quinta-feira, 15 de maio de 2025

A MONTANHA MÁGICA

A MONTANHA MÁGICA

Título original: Der Zauberberg

Publicação original: 1924

Autor: Thomas Mann

Tradutor: Herbert Caro

Assunto: Literatura Estrangeira - Romance

Editora: Nova Fronteira - 2ª edição 2005 - 992 páginas


A obra começou a ser escrita em 1913, inspirada na estadia de sua mulher, Katja Mann, no Sanatório da Floresta em Davos, na Suíça, em 1912. A obra foi interrompida em 1914 com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918); retomada em 1919; concluída e publicada em 1924.

Sinopse: Hans Castorp vai ao sanatório de Berghof, na aldeia suíça de Davos-Platz, para visitar um primo, até que uma suspeita de tuberculose o obriga a passar três semanas e ele acaba ficando lá por sete anos. Neste período ele convive num ambiente doentio, repleto de tuberculosos desenganados definhando física e espiritualmente numa vida sem perspectiva. No sanatório conhece pessoas de várias raças, credos e diferentes personalidades, às quais procura analisar seus problemas, inquietações, sofrimentos de toda ordem, até que a montanha começa a operar sua mágica e Hans se transforma. Paulatinamente, vai percebendo o sentido da vida e do tempo. As personagens procuram em si, nos outros e no mundo que os rodeia um sentido que lhes explique a vida, o amor e a morte. Todas as tendências do pensamento, todos os conflitos morais, psicológicos, sociais e políticos estão aí representados pelos companheiros de tuberculose que formam uma espécie de microcosmo da humanidade.


Significado da obra:

Mann nos transmite a mensagem que a vida real humana acontece na planície, todavia carece do concurso da montanha porque somente a partir dela se pode perceber o sentido da vida, invisível pela perspectiva da planície. Assim, Hans Castorp precisa subir a montanha para compreender o mundo e descer à planície para vivê-lo.

 Sobre o autor:

Thomas Mann nasceu em Lübeck, norte da Alemanha, no dia 6 de junho de 1875 e teve como berço uma tradicional família de aristocratas. Sua mãe, Julia da Silva Bruhns, era brasileira, nascida na fazenda Boa Vista, em Angra dos Reis, e transferida com a família para a Alemanha durante a adolescência. Com apenas 26 anos, ele foi descoberto para o mundo através da publicação de Os Buddenbrooks, seu segundo livro, que narra a decadência em quatro gerações de uma família burguesa tradicional, inspirada em seu próprio clã.

Thomas Mann se tornou vítima das contradições do seu tempo, marcado por extremos ideológicos brutais. Para a esquerda, era um nacionalista ferrenho, que pregou a superioridade germânica em seus primeiros livros. Para a direita - sobretudo na época da caça às bruxas do Macarthismo nos EUA -, ganhou a pecha de comunista. Mann nunca transitou entre os dois extremos. Foi, acima de tudo, um anti-radical, que desprezou com todas as forças a mácula do nazismo, numa indignação que pode ser mensurada numa frase: "Falo de nossa vergonha. A Alemanha inteira, o espírito alemão, o pensamento alemão, a palavra alemã são atingidos por essa desonra". Faleceu na Suíça em 1955. 

terça-feira, 12 de maio de 2020

ANTÍGONA

ANTÍGONA
Autor: Sófocles
Tradução: Mário da Gama Kury
Editora: Jorge Zahar Editor
Assunto: Teatro grego – tragédia.
Edição: 10ª
Ano: 2002
Páginas: 199-261

Sinopse: Antígona é uma peça teatral escrita por Sófocles em 441 a.C. cujos fatos aconteceram por volta de 1.250 a.C., em Tebas na Ásia Menor, na qual exalta a coragem de uma princesa que enfrenta o rei arriscando a própria vida em defesa de um princípio.
Numa das mais belas e dramáticas tragédias já escritas, Sófocles devassa em toda a sua profundidade o amor, a lealdade, a dignidade.

O enredo
A intriga da história começa com uma alusão à guerra dos Sete contra Tebas, na qual os dois irmãos de Antígona, Etéocles e Polinices, se confrontam em lados opostos na disputa pelo trono.
Ambos morrem no campo de batalha, mas aos olhos de Creonte, tio daqueles, Polinices é considerado traidor de Tebas e, por isso, não lhe são concedidas honras fúnebres.

