Sinopse:
Antígona é uma peça
teatral escrita por Sófocles em 441 a.C. cujos fatos aconteceram
por volta de 1.250 a.C.,
em Tebas na Ásia Menor, na qual exalta a coragem de uma princesa que enfrenta o
rei arriscando a própria vida em defesa de um princípio.
Numa das mais belas e dramáticas
tragédias já escritas, Sófocles devassa em toda a sua profundidade o amor, a
lealdade, a dignidade.
O
enredo
A intriga da
história começa com uma alusão à guerra dos Sete contra Tebas, na qual os dois
irmãos de Antígona, Etéocles e Polinices, se confrontam em lados opostos na
disputa pelo trono.
Ambos morrem no
campo de batalha, mas aos olhos de Creonte, tio daqueles, Polinices é
considerado traidor de Tebas e, por isso, não lhe são concedidas honras
fúnebres.
A
Decisão
Creonte, com a
morte dos dois sobrinhos Etéocles e Polinices, torna-se rei de Tebas.
A sua primeira decisão como regente,
foi enterrar o sobrinho Etéocles com todas as honras funerárias e deixar o
corpo de Polinices insepulto.
Para que se cumpra a sua decisão,
decreta que a pena para a desobediência, é a morte.
A
Contestação
Antígona, apesar do interdito do rei
Creonte, quer sepultar o irmão Polinices e evoca para tanto um princípio da lei
não escrita.
Antígona diz a Creonte que acima da
Lei da Cidade existe a Lei Divina e que está para cima das leis cósmicas
incorporadas na ordem social.
A
Desobediência
Antígona recusa-se
a cumprir a ordem de Creonte e, considerando tratar-se de um dever sagrado dar
sepultura aos mortos, infringe a ordem do soberano e realiza os rituais
fúnebres a que o irmão tem direito.
As
Conseqüências
Devido a este ato
de piedade, Antígona é condenada à morte pelo rei de Tebas e encarcerada viva
no túmulo dos Labdácidas, de quem descende.
A ação impiedosa
do rei será punida no final da tragédia: ao tomar conhecimento da morte de
Antígona, Hêmon, filho de Creonte e noivo de Antígona, suicida-se.
Por conseqüência
deste segundo suicídio, é a vez de Eurídice, mãe de Hêmon, decidir "morar
eternamente no Hades".
O
Impasse
Abre-se
aqui um abismo entre a consciência do indivíduo que está aberta para a Lei
Divina supra-cósmica e a consciência do meio social que está presa no meio da
ordem cosmológica.
Este
abismo gera um conflito entre a Lei dos Céus (dos deuses) que ela defende e a
Lei da Terra (dos homens) que Creonte precisa fazer cumprir. Cria-se assim um
impasse, resultante da contraposição entre duas esferas de poder: A Lei dos
deuses e a Lei humana.
O
Dilema
Todo o
enredo da tragédia de Tebas gravita em torno desse dilema moral que dura mais de 3 mil e 250 anos e que faz de Antígona
uma das mais importantes obras que dá os princípios basilares para o
cristianismo:
Cumpre-se a Lei do Céu ou a Lei da Terra?
Considerações
importantes
1.A
falta de Antígona foi o de desrespeitar uma ordem do rei.
2.Creonte
tinha razão quanto a defesa da Lei da Terra (Poder temporal), todavia sua
decisão interferiu sobre a Lei dos Céus (Princípio espiritual). Logo, qual das
leis deve ser cumprida?
3.Este
dilema já dura 3.250 anos porque as duas
posições são imprescindíveis para a humanidade.
4.Creonte
era um governador e não um estadista*
esse foi o seu maior problema.
* Estadista é aquele que consegue sacrificar a Lei da Terra em prol
da Lei dos Céus.
5.É
preciso considerar a hierarquia das leis divinas sobre as disposições humanas.
6.Imaginar
que o humanismo é a solução para os problemas humanos é de uma ingenuidade
incrível. Equipara-se ao raciocínio de uma criança de 8 anos.
7.Perder
a noção do sagrado é a pior coisa que pode acontecer ao ser humano. Foi o que
aconteceu com Creonte quando toda uma tragédia se abateu sobre a sua regência e
sua família.
Conclusão
1.O
ser humano pela sua condição de dualidade (Divina e Terrena), viverá
permanentemente em conflito entre o Poder
Espiritual e o Poder Temporal de
cuja ambigüidade não conseguirá sair jamais. Por essa razão que o problema já
dura mais de três milênios.
