Título original: La Vie Intellectuelle – Son Esprit, Ses Conditions, Ses Méthodes
Autor: A.-D. Sertillanges (1863-1948) [Antonin-Dalmace Sertillanges]
Tradutor: Lilia Ledon da Silva
Assunto: Educação clássica
Editora: É Realizações
Edição: 1ª
Ano: 2010
Páginas: 200
Nota: (Traduzida da edição de 1944, da J. Lecouvert, :Vic. Gen., Paris, França)
Para
aqueles que desejam não apenas um manual prático que permita esboçar
orientações de como entrar na vida dos estudos, o livro vai além e também
oferece um exemplo de vida bem-sucedida no mundo intelectual – a do próprio
padre Sertillanges, que por meio de dicas preciosas permite e disponibiliza, para
qualquer pessoa que tenha abertura e coragem necessárias, uma nova forma de
viver que abrange gradualmente a dimensão intelectual e todos os percalços que
essa vida traz consigo.
A
vida intelectual não é uma dimensão separada da vida prática, e sim abarca e
transcende esta, trazendo novas possibilidades e responsabilidades diante de
si, dos outros e do mundo.
Assim,
o espírito de uma vida intelectual está no fato de que se ela transcende a vida
prática, deve ser no sentido de propiciar um maior entendimento dela. Suas
condições são os valores éticos, como a honestidade intelectual e a
sinceridade. Seu método consiste nos exemplos que percorrem toda a escrita do
padre Sertillanges.
Este
livro é dedicado a todos aqueles que desejam uma vida plena – em todas as suas
potencialidades, e não há nada mais atual que esse desejo.
Excertos:
“Uma vocação não se satisfaz de modo
algum com leitura soltas e trabalhinhos esparsos” (p.21). “...ninguém estará agindo com sabedoria se
deixar seu espírito retornar pouco a pouco a seu estado de indigência inicial”
(p. 21). “A ambição ofende a
verdade eterna quando a transforma em sua subordinada” (p.23). “Obter sem pagar é o desejo universal; mas é
um desejo de corações covardes e de cérebros enfermos” (p. 23). “Que cada qual pense a respeito, enquanto
pensar ainda pode vir a ser útil” (p.24). “Pobre tartaruga trabalhadeira, nada de entreter-se, só perseverança, e
ao cabo de alguns anos terá ultrapassado a lebre indolente cujo ritmo
desimpedido causava inveja a seu andar penoso” (p.25).
Sobre
o autor: Antonin-Dalmace Sertillanges, conhecido também
como Antonin-Gilbert Sertillanges ou Antonin Sertillanges nascido em
Clermont-Ferrand, a 16 de novembro de 1863 e falecido em Sallanches, a 26 de
julho de 1948, foi um filósofo e teólogo francês, considerado como um dos
maiores expoentes do neotomismo da primeira metade do século XX.
Em
1883 ingressa na ordem dos dominicanos, mudando o próprio nome para Antonin-Gilbert.
Chefe de redação da Revue Thomiste, em 1900 é nomeado professor de Ética do Institut Catholique de Paris, onde
permanecerá até 1922. A publicação do seu monumental Thomas D’Aquin (1910)
dá-lhe notoriedade nacional e internacional. Em 1918 é eleito membro da Académie des Sciences Morales et Politiques.
Depois de um longo período em Jerusalém (1923), transfere-se para o convento de
Le Saulchoir como professor de Ética
Social, fazendo-se cada vez mais notar como um dos principais representantes do
neotomismo francês, ao lado de Jacques Maritain [que apostata
para aderir ao marxismo] e Etienne Gilson. De volta a Paris em 1940,
falece oito anos depois, aos 85 anos, de parada cardíaca durante uma convenção
num convento de Haute Savoie.
Segundo
Sertillanges, toda atividade humana e todo saber encontram a própria razão de
ser no cristianismo. Em Le Christianisme
et les Philosophies, publicado em dois volumes, em 1939 e em 1941, trata os
dados do próprio pensamento segundo as relações entre cristianismo e filosofia.
Depois da aparição dos Evangelhos não pode haver filosofia alguma que possa
prescindir dos seus ensinamentos. Segundo Sertillanges: “Sem o cristianismo não haveria nenhuma filosofia aceitável (...) todas
as que apareceram depois do Evangelho, por mais úteis que sejam se fundidas com
ele, jamais poderiam sozinhas trazer qualquer benefício à nossa civilização
(...)”.
O
teólogo francês é também um profundo conhecedor e admirador de Santo Tomás, de
quem se aproximou desde que, no final do séc. XIX, foi nomeado chefe de redação
da Revue Thomiste. A sua biografia do santo, publicada, como já se disse, em
1910, é uma obra imprescindível a todos que desejam aprofundar-se no estudo da
vida e da obra do Aquinate. Voltará a ocupar-se de Santo Tomás em La Philosophie Morale de Saint Thomas D’Aquin
(1916) e Les Grandes Thèses de la
Philosophie Thomiste (1928). De Santo Tomás, Sertillanges aprecia sobretudo
a aguda inteligência amparada em sólida fé e em vigorosa tensão espiritual.
Logra, além disso, extrair a radical modernidade da metafísica tomista do ser
(em latim, esse) e sua profunda autonomia em relação a Aristóteles, que, não
obstante, o santo tinha por modelo. Escreve o filósofo francês: “[Santo Tomás] não
hesita em afastar-se da autoridade de Aristóteles sempre que lhe pareça justo
(...) ele engrandece a doutrina de Aristóteles e a enriquece infinitamente (...)”.
Sertillanges
também é conhecido por seus estudos sobre Pascal (Blaise Pascal, 1941) e sobre Bergson (Henri Bergson et le Catholicisme, 1941), a quem era ligado por uma
profunda amizade. Os seus ensaios de divulgação têm tido difusão enorme, como
os teológicos Catéchisme des Incroyants
(1930) e Dieu ou Rien? (1933), além
de La Vie Catholique (1921) e Recueillement (1935), de inspiração moral. O
teólogo também tratou de aspectos estéticos do culto cristão, sobretudo em Um Pèlerinage Artistique à Florence (1895)
e Art et Apologétique (1909).
2 comentários:
Estou lendo o livro é é simplesmente maravilhoso e animador...
Li esse livro, no princípio dos anos 60, quando era estudante. Reencontrei-o há tempos num alfarrabista, e reli-o. Impressionante, como ainda me soaram tão familiares e íntimas tantas passagens notáveis do livro tão precioso de Sertillanges.
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