Editora: Nova Fronteira - 2ª edição 2005 - 992 páginas
A obra começou a ser escrita em 1913, inspirada na
estadia de sua mulher, Katja Mann, no Sanatório da Floresta em Davos, na Suíça,
em 1912. A obra foi interrompida em
1914 com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918); retomada em 1919;
concluída e publicada em 1924.
Sinopse: Hans Castorp vai ao sanatório de Berghof, na
aldeia suíça de Davos-Platz, para visitar um primo, até que uma suspeita de
tuberculose o obriga a passar três semanas e ele acaba ficando lá por sete anos.
Neste período ele convive num ambiente doentio, repleto de tuberculosos
desenganados definhando física e espiritualmente numa vida sem perspectiva. No
sanatório conhece pessoas de várias raças, credos e diferentes personalidades,
às quais procura analisar seus problemas, inquietações, sofrimentos de toda
ordem, até que a montanha começa a operar sua mágica e Hans se transforma.
Paulatinamente, vai percebendo o sentido da vida e do tempo. As personagens
procuram em si, nos outros e no mundo que os rodeia um sentido que lhes
explique a vida, o amor e a morte. Todas as tendências do pensamento, todos os
conflitos morais, psicológicos, sociais e políticos estão aí representados
pelos companheiros de tuberculose que formam uma espécie de microcosmo da
humanidade.
Significado da obra:
Mann nos transmite a mensagem que
a vida real humana acontece na planície, todavia carece do concurso da montanha
porque somente a partir dela se pode perceber o sentido da vida, invisível pela
perspectiva da planície. Assim, Hans Castorp precisa subir a montanha para
compreender o mundo e descer à planície para vivê-lo.
Sobre o autor:
Thomas Mann
nasceu em Lübeck, norte da Alemanha, no dia 6 de junho de 1875 e teve como
berço uma tradicional família de aristocratas. Sua mãe, Julia da Silva Bruhns,
era brasileira, nascida na fazenda Boa Vista, em Angra dos Reis, e transferida
com a família para a Alemanha durante a adolescência. Com apenas 26 anos, ele
foi descoberto para o mundo através da publicação de Os Buddenbrooks, seu
segundo livro, que narra a decadência em quatro gerações de uma família burguesa
tradicional, inspirada em seu próprio clã.
Thomas Mann se
tornou vítima das contradições do seu tempo, marcado por extremos ideológicos
brutais. Para a esquerda, era um nacionalista ferrenho, que pregou a
superioridade germânica em seus primeiros livros. Para a direita - sobretudo na
época da caça às bruxas do Macarthismo nos EUA -, ganhou a pecha de comunista.
Mann nunca transitou entre os dois extremos. Foi, acima de tudo, um
anti-radical, que desprezou com todas as forças a mácula do nazismo, numa indignação
que pode ser mensurada numa frase: "Falo
de nossa vergonha. A Alemanha inteira, o espírito alemão, o pensamento alemão,
a palavra alemã são atingidos por essa desonra". Faleceu na Suíça em
1955.
Sinopse:
Antígona é uma peça
teatral escrita por Sófocles em 441 a.C. cujos fatos aconteceram
por volta de 1.250 a.C.,
em Tebas na Ásia Menor, na qual exalta a coragem de uma princesa que enfrenta o
rei arriscando a própria vida em defesa de um princípio.
Numa das mais belas e dramáticas
tragédias já escritas, Sófocles devassa em toda a sua profundidade o amor, a
lealdade, a dignidade.
O
enredo
A intriga da
história começa com uma alusão à guerra dos Sete contra Tebas, na qual os dois
irmãos de Antígona, Etéocles e Polinices, se confrontam em lados opostos na
disputa pelo trono.
Ambos morrem no
campo de batalha, mas aos olhos de Creonte, tio daqueles, Polinices é
considerado traidor de Tebas e, por isso, não lhe são concedidas honras
fúnebres.
A
Decisão
Creonte, com a
morte dos dois sobrinhos Etéocles e Polinices, torna-se rei de Tebas.
A sua primeira decisão como regente,
foi enterrar o sobrinho Etéocles com todas as honras funerárias e deixar o
corpo de Polinices insepulto.