2.Não
há solução coletiva para o problema. A solução para conflito resultante da
dualidade humana será sempre individual, pois não há solução fora do indivíduo,
porque nada substitui a sua consciência individual das coisas.
A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS HUMANOS SERÁ
SEMPRE INDIVIDUAL E JAMAIS COLETIVA!
Sobre
o autor:
Sófocles (495 a.C. – 406 a.C.) nasceu e morreu em
Atenas, na Grécia, e foi um dos maiores intelectuais da Antigüidade clássica.
Autor prolífico e consagrado em seu tempo produziu cerca de 120 peças das quais
restaram conservadas apenas 7, entre as quais Édipo Rei, Édipo
em Colono, Antígona, Ájax
e Electra.
Título original:
Bedeviled – Lewis, Tolkien and the Shadow of Evil
Autor: Colin Duriez
Tradução: Priscila Catão
Editora: Lírio Publicações
Assunto: Literatura inglesa
Edição: 1ª
Ano: 2020
Páginas: 252
Sinopse: Este é um livro
que trata sobre a origem e o problema do mal, e mostra passo a passo como a
tecnocracia, o egotismo, a desilusão e a perda da fé (o mundo, a carne e o diabo) são derrotadas pelo amor de Deus.
Celebra, também, a força da esperança contra os terríveis poderes do mal que
nos afligem.
A batalha entre o bem e o mal
estava claramente em curso na era de C.S. Lewis e seus amigos do grupo
literário de Oxford, os Inklings [foi um grupo
informal de discussão sobre literatura associado à Universidade de Oxford, na
Inglaterra], como também está na nossa era. Alguns
dos membros dos Inklings carregaram marcas físicas e psicológicas da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) que os levaram a considerar profundamente
o problema do mal durante a era sombria da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
. Se eles estivessem vivos hoje, suas visões do conflito espiritual por detrás
das batalhas físicas seriam certamente reafirmadas.
Entre os Inklings, Lewis estava na
linha de frente da escrita sobre a dor humana, o sofrimento, a ação diabólica e
o sobrenatural, com seus livros como Cartas
de um Diabo a Seu Aprendiz, entre outros. Por esta razão, não surpreende
que ele seja o foco principal deste livro escrito pelo autor especialista nos
Inklings, Colin Duriez. A trilogia de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, é
outra rica fonte com muito o que dizer à era da Segunda Guerra Mundial e para
além dela. Outros escritos dos Inklings são tratados à medida em que Duriez
explora as considerações desses autores sobre o mal e a batalha espiritual,
particularmente focadas no contexto de guerra.
Sobre o autor: Colin
Duriez é escritor profissional e editor. Ele
nasceu em Derbyshire em 19 de julho de 1947, Reino Unido. Passou sua infância
em Long Eaton, Derbyshire, em algumas novas propriedades perto de Portsmouth e
seis anos em uma vila mineira em South Wales, antes de se mudar para West
Midlands. Formado pela Universidade
de Ulster e Universidade
de Istambul.
Sinopse:O romance Grande Sertão:
Veredas é considerado uma das mais significativas obras da literatura
brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão e
pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do
experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática
regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e
inovadora.
Personagens:
-Riobaldo
– Tatarana – Urutu Branco
-Reinaldo
(Diadorim)
-Joca
Ramiro (jagunço líder – 1ª guerra)
-Hermógenes
(jagunço líder – 2ª guerra)
-Ricardão
(líder dos jagunços ao lado de Hermógenes)
-Medeiro
Vaz (simboliza a nobreza, o Império e o próprio Imperador)
-Sô
Candelário
-Titão
Passos
-João
Goanhá
-Zé
Bebelo (soldado do governo. Simboliza Exú – 7 punhais)
-Gavião-Cujo
(jagunço)
-Otacília
-Davidão
(simboliza Davi)
-Faustino
(simboliza o próprio Fausto)
-Migri
(mãe de Riobaldo. Prostituta)
Resumo da narrativa: Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas
Gerais, conta sua vida de jagunço a um ouvinte não identificado. Trata-se de um
monólogo onde a fala do outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de
disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo
ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. Toda
a narração é intercalada por vários momentos de reflexão sobre as coisas e os
acontecimentos do sertão. O assunto parece sempre girar na existência ou
inexistência do diabo, já que Riobaldo parece Ter vendido sua alma numa certa
ocasião... Riobaldo era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o
caminho à bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava:
Reinaldo, ou Diadorim.