A Decisão
Creonte, com a morte dos dois sobrinhos Etéocles e Polinices, torna-se rei de Tebas.
            A sua primeira decisão como regente, foi enterrar o sobrinho Etéocles com todas as honras funerárias e deixar o corpo de Polinices insepulto.
            Para que se cumpra a sua decisão, decreta que a pena para a desobediência, é a morte.

A Contestação
            Antígona, apesar do interdito do rei Creonte, quer sepultar o irmão Polinices e evoca para tanto um princípio da lei não escrita.
            Antígona diz a Creonte que acima da Lei da Cidade existe a Lei Divina e que está para cima das leis cósmicas incorporadas na ordem social.
A Desobediência
Antígona recusa-se a cumprir a ordem de Creonte e, considerando tratar-se de um dever sagrado dar sepultura aos mortos, infringe a ordem do soberano e realiza os rituais fúnebres a que o irmão tem direito.

As Conseqüências
Devido a este ato de piedade, Antígona é condenada à morte pelo rei de Tebas e encarcerada viva no túmulo dos Labdácidas, de quem descende.
A ação impiedosa do rei será punida no final da tragédia: ao tomar conhecimento da morte de Antígona, Hêmon, filho de Creonte e noivo de Antígona, suicida-se.
Por conseqüência deste segundo suicídio, é a vez de Eurídice, mãe de Hêmon, decidir "morar eternamente no Hades".

O Impasse
Abre-se aqui um abismo entre a consciência do indivíduo que está aberta para a Lei Divina supra-cósmica e a consciência do meio social que está presa no meio da ordem cosmológica.
Este abismo gera um conflito entre a Lei dos Céus (dos deuses) que ela defende e a Lei da Terra (dos homens) que Creonte precisa fazer cumprir. Cria-se assim um impasse, resultante da contraposição entre duas esferas de poder: A Lei dos deuses e a Lei humana.

O Dilema
Todo o enredo da tragédia de Tebas gravita em torno desse dilema moral que dura mais de 3 mil e 250 anos e que faz de Antígona uma das mais importantes obras que dá os princípios basilares para o cristianismo:
Cumpre-se a Lei do Céu ou a Lei da Terra?

Considerações importantes
1.      A falta de Antígona foi o de desrespeitar uma ordem do rei.
2.      Creonte tinha razão quanto a defesa da Lei da Terra (Poder temporal), todavia sua decisão interferiu sobre a Lei dos Céus (Princípio espiritual). Logo, qual das leis deve ser cumprida?
3.      Este dilema já dura 3.250 anos porque as duas posições são imprescindíveis para a humanidade.
4.      Creonte era um governador e não um estadista* esse foi o seu maior problema.
* Estadista é aquele que consegue sacrificar a Lei da Terra em prol da Lei dos Céus.
5.      É preciso considerar a hierarquia das leis divinas sobre as disposições humanas.
6.      Imaginar que o humanismo é a solução para os problemas humanos é de uma ingenuidade incrível. Equipara-se ao raciocínio de uma criança de 8 anos.
7.      Perder a noção do sagrado é a pior coisa que pode acontecer ao ser humano. Foi o que aconteceu com Creonte quando toda uma tragédia se abateu sobre a sua regência e sua família.

Conclusão
1.      O ser humano pela sua condição de dualidade (Divina e Terrena), viverá permanentemente em conflito entre o Poder Espiritual e o Poder Temporal de cuja ambigüidade não conseguirá sair jamais. Por essa razão que o problema já dura mais de três milênios.
2.      Não há solução coletiva para o problema. A solução para conflito resultante da dualidade humana será sempre individual, pois não há solução fora do indivíduo, porque nada substitui a sua consciência individual das coisas.

A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS HUMANOS SERÁ SEMPRE INDIVIDUAL E JAMAIS COLETIVA!