Para que se cumpra a sua decisão,
decreta que a pena para a desobediência, é a morte.
A
Contestação
Antígona, apesar do interdito do rei
Creonte, quer sepultar o irmão Polinices e evoca para tanto um princípio da lei
não escrita.
Antígona diz a Creonte que acima da
Lei da Cidade existe a Lei Divina e que está para cima das leis cósmicas
incorporadas na ordem social.
A
Desobediência
Antígona recusa-se
a cumprir a ordem de Creonte e, considerando tratar-se de um dever sagrado dar
sepultura aos mortos, infringe a ordem do soberano e realiza os rituais
fúnebres a que o irmão tem direito.
As
Conseqüências
Devido a este ato
de piedade, Antígona é condenada à morte pelo rei de Tebas e encarcerada viva
no túmulo dos Labdácidas, de quem descende.
A ação impiedosa
do rei será punida no final da tragédia: ao tomar conhecimento da morte de
Antígona, Hêmon, filho de Creonte e noivo de Antígona, suicida-se.
Por conseqüência
deste segundo suicídio, é a vez de Eurídice, mãe de Hêmon, decidir "morar
eternamente no Hades".
O
Impasse
Abre-se
aqui um abismo entre a consciência do indivíduo que está aberta para a Lei
Divina supra-cósmica e a consciência do meio social que está presa no meio da
ordem cosmológica.
Este
abismo gera um conflito entre a Lei dos Céus (dos deuses) que ela defende e a
Lei da Terra (dos homens) que Creonte precisa fazer cumprir. Cria-se assim um
impasse, resultante da contraposição entre duas esferas de poder: A Lei dos
deuses e a Lei humana.
O
Dilema
Todo o
enredo da tragédia de Tebas gravita em torno desse dilema moral que dura mais de 3 mil e 250 anos e que faz de Antígona
uma das mais importantes obras que dá os princípios basilares para o
cristianismo:
Cumpre-se a Lei do Céu ou a Lei da Terra?
Considerações
importantes
1.A
falta de Antígona foi o de desrespeitar uma ordem do rei.
2.Creonte
tinha razão quanto a defesa da Lei da Terra (Poder temporal), todavia sua
decisão interferiu sobre a Lei dos Céus (Princípio espiritual). Logo, qual das
leis deve ser cumprida?
3.Este
dilema já dura 3.250 anos porque as duas
posições são imprescindíveis para a humanidade.
4.Creonte
era um governador e não um estadista*
esse foi o seu maior problema.
* Estadista é aquele que consegue sacrificar a Lei da Terra em prol
da Lei dos Céus.
5.É
preciso considerar a hierarquia das leis divinas sobre as disposições humanas.
6.Imaginar
que o humanismo é a solução para os problemas humanos é de uma ingenuidade
incrível. Equipara-se ao raciocínio de uma criança de 8 anos.
7.Perder
a noção do sagrado é a pior coisa que pode acontecer ao ser humano. Foi o que
aconteceu com Creonte quando toda uma tragédia se abateu sobre a sua regência e
sua família.
Conclusão
1.O
ser humano pela sua condição de dualidade (Divina e Terrena), viverá
permanentemente em conflito entre o Poder
Espiritual e o Poder Temporal de
cuja ambigüidade não conseguirá sair jamais. Por essa razão que o problema já
dura mais de três milênios.
2.Não
há solução coletiva para o problema. A solução para conflito resultante da
dualidade humana será sempre individual, pois não há solução fora do indivíduo,
porque nada substitui a sua consciência individual das coisas.
A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS HUMANOS SERÁ
SEMPRE INDIVIDUAL E JAMAIS COLETIVA!
Sobre
o autor:
Sófocles (495 a.C. – 406 a.C.) nasceu e morreu em
Atenas, na Grécia, e foi um dos maiores intelectuais da Antigüidade clássica.
Autor prolífico e consagrado em seu tempo produziu cerca de 120 peças das quais
restaram conservadas apenas 7, entre as quais Édipo Rei, Édipo
em Colono, Antígona, Ájax
e Electra.