Conhecera-o quando
menino e mantinha com ele uma relação que muitas vezes passava de uma simples
amizade. O jagunço, que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim,
perturbava-se com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia
contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes. Nas
longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos seus heróis: o
chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles homens, que logo começa a
mostrar certa confiança por ele. Isso dura pouco tempo, já que Riobaldo logo
perde seu líder: Joca Ramiro acabou sendo traído e assassinado por um dos seus
companheiros chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e
seus homens por toda aquela árida região.
Como o medo da morte e
uma curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais conta da
alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o príncipe das
trevas, apesar de não explícito. Acontecido ou não o tal pacto, o fato é que
Riobaldo começa a mudar à medida que o combate final contra Hermógenes se
aproxima. E a crescente raiva do jagunço só é contida por uma relação mais
estreita com Diadorim, que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então,
o encontro com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por
Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata, durante o
combate, o grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas páginas, uma
surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de Diadorim, Riobaldo percebe
que o velho amigo de aventuras que sempre lhe cativou de uma forma especial
era, na verdade, uma mulher.
ENREDO
Duas grandes guerras são narradas em Grande
Sertão: Veredas.
A primeira é protagonizada pelos líderes
Joca Ramiro, Sô Candelário, Titão Passos, João Goanhá, Ricardão e Hermógenes
contra Zé Bebelo e os soldados do governo. Apanhado, Zé Bebelo é julgado pelo
tribunal composto dos líderes citados, dos quais Joca Ramiro é o chefe supremo.
Hermógenes e Ricardão são favoráveis à pena capital. No fim do julgamento,
porém, Joca Ramiro sentencia a soltura de Zé Bebelo, sob a condição de que ele
vá para Goiás e não volte até segunda ordem. Nesse ponto, a primeira guerra
chega ao fim.
A paz, então, estabelece-se em todo o
sertão. Até que, depois de longo período de bonança, aparece um jagunço chamado
Gavião-Cujo, desesperado, e anuncia: “Mataram Joca Ramiro!...”
Começa, então, a segunda guerra,
organizada sob novas lideranças: de um lado Hermógenes e Ricardão, assassinos
de Joca Ramiro e traidores do bando; de outro, Zé Bebelo – que retorna para
vingar a morte de seu salvador, chefiando o bando de Riobaldo e Diadorim – com
os demais chefes. A segunda guerra termina no fim do romance, na batalha final
no Paredão, na qual morre Hermógenes.
TEMPO
Nessa narrativa, pode haver
dificuldade de compreensão sobre a passagem do tempo. O motivo são a estrutura
do romance, que não se divide em capítulos, e a narrativa em primeira pessoa,
que permite digressões do narrador, alternando assim o tempo da narrativa a seu
bel-prazer. No entanto, podemos dividir a obra, segundo alguns fatos marcantes
do enredo, para facilitar a leitura:
1ª parte – introdução dos principais temas do
romance: o povo; o sertão; o sistema jagunço; Deus e o Diabo; e Diadorim. Nesse
primeiro momento, Riobaldo introduz também a figura do interlocutor, que, como
foi dito, não aparece diretamente na obra.
2ª parte – inicia-se in medias res, ou seja,
no meio da narrativa. Durante a segunda guerra, Riobaldo e Diadorim, chefiados
por Medeiro Vaz, tentam vingar a morte de Joca Ramiro.
3ª parte – a narrativa retorna à juventude de
Riobaldo, quando ele conheceu o “menino Reinaldo”, e, para o desespero de
Riobaldo, que não sabe nadar, ambos atravessam o rio São Francisco numa pequena
embarcação.
4ª parte – conflito entre Riobaldo e Zé
Bebelo, no qual esse último perde a chefia, e Riobaldo-Tatarana é rebatizado
como “Urutu Branco”.
5ª parte – epílogo. Riobaldo retoma o fio da
narração do início, contando ao interlocutor seu casamento com Otacília e como
herdou as fazendas do padrinho. Ele termina sua narrativa com a palavra
“travessia”, que é seguida pelo símbolo do infinito (O nome Otacília é composto
de 8 letras que simboliza o infinito).