Sobre o autor:
Sófocles (495 a.C. – 406 a.C.) nasceu e morreu em Atenas, na Grécia, e foi um dos maiores intelectuais da Antigüidade clássica. Autor prolífico e consagrado em seu tempo produziu cerca de 120 peças das quais restaram conservadas apenas 7, entre as quais Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona, Ájax e Electra.


domingo, 3 de maio de 2020

ATORMENTADOS


ATORMENTADOS
Título original: Bedeviled – Lewis, Tolkien and the Shadow of Evil
Autor: Colin Duriez
Tradução: Priscila Catão
Editora: Lírio Publicações
Assunto: Literatura inglesa
Edição: 1ª
Ano: 2020
Páginas: 252

Sinopse: Este é um livro que trata sobre a origem e o problema do mal, e mostra passo a passo como a tecnocracia, o egotismo, a desilusão e a perda da fé (o mundo, a carne e o diabo) são derrotadas pelo amor de Deus. Celebra, também, a força da esperança contra os terríveis poderes do mal que nos afligem.

A batalha entre o bem e o mal estava claramente em curso na era de C.S. Lewis e seus amigos do grupo literário de Oxford, os Inklings [foi um grupo informal de discussão sobre literatura associado à Universidade de Oxford, na Inglaterra], como também está na nossa era. Alguns dos membros dos Inklings carregaram marcas físicas e psicológicas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) que os levaram a considerar profundamente o problema do mal durante a era sombria da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) . Se eles estivessem vivos hoje, suas visões do conflito espiritual por detrás das batalhas físicas seriam certamente reafirmadas.
Entre os Inklings, Lewis estava na linha de frente da escrita sobre a dor humana, o sofrimento, a ação diabólica e o sobrenatural, com seus livros como Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz, entre outros. Por esta razão, não surpreende que ele seja o foco principal deste livro escrito pelo autor especialista nos Inklings, Colin Duriez. A trilogia de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, é outra rica fonte com muito o que dizer à era da Segunda Guerra Mundial e para além dela. Outros escritos dos Inklings são tratados à medida em que Duriez explora as considerações desses autores sobre o mal e a batalha espiritual, particularmente focadas no contexto de guerra.

Sobre o autor: Colin Duriez é escritor profissional e editor. Ele nasceu em Derbyshire em 19 de julho de 1947, Reino Unido. Passou sua infância em Long Eaton, Derbyshire, em algumas novas propriedades perto de Portsmouth e seis anos em uma vila mineira em South Wales, antes de se mudar para West Midlands. Formado pela Universidade de Ulster e Universidade de Istambul.



sábado, 23 de novembro de 2019

GRANDE SERTÃO: VEREDAS


GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Autor: João Guimarães Rosa
Assunto: Romance
Editora: Nova Fronteira
Edição: 21ª
Ano: 2015 (1ª Ed. em 1956)
Páginas: 496

Sinopse: O romance Grande Sertão: Veredas é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e inovadora.

Personagens:
-        Riobaldo – Tatarana – Urutu Branco
-        Reinaldo (Diadorim)
-        Joca Ramiro (jagunço líder – 1ª guerra)
-        Hermógenes (jagunço líder – 2ª guerra)
-        Ricardão (líder dos jagunços ao lado de Hermógenes)
-        Medeiro Vaz (simboliza a nobreza, o Império e o próprio Imperador)
-        Sô Candelário
-        Titão Passos
-        João Goanhá
-        Zé Bebelo (soldado do governo. Simboliza Exú – 7 punhais)
-        Gavião-Cujo (jagunço)
-        Otacília
-        Davidão (simboliza Davi)
-        Faustino (simboliza o próprio Fausto)
-        Migri (mãe de Riobaldo. Prostituta)

Resumo da narrativa: Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais, conta sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado. Trata-se de um monólogo onde a fala do outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. Toda a narração é intercalada por vários momentos de reflexão sobre as coisas e os acontecimentos do sertão. O assunto parece sempre girar na existência ou inexistência do diabo, já que Riobaldo parece Ter vendido sua alma numa certa ocasião... Riobaldo era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava: Reinaldo, ou Diadorim.
Conhecera-o quando menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes. Nas longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a mostrar certa confiança por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e assassinado por um dos seus companheiros chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e seus homens por toda aquela árida região.
Como o medo da morte e uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das trevas, apesar de não explícito. Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então, o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o combate, o grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas páginas, uma surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial era, na verdade, uma mulher.

