Autor: Mortimer J. Adler e Charles Van Doren
Tradução: Edward Horst Wolff e Pedro Sette-Câmara
Editora: É Realizações
Assunto: Ciências humanas (Educação)
Edição: 1ª
Ano: 2010
Páginas: 432
O livro aborda os vários níveis de leitura e mostra como alcançá-los – da leitura elementar à leitura rápida, passando pelo folheio sistemático e pela leitura inspecional. Aprende-se a classificar um livro, a “radiografá-lo”, a isolar a mensagem do autor, a criticar. Estudam-se as diferentes técnicas para ler livros práticos, literatura imaginativa, peças teatrais, poesia, história, ciências e matemática, filosofia e ciências sociais.
Por fim, os autores oferecem uma lista de leituras recomendadas, bem como testes de leitura para que você possa medir seu progresso em compreensão, velocidade e capacidade de leitura.
Comentários: José Monir Nasser, prefaciador da obra, diz que “Todo alfabetizado sabe ler até certo ponto, mas como esse ponto pode estar muito baixo, é preciso melhorar a habilidade da leitura em geral. Esse problema é um dos mais complexos das artes da educação”. Mais adiante, assevera: “O livro de Mortimer Adler, além de manual abrangente de técnicas de leitura, é um estudo ontológico sobre a natureza da leitura, sugerindo a unidade fundamental dos gêneros nos diversos patamares de certeza e nas diversas profundidades de leitura, articulando a profundidade da análise com a cobertura da extensão geométrica da variação dos gêneros.” E conclui: “Nada mais, nada menos, que os velhos Trivium e Quadrívium conjugados e aplicados à arte de Ler.”
Os
autores deste clássico dizem: “Este livro
almeja não somente leitores, mas todos aqueles que desejam se tornar leitores.
Foi escrito especialmente para leitores de livros. No entanto, o publico-alvo
não são as pessoas que desejam apenas ler, mas as pessoas que desejam crescer
intelectualmente enquanto lêem”.
E
prosseguem: “Por ‘leitores’, referimo-nos
às pessoas que ainda estão habituadas a obter a maior parte das informações da
palavra escrita, ou seja, referimo-nos à grande maioria das pessoas
inteligentes e alfabetizadas. Evidentemente, não são todas, antes do advento do
rádio e da televisão, algumas informações eram obtidas oralmente ou até mesmo
através de simples observações. Porém, essas pessoas inteligentes e curiosas
não se contentavam com isso. Elas sabiam que tinham de ler – e liam”.
A
modernidade não é o que parece ser: “Muita
gente, hoje em dia, acha que a leitura já não é tão necessária quanto foi no
passado. O rádio e a televisão acabaram assumindo as funções que outrora
pertenciam à mídia impressa, da mesma maneira que a fotografia assumiu as
funções que outrora pertenciam à pintura e às artes gráficas. Temos de
reconhecer – é verdade – que a televisão cumpre algumas dessas funções muito
bem, a comunicação visual dos telejornais, por exemplo, tem impacto enorme. A
capacidade do rádio em transmitir informações enquanto estamos ocupados –
dirigindo um carro, por exemplo – é algo extraordinário, além de nos poupar
muito tempo. No entanto, é necessário questionar se as comunicações modernas
realmente aumentam o conhecimento sobre o mundo à nossa volta”.
O
alerta para o auto-engano: “Talvez hoje
saibamos mais sobre o mundo do que no passado. Dado que o conhecimento é
pré-requisito para o entendimento, trata-se de algo bom. Mas o conhecimento não
é um pré-requisito tão importante ao entendimento quanto normalmente se supõe. Não
precisamos saber tudo sobre determinada
coisa para que possamos entendê-la. Uma montanha de fatos pode provocar o
efeito contrário, isto é, pode servir de obstáculo ao entendimento. Há uma
sensação, hoje em dia, de que temos acesso a muitos fatos, mas não
necessariamente ao entendimento desses fatos”. (grifos meus)
Explicando:
“Uma das causas dessa situação é que a
própria mídia é projetada para tornar o pensamento algo desnecessário – embora,
é claro, isso seja apenas uma mera impressão.” Será apenas impressão?
Prosseguindo: “O ato de empacotar idéias e opiniões intelectuais é uma atividade à
qual algumas das mentes mais brilhantes se dedicam com grande diligência. O telespectador, o ouvinte, o leitor de
revistas – todos eles se defrontam com um amálgama de elementos complexos,
desde discursos retóricos minuciosamente planejados até dados estatísticos
cuidadosamente selecionados, cujo objetivo é facilitar o ato de ‘formar a opinião’ das pessoas com esforço e
dificuldade mínimos. Por vezes, no entanto, o empacotamento é feito de maneira tão eficiente, tão condensada, que
o telespectador, o ouvinte ou o leitor não conseguem formar sua opinião. Em vez
disso, a opinião empacotada é
introjetada na sua mente mais ou menos como uma gravação é inserida no aparelho
de som. No momento apropriado, aperta-se o play e a opinião é “tocada”.
Eles (os telespectadores, os ouvintes de rádio e os leitores de revistas) reproduzem a opinião sem terem pensado a
respeito”. (grifos meus)
Acredito
que o leitor tenha encontrado razões suficientes para ler este livro e crescer
intelectualmente. Caso não tenha encontrado motivações suficientes para adquirir esta obra e utilizá-la como guia clássico para leitura inteligente, então assista ao vídeo de lançamento onde o prefaciador apresenta argumentos mais profundos. (Anatoli Oliynik).
PALESTRA DO PREFACIADOR JOSÉ MONIR NASSER
2 comentários:
Um livro magnífico. Onde na medida que é lido, há um constante despertar, sempre um novo vislumbre, de verdades a respeito da leitura como uma arte. Um dos destaques que fiz quando li um versão antiga desta obra de Adler, foi no capítulo III, intitulado 'Ler é aprender', no qual Mortimer diz:
"A arte de ler, em síntese, compreende as mesmas habilidades que constituem a arte da descoberta: agudeza de observação, memória pronta, fertilidade de imaginação, e, por certo, uma inteligência habituada à análise e à reflexão".
Simplesmente, excelente. Leitura recomendada a todos quanto puderem.
Grato pela indicação.
Até mais
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