ESPAÇO
O espaço geral da obra é o sertão. Os
nomes citados podem causar estranheza e confundir os leitores que desconhecem a
região. É preciso entender, no entanto, que essa confusão criada pelos diversos
nomes e regiões é proposital. Ela torna o enredo uma espécie de labirinto, como
se fosse uma metáfora da vida. A travessia desse labirinto, por analogia, pode
ser interpretada como a travessia da existência.
ALGUNS ESPAÇOS DO SERTÃO
Podem ser listados alguns espaços da
narrativa em que importantes ações do enredo se desenvolvem.
Chapadão do Urucúia – local da travessia do rio São
Francisco, onde Riobaldo e Reinaldo/Diadorim se conhecem.
Fazenda dos Tucanos – espaço onde o bando liderado por
Zé Bebelo fica preso, cercado pelo bando de Hermógenes, depois de cair em uma
tocaia. Esse episódio da Fazenda dos Tucanos é marcante, por causa da sensação
de claustrofobia descrita no texto. Preso na casa da fazenda por vários dias, o
grupo liderado por Zé Bebelo é alvejado pelos inimigos.
Liso do Sussuarão – local da tentativa frustrada de
travessia do bando de Medeiro Vaz (segunda parte) e conseqüente retirada.
Local da narração – fazenda de Riobaldo, localizada na
beira do rio São Francisco, “a um dia e meio a cavalo”, no norte de Andrequicé.
Paredão – espaço da batalha final, onde Diadorim
morre e termina a guerra.
Veredas Mortas – local do possível
pacto de Riobaldo.
Resenha das personagens
do livro:
RIOBALDO – é o personagem que narra a própria
vida a um doutor que nunca aparece, desde a juventude, antes de virar jagunço.
Nessa época, estudou e aprendeu a ler e a escrever, tornando-se professor de Zé
Bebelo, seu futuro chefe. Quando entra para a vida de jagunço, a personagem é
batizada de Tatarana,
que significa “lagarta de fogo”, apelido dado em homenagem à sua exímia
pontaria. Em um dado momento da narrativa, depois de um suposto pacto com o
Diabo, Riobaldo-Ta tarana toma a liderança do grupo, sendo rebatizado de “Urutu Branco”.
AS
TRÊS FACES AMOROSAS DE RIOBALDO:
Nhorinhá: prostituta, representa o
amor físico, o “amor-sexo”, o prazer canal. O seu caráter profano e sensual
atrai Riobaldo, mas somente no aspecto carnal.
Otacília: uma das mulheres amadas
por Riobaldo personifica a pureza, a esposa que espera e reza, o “amor
sentimento”. Contrária a Nhorinhá, Riobaldo destina a ela o seu amor verdadeiro
(sentimental). É constantemente evocada pelo narrador quando este se encontrava
desolado e saudoso durante sua vida de jagunço. Recebe a pedra de topázio de
"seô Habão", simbolizando o noivado.
Diadorim: representa
o amor impossível, proibido. É ela que causa grande conflito em Riobaldo, sendo
objeto de desejo e repulsa (por conta de sua pseudo identidade).
DIADORIM – Personagem-chave do romance é tida
como homem durante quase toda a narrativa. Apenas nas últimas páginas o
narrador conta que, depois de sua morte, quando o corpo é despido e lavado,
descobre-se que se tratava de uma mulher. Diadorim havia conhecido Riobaldo,
quando ainda eram jovens, em uma travessia do rio São Francisco. Nessa ocasião,
ela já vivia disfarçada de menino e dizia chamar-se Reinaldo escondendo sua
identidade real (Maria Deodorina). O nome Reinaldo era secreto no meio da
jagunçagem, utilizado apenas nos momentos em que ela e Riobaldo estavam a sós.
Quando Riobaldo reencontra Reinaldo/Diadorim, tempos depois, passa para o bando
de Joca Ramiro, motivado pela presença de Reinaldo. Riobaldo apaixona-se
profundamente por Diadorim, o que provoca nele vários sentimentos
contraditórios e de repressão, já que a paixão homossexual era uma relação
impossível de ser aceita no meio jagunço.
JOCA RAMIRO – grande chefe político e guerreiro
é o maior chefe dos jagunços, lidera a primeira guerra narrada no romance, e
seu assassinato origina a segunda guerra. Em oposição a Hermógenes, Joca Ramiro
é o grande guerreiro, o líder sábio, justo, corajoso, sendo bastante admirado.