ENREDO
Duas grandes guerras são narradas em Grande Sertão: Veredas.
A primeira é protagonizada pelos líderes Joca Ramiro, Sô Candelário, Titão Passos, João Goanhá, Ricardão e Hermógenes contra Zé Bebelo e os soldados do governo. Apanhado, Zé Bebelo é julgado pelo tribunal composto dos líderes citados, dos quais Joca Ramiro é o chefe supremo. Hermógenes e Ricardão são favoráveis à pena capital. No fim do julgamento, porém, Joca Ramiro sentencia a soltura de Zé Bebelo, sob a condição de que ele vá para Goiás e não volte até segunda ordem. Nesse ponto, a primeira guerra chega ao fim.
A paz, então, estabelece-se em todo o sertão. Até que, depois de longo período de bonança, aparece um jagunço chamado Gavião-Cujo, desesperado, e anuncia: “Mataram Joca Ramiro!...”
Começa, então, a segunda guerra, organizada sob novas lideranças: de um lado Hermógenes e Ricardão, assassinos de Joca Ramiro e traidores do bando; de outro, Zé Bebelo – que retorna para vingar a morte de seu salvador, chefiando o bando de Riobaldo e Diadorim – com os demais chefes. A segunda guerra termina no fim do romance, na batalha final no Paredão, na qual morre Hermógenes.

TEMPO
Nessa narrativa, pode haver dificuldade de compreensão sobre a passagem do tempo. O motivo são a estrutura do romance, que não se divide em capítulos, e a narrativa em primeira pessoa, que permite digressões do narrador, alternando assim o tempo da narrativa a seu bel-prazer. No entanto, podemos dividir a obra, segundo alguns fatos marcantes do enredo, para facilitar a leitura:
1ª parte – introdução dos principais temas do romance: o povo; o sertão; o sistema jagunço; Deus e o Diabo; e Diadorim. Nesse primeiro momento, Riobaldo introduz também a figura do interlocutor, que, como foi dito, não aparece diretamente na obra.
2ª parte – inicia-se in medias res, ou seja, no meio da narrativa. Durante a segunda guerra, Riobaldo e Diadorim, chefiados por Medeiro Vaz, tentam vingar a morte de Joca Ramiro.
3ª parte – a narrativa retorna à juventude de Riobaldo, quando ele conheceu o “menino Reinaldo”, e, para o desespero de Riobaldo, que não sabe nadar, ambos atravessam o rio São Francisco numa pequena embarcação.
4ª parte – conflito entre Riobaldo e Zé Bebelo, no qual esse último perde a chefia, e Riobaldo-Tatarana é rebatizado como “Urutu Branco”.
5ª parte – epílogo. Riobaldo retoma o fio da narração do início, contando ao interlocutor seu casamento com Otacília e como herdou as fazendas do padrinho. Ele termina sua narrativa com a palavra “travessia”, que é seguida pelo símbolo do infinito (O nome Otacília é composto de 8 letras que simboliza o infinito).
ESPAÇO
O espaço geral da obra é o sertão. Os nomes citados podem causar estranheza e confundir os leitores que desconhecem a região. É preciso entender, no entanto, que essa confusão criada pelos diversos nomes e regiões é proposital. Ela torna o enredo uma espécie de labirinto, como se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode ser interpretada como a travessia da existência.
ALGUNS ESPAÇOS DO SERTÃO
Podem ser listados alguns espaços da narrativa em que importantes ações do enredo se desenvolvem.
Chapadão do Urucúia – local da travessia do rio São Francisco, onde Riobaldo e Reinaldo/Diadorim se conhecem.
Fazenda dos Tucanos – espaço onde o bando liderado por Zé Bebelo fica preso, cercado pelo bando de Hermógenes, depois de cair em uma tocaia. Esse episódio da Fazenda dos Tucanos é marcante, por causa da sensação de claustrofobia descrita no texto. Preso na casa da fazenda por vários dias, o grupo liderado por Zé Bebelo é alvejado pelos inimigos.
Liso do Sussuarão – local da tentativa frustrada de travessia do bando de Medeiro Vaz (segunda parte) e conseqüente retirada.
Local da narração – fazenda de Riobaldo, localizada na beira do rio São Francisco, “a um dia e meio a cavalo”, no norte de Andrequicé.
Paredão – espaço da batalha final, onde Diadorim morre e termina a guerra.
Veredas Mortas – local do possível pacto de Riobaldo.