Título original:
Bedeviled – Lewis, Tolkien and the Shadow of Evil
Autor: Colin Duriez
Tradução: Priscila Catão
Editora: Lírio Publicações
Assunto: Literatura inglesa
Edição: 1ª
Ano: 2020
Páginas: 252
Sinopse: Este é um livro
que trata sobre a origem e o problema do mal, e mostra passo a passo como a
tecnocracia, o egotismo, a desilusão e a perda da fé (o mundo, a carne e o diabo) são derrotadas pelo amor de Deus.
Celebra, também, a força da esperança contra os terríveis poderes do mal que
nos afligem.
A batalha entre o bem e o mal
estava claramente em curso na era de C.S. Lewis e seus amigos do grupo
literário de Oxford, os Inklings [foi um grupo
informal de discussão sobre literatura associado à Universidade de Oxford, na
Inglaterra], como também está na nossa era. Alguns
dos membros dos Inklings carregaram marcas físicas e psicológicas da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) que os levaram a considerar profundamente
o problema do mal durante a era sombria da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
. Se eles estivessem vivos hoje, suas visões do conflito espiritual por detrás
das batalhas físicas seriam certamente reafirmadas.
Entre os Inklings, Lewis estava na
linha de frente da escrita sobre a dor humana, o sofrimento, a ação diabólica e
o sobrenatural, com seus livros como Cartas
de um Diabo a Seu Aprendiz, entre outros. Por esta razão, não surpreende
que ele seja o foco principal deste livro escrito pelo autor especialista nos
Inklings, Colin Duriez. A trilogia de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, é
outra rica fonte com muito o que dizer à era da Segunda Guerra Mundial e para
além dela. Outros escritos dos Inklings são tratados à medida em que Duriez
explora as considerações desses autores sobre o mal e a batalha espiritual,
particularmente focadas no contexto de guerra.
Sobre o autor: Colin
Duriez é escritor profissional e editor. Ele
nasceu em Derbyshire em 19 de julho de 1947, Reino Unido. Passou sua infância
em Long Eaton, Derbyshire, em algumas novas propriedades perto de Portsmouth e
seis anos em uma vila mineira em South Wales, antes de se mudar para West
Midlands. Formado pela Universidade
de Ulster e Universidade
de Istambul.
Sinopse:O romance Grande Sertão:
Veredas é considerado uma das mais significativas obras da literatura
brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão e
pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do
experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática
regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e
inovadora.
Personagens:
-Riobaldo
– Tatarana – Urutu Branco
-Reinaldo
(Diadorim)
-Joca
Ramiro (jagunço líder – 1ª guerra)
-Hermógenes
(jagunço líder – 2ª guerra)
-Ricardão
(líder dos jagunços ao lado de Hermógenes)
-Medeiro
Vaz (simboliza a nobreza, o Império e o próprio Imperador)
-Sô
Candelário
-Titão
Passos
-João
Goanhá
-Zé
Bebelo (soldado do governo. Simboliza Exú – 7 punhais)
-Gavião-Cujo
(jagunço)
-Otacília
-Davidão
(simboliza Davi)
-Faustino
(simboliza o próprio Fausto)
-Migri
(mãe de Riobaldo. Prostituta)
Resumo da narrativa: Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas
Gerais, conta sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado. Trata-se de um
monólogo onde a fala do outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de
disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo
ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. Toda
a narração é intercalada por vários momentos de reflexão sobre as coisas e os
acontecimentos do sertão. O assunto parece sempre girar na existência ou
inexistência do diabo, já que Riobaldo parece Ter vendido sua alma numa certa
ocasião... Riobaldo era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o
caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava:
Reinaldo, ou Diadorim.
Conhecera-o quando
menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples
amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim,
perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia
contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes. Nas
longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o
chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a
mostrar certa confiança por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo
perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e assassinado por um dos seus
companheiros chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e
seus homens por toda aquela árida região.
Como o medo da morte e
uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais conta da
alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das
trevas, apesar de não explícito. Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que
Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se
aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais
estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então,
o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por
Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o
combate, o grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas páginas, uma
surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe
que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial
era, na verdade, uma mulher.