Aparece como encarnação das virtudes.
ZÉ BEBELO – personagem intrigante. Dono de uma
oratória verborrágica, tinha ambições políticas, mas, segundo o narrador,
começara tarde essa busca pelo poder. Zé Bebelo é extremamente orgulhoso e
gaba-se de nunca se ter deixado comandar por ninguém. Conhece Riobaldo quando
esse ainda não era jagunço e aprende com ele um pouco de português. Quando
Riobaldo lhe toma a chefia, Zé Bebelo reconhece a força do oponente e decide deixar
o grupo. Riobaldo tem uma relação diferenciada com Zé Bebelo, conservando
sempre certo apreço por esse personagem.
HERMÓGENES – para Riobaldo, Hermógenes era o
“Cão”, o “Demo”. É o personagem mais odiado pelo narrador. Na primeira guerra,
quando estão lutando do mesmo lado, Riobaldo já revela seu ódio por ele; na
segunda guerra, quando Hermógenes e Ricardão assassinam Joca Ramiro, esse
sentimento se acentua. No romance, Hermógenes é a personificação do mal.
RICARDÃO: – enquanto Zé Bebelo guerreava por
ambições políticas e Hermógenes era motivado por sua natureza assassina,
Ricardão tinha interesse apenas na questão financeira. Fazendeiro rico,
guerreava para depois poder enriquecer em paz.
MEDEIRO VAZ: chefe de jagunços que se une aos
homens de Joca Ramiro para combater contra Hermógenes e Ricardão por conta da
morte do grande chefe.
SÔ CANDELÁRIO: outro
chefe que ajuda na vingança. Possuía grande temor de contrair lepra.
QUELEMÉM DE GÓIS: compadre e
confidente de Riobaldo, que o ajuda em suas dúvidas e inquietações sobre o
Homem e o mundo.
Sinopse: A humanidade de nossos dias
encontra-se diante de um impasse: de um lado, parece estar marchando rumo a um
progresso maravilhoso e indefinido, nos campos humano e científico, cujos
confins não se consegue sequer vislumbrar: de outro lado, assiste-se uma
deterioração abrumadora da civilização, do convívio social, e das próprias
condições da vida moderna, que pode desfechar, de um momento para outro, no
confronto generalizado de indivíduos, família, sociedades, povos e nações.
- Como resolver esse impasse? Como se chegou a ele? É
das respostas a estas duas perguntas que este livro se ocupa. Mas não paremos
por aqui. Continuemos a descrição da obra.
Uma pergunta prévia: esse
impasse é fruto previsível das paixões humanas entregues a si mesmas, ou a elas
se acrescentou a atuação coordenada de forças que atuaram intencionalmente para
atingir tal resultado? Estaríamos então diante de um processo duplo, em parte
natural e em parte artificial, que se desenvolveu conjuntamente para produzir
esse efeito?
Apontando a existência desse
processo, autores – tanto contrários como favoráveis a ele – deram-lhe um nome:
Revolução.
Assim, grandes pensadores –
católicos e não católicos – foram delineando e descrevendo, passo a passo, o
processo revolucionário que conduziu a sociedade humana, a partir da Idade
Média – com sua fé primaveril nos ensinamentos do Evangelho e nos da Igreja
Católica – à sociedade atual, esteada na trilogia liberté-egalité-fraternité, que, seduzindo a humanidade com avanços
tecnológicos deslumbrantes, implantou a mais cínica e escancarada liberdade de
costumes. A tal ponto que, no estágio em que as coisas hoje se encontram, é
lícito perguntar se, sem uma intervenção extraordinária da Providência, o
desconserto do mundo moderno tem solução.
Muitos estão convencidos de
que não.
Desde muito moço, o autor
discerniu que tal deterioração da humanidade a encaminharia para uma catástrofe
fatal. E em suas leituras, logo se deparou com o conceito de Revolução destilado por uma ilustre
plêiade de pensadores católicos que o precederam, Seu mérito pessoal foi
conferir um sentido amplo e preciso para o termo Revolução, mostrar a coerência interna do processo revolucionário,
descrever suas metas e métodos, bem como o seu encadeamento histórico, desde os
primeiros sintomas de decadência da Idade Média até os dias de hoje.
