver que abrange gradualmente a dimensão intelectual e todos os percalços que essa vida traz consigo.

A vida intelectual não é uma dimensão separada da vida prática, e sim abarca e transcende esta, trazendo novas possibilidades e responsabilidades diante de si, dos outros e do mundo.

Assim, o espírito de uma vida intelectual está no fato de que se ela transcende a vida prática, deve ser no sentido de propiciar um maior entendimento dela. Suas condições são os valores éticos, como a honestidade intelectual e a sinceridade. Seu método consiste nos exemplos que percorrem toda a escrita do padre Sertillanges.

Este livro é dedicado a todos aqueles que desejam uma vida plena – em todas as suas potencialidades, e não há nada mais atual que esse desejo.

Excertos: “Uma vocação não se satisfaz de modo algum com leitura soltas e trabalhinhos esparsos(p.21). “...ninguém estará agindo com sabedoria se deixar seu espírito retornar pouco a pouco a seu estado de indigência inicial(p. 21). “A ambição ofende a verdade eterna quando a transforma em sua subordinada(p.23). “Obter sem pagar é o desejo universal; mas é um desejo de corações covardes e de cérebros enfermos(p. 23). “Que cada qual pense a respeito, enquanto pensar ainda pode vir a ser útil(p.24). “Pobre tartaruga trabalhadeira, nada de entreter-se, só perseverança, e ao cabo de alguns anos terá ultrapassado a lebre indolente cujo ritmo desimpedido causava inveja a seu andar penoso(p.25).


Sobre o autor: Antonin-Dalmace Sertillanges, conhecido também como Antonin-Gilbert Sertillanges ou Antonin Sertillanges nascido em Clermont-Ferrand, a 16 de novembro de 1863 e falecido em Sallanches, a 26 de julho de 1948, foi um filósofo e teólogo francês, considerado como um dos maiores expoentes do neotomismo da primeira metade do século XX.

Em 1883 ingressa na ordem dos dominicanos, mudando o próprio nome para Antonin-Gilbert. Chefe de redação da Revue Thomiste, em 1900 é nomeado professor de Ética do Institut Catholique de Paris, onde permanecerá até 1922. A publicação do seu monumental Thomas D’Aquin (1910) dá-lhe notoriedade nacional e internacional. Em 1918 é eleito membro da Académie des Sciences Morales et Politiques. Depois de um longo período em Jerusalém (1923), transfere-se para o convento de Le Saulchoir como professor de Ética Social, fazendo-se cada vez mais notar como um dos principais representantes do neotomismo francês, ao lado de Jacques Maritain [que apostata para aderir ao marxismo] e Etienne Gilson. De volta a Paris em 1940, falece oito anos depois, aos 85 anos, de parada cardíaca durante uma convenção num convento de Haute Savoie.

Segundo Sertillanges, toda atividade humana e todo saber encontram a própria razão de ser no cristianismo. Em Le Christianisme et les Philosophies, publicado em dois volumes, em 1939 e em 1941, trata os dados do próprio pensamento segundo as relações entre cristianismo e filosofia. Depois da aparição dos Evangelhos não pode haver filosofia alguma que possa prescindir dos seus ensinamentos. Segundo Sertillanges: “Sem o cristianismo não haveria nenhuma filosofia aceitável (...) todas as que apareceram depois do Evangelho, por mais úteis que sejam se fundidas com ele, jamais poderiam sozinhas trazer qualquer benefício à nossa civilização (...)”.

O teólogo francês é também um profundo conhecedor e admirador de Santo Tomás, de quem se aproximou desde que, no final do séc. XIX, foi nomeado chefe de redação da Revue Thomiste. A sua biografia do santo, publicada, como já se disse, em 1910, é uma obra imprescindível a todos que desejam aprofundar-se no estudo da vida e da obra do Aquinate. Voltará a ocupar-se de Santo Tomás em La Philosophie Morale de Saint Thomas D’Aquin (1916) e Les Grandes Thèses de la Philosophie Thomiste (1928). De Santo Tomás, Sertillanges aprecia sobretudo a aguda inteligência amparada em sólida fé e em vigorosa tensão espiritual. Logra, além disso, extrair a radical modernidade da metafísica tomista do ser (em latim, esse) e sua profunda autonomia em relação a Aristóteles, que, não obstante, o santo tinha por modelo. Escreve o filósofo francês: “[Santo Tomás] não hesita em afastar-se da autoridade de Aristóteles sempre que lhe pareça justo (...) ele engrandece a doutrina de Aristóteles e a enriquece infinitamente (...)”.

Sertillanges também é conhecido por seus estudos sobre Pascal (Blaise Pascal, 1941) e sobre Bergson (Henri Bergson et le Catholicisme, 1941), a quem era ligado por uma profunda amizade. Os seus ensaios de divulgação têm tido difusão enorme, como os teológicos Catéchisme des Incroyants (1930) e Dieu ou Rien? (1933), além de La Vie Catholique (1921) e Recueillement (1935), de inspiração moral. O teólogo também tratou de aspectos estéticos do culto cristão, sobretudo em Um Pèlerinage Artistique à Florence (1895) e Art et Apologétique (1909).

2 comentários:

ffff disse...

Estou lendo o livro é é simplesmente maravilhoso e animador...

vbm disse...

Li esse livro, no princípio dos anos 60, quando era estudante. Reencontrei-o há tempos num alfarrabista, e reli-o. Impressionante, como ainda me soaram tão familiares e íntimas tantas passagens notáveis do livro tão precioso de Sertillanges.