Resenha das personagens do livro:
RIOBALDO – é o personagem que narra a própria vida a um doutor que nunca aparece, desde a juventude, antes de virar jagunço. Nessa época, estudou e aprendeu a ler e a escrever, tornando-se professor de Zé Bebelo, seu futuro chefe. Quando entra para a vida de jagunço, a personagem é batizada de Tatarana, que significa “lagarta de fogo”, apelido dado em homenagem à sua exímia pontaria. Em um dado momento da narrativa, depois de um suposto pacto com o Diabo, Riobaldo-Ta tarana toma a liderança do grupo, sendo rebatizado de “Urutu Branco”.
AS TRÊS FACES AMOROSAS DE RIOBALDO:
Nhorinhá: prostituta, representa o amor físico, o “amor-sexo”, o prazer canal. O seu caráter profano e sensual atrai Riobaldo, mas somente no aspecto carnal.
Otacília: uma das mulheres amadas por Riobaldo personifica a pureza, a esposa que espera e reza, o “amor sentimento”. Contrária a Nhorinhá, Riobaldo destina a ela o seu amor verdadeiro (sentimental). É constantemente evocada pelo narrador quando este se encontrava desolado e saudoso durante sua vida de jagunço. Recebe a pedra de topázio de "seô Habão", simbolizando o noivado.
Diadorim: representa o amor impossível, proibido. É ela que causa grande conflito em Riobaldo, sendo objeto de desejo e repulsa (por conta de sua pseudo identidade).

DIADORIM – Personagem-chave do romance é tida como homem durante quase toda a narrativa. Apenas nas últimas páginas o narrador conta que, depois de sua morte, quando o corpo é despido e lavado, descobre-se que se tratava de uma mulher. Diadorim havia conhecido Riobaldo, quando ainda eram jovens, em uma travessia do rio São Francisco. Nessa ocasião, ela já vivia disfarçada de menino e dizia chamar-se Reinaldo escondendo sua identidade real (Maria Deodorina). O nome Reinaldo era secreto no meio da jagunçagem, utilizado apenas nos momentos em que ela e Riobaldo estavam a sós. Quando Riobaldo reencontra Reinaldo/Diadorim, tempos depois, passa para o bando de Joca Ramiro, motivado pela presença de Reinaldo. Riobaldo apaixona-se profundamente por Diadorim, o que provoca nele vários sentimentos contraditórios e de repressão, já que a paixão homossexual era uma relação impossível de ser aceita no meio jagunço.

JOCA RAMIRO – grande chefe político e guerreiro é o maior chefe dos jagunços, lidera a primeira guerra narrada no romance, e seu assassinato origina a segunda guerra. Em oposição a Hermógenes, Joca Ramiro é o grande guerreiro, o líder sábio, justo, corajoso, sendo bastante admirado. Aparece como encarnação das virtudes.

ZÉ BEBELO – personagem intrigante. Dono de uma oratória verborrágica, tinha ambições políticas, mas, segundo o narrador, começara tarde essa busca pelo poder. Zé Bebelo é extremamente orgulhoso e gaba-se de nunca se ter deixado comandar por ninguém. Conhece Riobaldo quando esse ainda não era jagunço e aprende com ele um pouco de português. Quando Riobaldo lhe toma a chefia, Zé Bebelo reconhece a força do oponente e decide deixar o grupo. Riobaldo tem uma relação diferenciada com Zé Bebelo, conservando sempre certo apreço por esse personagem.

HERMÓGENES – para Riobaldo, Hermógenes era o “Cão”, o “Demo”. É o personagem mais odiado pelo narrador. Na primeira guerra, quando estão lutando do mesmo lado, Riobaldo já revela seu ódio por ele; na segunda guerra, quando Hermógenes e Ricardão assassinam Joca Ramiro, esse sentimento se acentua. No romance, Hermógenes é a personificação do mal.

