Editora: Editora e Livraria Monfort
Assunto: Religião
Edição: 1ª
Ano: 2011
Páginas: 286
Comentários do autor: O “rio cársico” do
Antropoteísmo tem uma longa e misteriosa história, com surtos ora superficiais,
ora subterrâneos. Tanto a Gnose, quanto o Panteísmo rejeitam a criação ex nihilo. No Panteísmo, o Cosmo é
apresentado como uma simples etapa da evolução divina. O Universo seria um ser
divino, eterno e infinito, um organismo vivo. Para a Gnose, a passagem do
Pleroma divino para a situação atual se deu por meio de uma “queda”, uma ruptura,
um “exílio”, uma degradação da divindade, que constituiu a criação. Foi essa
“queda”, ou pecado original pré-cósmico, que produziu o universo e todos os
males atuais, não só os males físicos e morais, mas o que para os gnósticos é o
verdadeiro mal, o fato de ser, a existência, isto é, o mal metafísico.
A escatologia panteísta é
otimista: o Deus que se transformou no mundo alcançará de novo o primitivo
estado de perfeição. Por meio da evolução, tudo caminha para uma perfeição cada
vez maior. O homem, redentor do universo e de si mesmo, pela sua razão, pela
ciência e pela técnica, eliminará todos os males e todas as limitações que nos
afligem e construirá, na Terra, o paraíso. O Panteísmo é, pois, progressista e
utópico.
A Gnose considera que as
partículas divinas que se desprenderam da divindade e que agora jazem no túmulo
da matéria pouco a pouco serão libertadas pelo conhecimento e retornarão à
divindade. Enquanto, porém, não estiverem autoconscientes de sua natureza
divina, permanecerão neste mundo-cárcere e, após a morte, serão condenados a
renascer ou a transmigrarem para corpos de animais, de plantas, e até, segundo
alguns, a caírem na matéria bruta.
Para a Gnose, a
Encarnação do Verbo não se deu, pois que ela significaria a aceitação da
matéria e do corpo. Os gnósticos negavam [e negam] que Cristo tivesse corpo.
Daí, logicamente, não
poderem admitir uma igreja estruturada. Para a Gnose, a verdadeira igreja era
puramente espiritual, pneumática. Ela seria formada somente por aqueles que,
tendo recebido a doutrina gnóstica, já estariam salvos. A união dos pneumas dos
perfeitos formaria a verdadeira igreja invisível, porque espiritual.
Para evitar essas
confusões, propomos chamar de Antropoteísmo ou Religião do Homem ao “rio
cársico” da história. Isto é, consideramos que o que une tantas seitas, escolas
e movimentos é o culto do Homem como sendo Deus. Essa Religião do Homem se
dividiria em dois ramos: a Gnose e o Panteísmo.
Sendo o homem um ser
composto de corpo e alma, isto é, uma parte material e outra espiritual, é
logico que a adoração do Homem se divida em dois ramos fundamentais: um que
diviniza o corpo, isto é, a matéria; outro que diviniza a alma, isto é, o
espírito.
A corrente antopoteísta
que diviniza o corpo e a matéria engloba todas as seitas e sistemas filosóficos
panteístas. A corrente antropoteísta que diviniza apenas a alma, o elemento
espiritual, é a Gnose propriamente dita, e que inclui todas as seitas que em
geral são classificadas como gnósticas pelo comum dos autores.
VIDEO-AULAS EM DUAS PARTES
PARTE 1
PARTE 2
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