ENREDO
Duas grandes guerras são narradas em Grande
Sertão: Veredas.
A primeira é protagonizada pelos líderes
Joca Ramiro, Sô Candelário, Titão Passos, João Goanhá, Ricardão e Hermógenes
contra Zé Bebelo e os soldados do governo. Apanhado, Zé Bebelo é julgado pelo
tribunal composto dos líderes citados, dos quais Joca Ramiro é o chefe supremo.
Hermógenes e Ricardão são favoráveis à pena capital. No fim do julgamento,
porém, Joca Ramiro sentencia a soltura de Zé Bebelo, sob a condição de que ele
vá para Goiás e não volte até segunda ordem. Nesse ponto, a primeira guerra
chega ao fim.
A paz, então, estabelece-se em todo o
sertão. Até que, depois de longo período de bonança, aparece um jagunço chamado
Gavião-Cujo, desesperado, e anuncia: “Mataram Joca Ramiro!...”
Começa, então, a segunda guerra,
organizada sob novas lideranças: de um lado Hermógenes e Ricardão, assassinos
de Joca Ramiro e traidores do bando; de outro, Zé Bebelo – que retorna para
vingar a morte de seu salvador, chefiando o bando de Riobaldo e Diadorim – com
os demais chefes. A segunda guerra termina no fim do romance, na batalha final
no Paredão, na qual morre Hermógenes.
TEMPO
Nessa narrativa, pode haver
dificuldade de compreensão sobre a passagem do tempo. O motivo são a estrutura
do romance, que não se divide em capítulos, e a narrativa em primeira pessoa,
que permite digressões do narrador, alternando assim o tempo da narrativa a seu
bel-prazer. No entanto, podemos dividir a obra, segundo alguns fatos marcantes
do enredo, para facilitar a leitura:
1ª parte – introdução dos principais temas do
romance: o povo; o sertão; o sistema jagunço; Deus e o Diabo; e Diadorim. Nesse
primeiro momento, Riobaldo introduz também a figura do interlocutor, que, como
foi dito, não aparece diretamente na obra.
2ª parte – inicia-se in medias res, ou seja,
no meio da narrativa. Durante a segunda guerra, Riobaldo e Diadorim, chefiados
por Medeiro Vaz, tentam vingar a morte de Joca Ramiro.
3ª parte – a narrativa retorna à juventude de
Riobaldo, quando ele conheceu o “menino Reinaldo”, e, para o desespero de
Riobaldo, que não sabe nadar, ambos atravessam o rio São Francisco numa pequena
embarcação.
4ª parte – conflito entre Riobaldo e Zé
Bebelo, no qual esse último perde a chefia, e Riobaldo-Tatarana é rebatizado
como “Urutu Branco”.
5ª parte – epílogo. Riobaldo retoma o fio da
narração do início, contando ao interlocutor seu casamento com Otacília e como
herdou as fazendas do padrinho. Ele termina sua narrativa com a palavra
“travessia”, que é seguida pelo símbolo do infinito (O nome Otacília é composto
de 8 letras que simboliza o infinito).
ESPAÇO
O espaço geral da obra é o sertão. Os
nomes citados podem causar estranheza e confundir os leitores que desconhecem a
região. É preciso entender, no entanto, que essa confusão criada pelos diversos
nomes e regiões é proposital. Ela torna o enredo uma espécie de labirinto, como
se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode
ser interpretada como a travessia da existência.
ALGUNS ESPAÇOS DO SERTÃO
Podem ser listados alguns espaços da
narrativa em que importantes ações do enredo se desenvolvem.
Chapadão do Urucúia – local da travessia do rio São
Francisco, onde Riobaldo e Reinaldo/Diadorim se conhecem.
Fazenda dos Tucanos – espaço onde o bando liderado por
Zé Bebelo fica preso, cercado pelo bando de Hermógenes, depois de cair em uma
tocaia. Esse episódio da Fazenda dos Tucanos é marcante, por causa da sensação
de claustrofobia descrita no texto. Preso na casa da fazenda por vários dias, o
grupo liderado por Zé Bebelo é alvejado pelos inimigos.