RICARDÃO: – enquanto Zé Bebelo guerreava por ambições políticas e Hermógenes era motivado por sua natureza assassina, Ricardão tinha interesse apenas na questão financeira. Fazendeiro rico, guerreava para depois poder enriquecer em paz.

MEDEIRO VAZ: chefe de jagunços que se une aos homens de Joca Ramiro para combater contra Hermógenes e Ricardão por conta da morte do grande chefe.
SÔ CANDELÁRIO: outro chefe que ajuda na vingança. Possuía grande temor de contrair lepra.
QUELEMÉM DE GÓIS: compadre e confidente de Riobaldo, que o ajuda em suas dúvidas e inquietações sobre o Homem e o mundo.


sábado, 1 de setembro de 2018

REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO


REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO
Autor: Plinio Corrêa de Oliveira
Assunto: Ensaio social e religioso
Editora: Artpress
Edição: Comemorativa dos 50 anos da publicação.
Ano: 2009
Páginas: 166

Sinopse: A humanidade de nossos dias encontra-se diante de um impasse: de um lado, parece estar marchando rumo a um progresso maravilhoso e indefinido, nos campos humano e científico, cujos confins não se consegue sequer vislumbrar: de outro lado, assiste-se uma deterioração abrumadora da civilização, do convívio social, e das próprias condições da vida moderna, que pode desfechar, de um momento para outro, no confronto generalizado de indivíduos, família, sociedades, povos e nações.
- Como resolver esse impasse? Como se chegou a ele? É das respostas a estas duas perguntas que este livro se ocupa. Mas não paremos por aqui. Continuemos a descrição da obra.
Uma pergunta prévia: esse impasse é fruto previsível das paixões humanas entregues a si mesmas, ou a elas se acrescentou a atuação coordenada de forças que atuaram intencionalmente para atingir tal resultado? Estaríamos então diante de um processo duplo, em parte natural e em parte artificial, que se desenvolveu conjuntamente para produzir esse efeito?
Apontando a existência desse processo, autores – tanto contrários como favoráveis a ele – deram-lhe um nome: Revolução.
Assim, grandes pensadores – católicos e não católicos – foram delineando e descrevendo, passo a passo, o processo revolucionário que conduziu a sociedade humana, a partir da Idade Média – com sua fé primaveril nos ensinamentos do Evangelho e nos da Igreja Católica – à sociedade atual, esteada na trilogia liberté-egalité-fraternité, que, seduzindo a humanidade com avanços tecnológicos deslumbrantes, implantou a mais cínica e escancarada liberdade de costumes. A tal ponto que, no estágio em que as coisas hoje se encontram, é lícito perguntar se, sem uma intervenção extraordinária da Providência, o desconserto do mundo moderno tem solução.
Muitos estão convencidos de que não.
Desde muito moço, o autor discerniu que tal deterioração da humanidade a encaminharia para uma catástrofe fatal. E em suas leituras, logo se deparou com o conceito de Revolução destilado por uma ilustre plêiade de pensadores católicos que o precederam, Seu mérito pessoal foi conferir um sentido amplo e preciso para o termo Revolução, mostrar a coerência interna do processo revolucionário, descrever suas metas e métodos, bem como o seu encadeamento histórico, desde os primeiros sintomas de decadência da Idade Média até os dias de hoje.
Mostrou, assim, que a Revolução se desenvolveu por etapas claramente diferenciadas, porém logicamente concatenadas, que ele designa pela sua seqüência numérica: Revolução Protestante (I), Revolução Francesa (II), Revolução Comunista (III) – até chegarmos à IV Revolução, a Revolução Cultural e Tribalista, que se desenvolve diante de nossos olhos e visa estabelecer na sociedade uma organização tribal, semelhante à dos indígenas primitivos.
A visão da crise contemporânea que o autor oferece neste livro vai, muito além de quanto foi dito, até agora, pelos mais perspicazes analistas. Mas se ele o fez, e pôde ver mais longe do que os que o precederam, foi justamente porque – parafraseando a célebre frase de Newton – teve a humildade, porém grandiosas, ousadia de apoiar-se no ombro desses gigantes do pensamento que o precederam.
Cumpre, entretanto, elevar ainda mais alto, as nossas vistas. Se ele o fez, foi, sobretudo graças ao instinto profético com que o dotou a Providência divina, com vistas à recondução da humanidade para as vias da verdade e do bem e, mais especificamente ao seio sacrossanto da Santa Igreja.
Os que, lendo este livro, e, sobretudo embebendo-se de seus princípios, se alistaram nas fileiras da Contra-Revolução – outro conceito por ele magnificamente desenvolvido e descrito – estarão preparando humanamente o terreno para essa intervenção extraordinária da Providência divina para resolver a magna crise contemporânea. Intervenção essa que se realizará sob a égide a Santíssima Virgem, como ela mesma anunciou profeticamente em Fátima, em 1917, e que o autor se comprazia em repetir: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

