Autor: Rodrigo Gurgel
Assunto: Crítica literáriaEditora: Vide Editorial
Edição: 1ª
Ano: 2012
Páginas: 230
Os ensaios estão
dispostos cronologicamente, como convém a um trabalho que, embora crítico e
analítico, também se apresenta sob a perspectiva da história. Cada autor eleito
comparece com uma obra no tribunal do júri, que o crítico escolheu por seu
caráter paradigmático, sua capacidade de representar o conjunto da produção de
cada escritor. O movimento interno de cada ensaio é, portanto, de alternância,
sempre ágil, entre análise particular da obra escolhida e a perspectiva global
do autor focalizado.
Entre os autores
analisados encontram-se os nomes clássicos de José de Alencar, Manuel Antônio
de Almeida, Raul Pompéia e Machado de Assis, mas Rodrigo Gurgel também relê
grandes prosadores esquecidos, como João Francisco Lisboa, Joaquim Felício dos
Santos, Eduardo Prado e vários outros.
Comentários: 1) Deve o leitor se
lembrar da reivindicação de Croce: que a história da literatura seja feita por
autores, não por “épocas” ou “estilos”. Este Muita Retórica Pouca Literatura
não é historiográfico, mas sob aquele aspecto é livro croceano, e livro
deliciosamente “impressionista” – graças a Deus.
O título deste
conjunto de ensaios poderia denunciar uma tese; denuncia, antes, a
impossibilidade de quaisquer “teses” em grande parte de nossa literatura: o
gosto pelo verbo fácil a par do desgosto de imaginações pouco poderosas, entre
os que fundaram nossa prosa literária, concorrem para a formação de um vício da
nação – o cosmetismo cultural, de que o formalismo desvairado e inculto de
nossos romances mais recentes são o último rebento.
O drama, aqui,
encontra-se no embate, amiúde velado, entre as figuras-tipo José de Alencar e
Manuel Antônio de Almeida. Porque não teve descendência que confessasse sua
paternidade, Memórias de um sargento de
milícias, mostra Gurgel, merece revisita para que nele reencontremos algo
de muito machadiano, o que se insere numa saudável – porém nem sempre prazerosa
de se ler – genealogia da sensibilidade nacional.
Destacam-se aqui,
ainda, a prosa de João Francisco Lisboa, esse Juvenal brasileiro; do
reacionário Eduardo Prado; da pouco conhecida memorialística de Taunay. E tem
ainda Gurgel o topete de nos apontar o que há de enfado em Dom Casmurro e
explicar por que Canaã é “o mais pedante romance brasileiro”.
Que este livro nos
reavive o bom costume, hoje fora de moda, de nos estapearmos furiosamente pela
leitura direta de nossos clássicos. Amen. (Ronald Robson)
2) Li a obra de um só folego, dois dias após o lançamento em outubro de 2012. Recomendo a
sua leitura desta e justifico utilizando os argumentos de José Carlos Zamboni que diz
textualmente: “É preciso avisar os cursos de Letras, com certa urgência: a
crítica literária ainda é perfeitamente possível. Só não esperem o renascimento
dentros dos muros da universidade.” Faço minhas, as palavras de Zamboni. (Anatoli Oliynik)
Palestra de
lançamento com Rodrigo Gurgel - "Muita Retórica - Pouca Literatura"
Olavo de Carvalho comenta Muita Retórica - Pouca Literatura
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