Liso do Sussuarão – local da tentativa frustrada de
travessia do bando de Medeiro Vaz (segunda parte) e conseqüente retirada.
Local da narração – fazenda de Riobaldo, localizada na
beira do rio São Francisco, “a um dia e meio a cavalo”, no norte de Andrequicé.
Paredão – espaço da batalha final, onde Diadorim
morre e termina a guerra.
Veredas Mortas – local do possível
pacto de Riobaldo.
Resenha das personagens
do livro:
RIOBALDO – é o personagem que narra a própria
vida a um doutor que nunca aparece, desde a juventude, antes de virar jagunço.
Nessa época, estudou e aprendeu a ler e a escrever, tornando-se professor de Zé
Bebelo, seu futuro chefe. Quando entra para a vida de jagunço, a personagem é
batizada de Tatarana,
que significa “lagarta de fogo”, apelido dado em homenagem à sua exímia
pontaria. Em um dado momento da narrativa, depois de um suposto pacto com o
Diabo, Riobaldo-Ta tarana toma a liderança do grupo, sendo rebatizado de “Urutu Branco”.
AS
TRÊS FACES AMOROSAS DE RIOBALDO:
Nhorinhá: prostituta, representa o
amor físico, o “amor-sexo”, o prazer canal. O seu caráter profano e sensual
atrai Riobaldo, mas somente no aspecto carnal.
Otacília: uma das mulheres amadas
por Riobaldo personifica a pureza, a esposa que espera e reza, o “amor
sentimento”. Contrária a Nhorinhá, Riobaldo destina a ela o seu amor verdadeiro
(sentimental). É constantemente evocada pelo narrador quando este se encontrava
desolado e saudoso durante sua vida de jagunço. Recebe a pedra de topázio de
"seô Habão", simbolizando o noivado.
Diadorim: representa
o amor impossível, proibido. É ela que causa grande conflito em Riobaldo, sendo
objeto de desejo e repulsa (por conta de sua pseudo identidade).
DIADORIM – Personagem-chave do romance é tida
como homem durante quase toda a narrativa. Apenas nas últimas páginas o
narrador conta que, depois de sua morte, quando o corpo é despido e lavado,
descobre-se que se tratava de uma mulher. Diadorim havia conhecido Riobaldo,
quando ainda eram jovens, em uma travessia do rio São Francisco. Nessa ocasião,
ela já vivia disfarçada de menino e dizia chamar-se Reinaldo escondendo sua
identidade real (Maria Deodorina). O nome Reinaldo era secreto no meio da
jagunçagem, utilizado apenas nos momentos em que ela e Riobaldo estavam a sós.
Quando Riobaldo reencontra Reinaldo/Diadorim, tempos depois, passa para o bando
de Joca Ramiro, motivado pela presença de Reinaldo. Riobaldo apaixona-se
profundamente por Diadorim, o que provoca nele vários sentimentos
contraditórios e de repressão, já que a paixão homossexual era uma relação
impossível de ser aceita no meio jagunço.
JOCA RAMIRO – grande chefe político e guerreiro
é o maior chefe dos jagunços, lidera a primeira guerra narrada no romance, e
seu assassinato origina a segunda guerra. Em oposição a Hermógenes, Joca Ramiro
é o grande guerreiro, o líder sábio, justo, corajoso, sendo bastante admirado.
Aparece como encarnação das virtudes.
ZÉ BEBELO – personagem intrigante. Dono de uma
oratória verborrágica, tinha ambições políticas, mas, segundo o narrador,
começara tarde essa busca pelo poder. Zé Bebelo é extremamente orgulhoso e
gaba-se de nunca se ter deixado comandar por ninguém. Conhece Riobaldo quando
esse ainda não era jagunço e aprende com ele um pouco de português. Quando
Riobaldo lhe toma a chefia, Zé Bebelo reconhece a força do oponente e decide deixar
o grupo. Riobaldo tem uma relação diferenciada com Zé Bebelo, conservando
sempre certo apreço por esse personagem.