O JULGAMENTO DAS NAÇÕES


O JULGAMENTO DAS NAÇÕES
Título original: The Judgment of the Nations
Autor: Christopher Dawson (1889-1970)
Tradução: Marcia Paiva Xavier de Brito
Assunto: Ciências humanas e sociais
Editora: É Realizações
Edição: 1ª
Ano: 2018
Páginas: 272

Temas: Civilização judaico-cristã, Ocidente, Ecumenismo, Filosofia da história, Meta-história, Teologia da cultura, Secularismo e História contemporânea.

Sinopse: Tão decisiva quanto a adesão do Império Romano ao cristianismo, entre os séculos XIX e XX se instaura no Ocidente uma nova religião: a fé secular no progresso. Foi esse credo que ocasionou a submissão do homem à técnica, reavivando males que se consideravam superados – a tortura, a escravidão, o medo da morte repentina – e acrescentando-lhes outros.
Uma vez distanciada da religião sobre cujos valores se fundara, a nossa civilização já não é capaz de acreditar em si mesma. Ela necessita de valores humanos básicos, como o da liberdade, mas não sabe como assegurá-los.
Nessa condição dramática, cujas raízes se espalham pelas cisões da cristandade durante o segundo milênio, a “causa de Deus” se identifica com a “causa dos homens”: para superar seus impasses políticos, o mundo deve reconsiderar aquele ideal de humanidade que sempre – é por vezes, solitariamente – fora defendido pela Igreja. Distinguindo cuidadosamente o liberalismo como tradição, como ideologia e como partido, Dawson demonstra que um humanismo verdadeiramente cristão não se opõe nem ao senso de responsabilidade moral nem ao reconhecimento da soberania divina.
R. H. Tawney (1880-1962) disse que este livro é um diagnóstico da crise da nossa era. Nas palavras de Dawson:


“O progresso da civilização ocidental pela ciência e pelo poder parece conduzir a um estado de secularização total em que tanto a religião quanto a liberdade desaparecem simultaneamente. A disciplina que a máquina impõe ao homem é tão estrita que a própria natureza humana está em perigo de ser mecanizada  e absorvida no processo material. Onde isso é aceito como necessidade histórica inelutável, chega a ser uma sociedade planejada em estrito espírito científico, mas que será uma ordem estática e sem vida, que não possui outro fim além da própria preservação e que deve, por fim, causar o enfraquecimento do arbítrio humano e a esterilização da cultura. Por outro lado, se uma sociedade rejeita esse determinismo científico e busca preservar e desenvolver a vitalidade humana dentro do arcabouço de um Estado totalitário, é forçada, como na Alemanha nazista, a explorar os elementos irracionais da sociedade e da natureza humana de modo que as forças da violência e da agressividade, que todas as culturas do passado buscaram disciplinar e controlar, irrompam para dominar e destruir o mundo”.

 O Autor: Graduado em História pela Universidade de Oxford, também estudou Economia e Teologia. Foi influenciado pelas obras de Oswald Spengler e Arnold J. Toynbee e, embora tenha permanecido um estudioso independente por toda a vida, foi professor convidado de Estudos Católicos Romanos na Universidade de Harvard e de Filosofia da Religião na Universidade de Liverpool. Foi eleito para a Academia Britânica em 1943. Entre seus admiradores declarados, encontram-se gigantes como J. R. R. Tolkien e Russell Kirk.




PALESTRA DA OBRA