HERMÓGENES – para Riobaldo, Hermógenes era o
“Cão”, o “Demo”. É o personagem mais odiado pelo narrador. Na primeira guerra,
quando estão lutando do mesmo lado, Riobaldo já revela seu ódio por ele; na
segunda guerra, quando Hermógenes e Ricardão assassinam Joca Ramiro, esse
sentimento se acentua. No romance, Hermógenes é a personificação do mal.
RICARDÃO: – enquanto Zé Bebelo guerreava por
ambições políticas e Hermógenes era motivado por sua natureza assassina,
Ricardão tinha interesse apenas na questão financeira. Fazendeiro rico,
guerreava para depois poder enriquecer em paz.
MEDEIRO VAZ: chefe de jagunços que se une aos
homens de Joca Ramiro para combater contra Hermógenes e Ricardão por conta da
morte do grande chefe.
SÔ CANDELÁRIO: outro
chefe que ajuda na vingança. Possuía grande temor de contrair lepra.
QUELEMÉM DE GÓIS: compadre e
confidente de Riobaldo, que o ajuda em suas dúvidas e inquietações sobre o
Homem e o mundo.
Sinopse: A humanidade de nossos dias
encontra-se diante de um impasse: de um lado, parece estar marchando rumo a um
progresso maravilhoso e indefinido, nos campos humano e científico, cujos
confins não se consegue sequer vislumbrar: de outro lado, assiste-se uma
deterioração abrumadora da civilização, do convívio social, e das próprias
condições da vida moderna, que pode desfechar, de um momento para outro, no
confronto generalizado de indivíduos, família, sociedades, povos e nações.
- Como resolver esse impasse? Como se chegou a ele? É
das respostas a estas duas perguntas que este livro se ocupa. Mas não paremos
por aqui. Continuemos a descrição da obra.
Uma pergunta prévia: esse
impasse é fruto previsível das paixões humanas entregues a si mesmas, ou a elas
se acrescentou a atuação coordenada de forças que atuaram intencionalmente para
atingir tal resultado? Estaríamos então diante de um processo duplo, em parte
natural e em parte artificial, que se desenvolveu conjuntamente para produzir
esse efeito?
Apontando a existência desse
processo, autores – tanto contrários como favoráveis a ele – deram-lhe um nome:
Revolução.
Assim, grandes pensadores –
católicos e não católicos – foram delineando e descrevendo, passo a passo, o
processo revolucionário que conduziu a sociedade humana, a partir da Idade
Média – com sua fé primaveril nos ensinamentos do Evangelho e nos da Igreja
Católica – à sociedade atual, esteada na trilogia liberté-egalité-fraternité, que, seduzindo a humanidade com avanços
tecnológicos deslumbrantes, implantou a mais cínica e escancarada liberdade de
costumes. A tal ponto que, no estágio em que as coisas hoje se encontram, é
lícito perguntar se, sem uma intervenção extraordinária da Providência, o
desconserto do mundo moderno tem solução.
Muitos estão convencidos de
que não.
Desde muito moço, o autor
discerniu que tal deterioração da humanidade a encaminharia para uma catástrofe
fatal. E em suas leituras, logo se deparou com o conceito de Revolução destilado por uma ilustre
plêiade de pensadores católicos que o precederam, Seu mérito pessoal foi
conferir um sentido amplo e preciso para o termo Revolução, mostrar a coerência interna do processo revolucionário,
descrever suas metas e métodos, bem como o seu encadeamento histórico, desde os
primeiros sintomas de decadência da Idade Média até os dias de hoje.
Mostrou, assim, que a Revolução
se desenvolveu por etapas claramente diferenciadas, porém logicamente concatenadas,
que ele designa pela sua seqüência numérica: Revolução Protestante (I), Revolução
Francesa (II), Revolução Comunista (III) – até chegarmos à IV Revolução, a Revolução
Cultural e Tribalista, que se desenvolve diante de nossos olhos e visa
estabelecer na sociedade uma organização
tribal, semelhante à dos indígenas primitivos.
A visão da crise
contemporânea que o autor oferece neste livro vai, muito além de quanto foi
dito, até agora, pelos mais perspicazes analistas. Mas se ele o fez, e pôde ver
mais longe do que os que o precederam, foi justamente porque – parafraseando a
célebre frase de Newton – teve a humildade, porém grandiosas, ousadia de
apoiar-se no ombro desses gigantes do pensamento que o precederam.
Cumpre, entretanto, elevar
ainda mais alto, as nossas vistas. Se ele o fez, foi, sobretudo graças ao
instinto profético com que o dotou a Providência divina, com vistas à
recondução da humanidade para as vias da verdade e do bem e, mais
especificamente ao seio sacrossanto da Santa Igreja.
Os que, lendo este livro, e,
sobretudo embebendo-se de seus princípios, se alistaram nas fileiras da Contra-Revolução – outro conceito por
ele magnificamente desenvolvido e descrito – estarão preparando humanamente o
terreno para essa intervenção extraordinária da Providência divina para
resolver a magna crise contemporânea. Intervenção essa que se realizará sob a
égide a Santíssima Virgem, como ela mesma anunciou profeticamente em Fátima, em
1917, e que o autor se comprazia em repetir: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
Páginas: 272 Temas: Civilização judaico-cristã, Ocidente, Ecumenismo, Filosofia da história, Meta-história, Teologia da cultura, Secularismo e História contemporânea.
Sinopse: Tão decisiva quanto a adesão do
Império Romano ao cristianismo, entre os séculos XIX e XX se instaura no
Ocidente uma nova religião: a fé secular no progresso. Foi esse credo que
ocasionou a submissão do homem à técnica, reavivando males que se consideravam
superados – a tortura, a escravidão, o medo da morte repentina – e acrescentando-lhes
outros.
Uma vez
distanciada da religião sobre cujos valores se fundara, a nossa civilização já não é capaz de acreditar em si mesma. Ela
necessita de valores humanos básicos, como o da liberdade, mas não sabe como assegurá-los.
Nessa
condição dramática, cujas raízes se espalham pelas cisões da cristandade
durante o segundo milênio, a “causa de Deus” se identifica com a “causa dos
homens”: para superar seus impasses políticos, o mundo deve reconsiderar aquele
ideal de humanidade que sempre – é por vezes, solitariamente – fora defendido
pela Igreja. Distinguindo cuidadosamente o liberalismo como tradição, como
ideologia e como partido, Dawson demonstra que um humanismo verdadeiramente
cristão não se opõe nem ao senso de responsabilidade moral nem ao
reconhecimento da soberania divina.
R.
H. Tawney (1880-1962) disse que este livro é um diagnóstico da crise da nossa
era. Nas palavras de Dawson:
“O progresso da civilização ocidental
pela ciência e pelo poder parece conduzir a um estado de secularização total em
que tanto a religião quanto a liberdade desaparecem simultaneamente. A disciplina que a máquina impõe ao homem é
tão estrita que a própria natureza humana está em perigo de ser mecanizada e absorvida no processo material. Onde
isso é aceito como necessidade histórica inelutável, chega a ser uma sociedade
planejada em estrito espírito científico, mas que será uma ordem estática e sem
vida, que não possui outro fim além da própria preservação e que deve, por fim,
causar o enfraquecimento do arbítrio humano e a esterilização da cultura. Por
outro lado, se uma sociedade rejeita esse determinismo científico e busca
preservar e desenvolver a vitalidade humana dentro do arcabouço de um Estado
totalitário, é forçada, como na Alemanha nazista, a explorar os elementos
irracionais da sociedade e da natureza humana de modo que as forças da
violência e da agressividade, que todas as culturas do passado buscaram
disciplinar e controlar, irrompam para dominar e destruir o mundo”.
O Autor:
Graduado em História pela Universidade de Oxford, também estudou Economia e
Teologia. Foi influenciado pelas obras de Oswald Spengler e Arnold J. Toynbee
e, embora tenha permanecido um estudioso independente por toda a vida, foi
professor convidado de Estudos Católicos Romanos na Universidade de Harvard e
de Filosofia da Religião na Universidade de Liverpool. Foi eleito para a
Academia Britânica em 1943. Entre seus admiradores declarados, encontram-se
gigantes como J. R. R. Tolkien e Russell Kirk.