Mostrou, assim, que a Revolução
se desenvolveu por etapas claramente diferenciadas, porém logicamente concatenadas,
que ele designa pela sua seqüência numérica: Revolução Protestante (I), Revolução
Francesa (II), Revolução Comunista (III) – até chegarmos à IV Revolução, a Revolução
Cultural e Tribalista, que se desenvolve diante de nossos olhos e visa
estabelecer na sociedade uma organização
tribal, semelhante à dos indígenas primitivos.
A visão da crise
contemporânea que o autor oferece neste livro vai, muito além de quanto foi
dito, até agora, pelos mais perspicazes analistas. Mas se ele o fez, e pôde ver
mais longe do que os que o precederam, foi justamente porque – parafraseando a
célebre frase de Newton – teve a humildade, porém grandiosas, ousadia de
apoiar-se no ombro desses gigantes do pensamento que o precederam.
Cumpre, entretanto, elevar
ainda mais alto, as nossas vistas. Se ele o fez, foi, sobretudo graças ao
instinto profético com que o dotou a Providência divina, com vistas à
recondução da humanidade para as vias da verdade e do bem e, mais
especificamente ao seio sacrossanto da Santa Igreja.
Os que, lendo este livro, e,
sobretudo embebendo-se de seus princípios, se alistaram nas fileiras da Contra-Revolução – outro conceito por
ele magnificamente desenvolvido e descrito – estarão preparando humanamente o
terreno para essa intervenção extraordinária da Providência divina para
resolver a magna crise contemporânea. Intervenção essa que se realizará sob a
égide a Santíssima Virgem, como ela mesma anunciou profeticamente em Fátima, em
1917, e que o autor se comprazia em repetir: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
Páginas: 272 Temas: Civilização judaico-cristã, Ocidente, Ecumenismo, Filosofia da história, Meta-história, Teologia da cultura, Secularismo e História contemporânea.
Sinopse: Tão decisiva quanto a adesão do
Império Romano ao cristianismo, entre os séculos XIX e XX se instaura no
Ocidente uma nova religião: a fé secular no progresso. Foi esse credo que
ocasionou a submissão do homem à técnica, reavivando males que se consideravam
superados – a tortura, a escravidão, o medo da morte repentina – e acrescentando-lhes
outros.
Uma vez
distanciada da religião sobre cujos valores se fundara, a nossa civilização já não é capaz de acreditar em si mesma. Ela
necessita de valores humanos básicos, como o da liberdade, mas não sabe como assegurá-los.
Nessa
condição dramática, cujas raízes se espalham pelas cisões da cristandade
durante o segundo milênio, a “causa de Deus” se identifica com a “causa dos
homens”: para superar seus impasses políticos, o mundo deve reconsiderar aquele
ideal de humanidade que sempre – é por vezes, solitariamente – fora defendido
pela Igreja. Distinguindo cuidadosamente o liberalismo como tradição, como
ideologia e como partido, Dawson demonstra que um humanismo verdadeiramente
cristão não se opõe nem ao senso de responsabilidade moral nem ao
reconhecimento da soberania divina.
R.
H. Tawney (1880-1962) disse que este livro é um diagnóstico da crise da nossa
era. Nas palavras de Dawson:
“O progresso da civilização ocidental
pela ciência e pelo poder parece conduzir a um estado de secularização total em
que tanto a religião quanto a liberdade desaparecem simultaneamente. A disciplina que a máquina impõe ao homem é
tão estrita que a própria natureza humana está em perigo de ser mecanizada e absorvida no processo material. Onde
isso é aceito como necessidade histórica inelutável, chega a ser uma sociedade
planejada em estrito espírito científico, mas que será uma ordem estática e sem
vida, que não possui outro fim além da própria preservação e que deve, por fim,
causar o enfraquecimento do arbítrio humano e a esterilização da cultura. Por
outro lado, se uma sociedade rejeita esse determinismo científico e busca
preservar e desenvolver a vitalidade humana dentro do arcabouço de um Estado
totalitário, é forçada, como na Alemanha nazista, a explorar os elementos
irracionais da sociedade e da natureza humana de modo que as forças da
violência e da agressividade, que todas as culturas do passado buscaram
disciplinar e controlar, irrompam para dominar e destruir o mundo”.
O Autor:
Graduado em História pela Universidade de Oxford, também estudou Economia e
Teologia. Foi influenciado pelas obras de Oswald Spengler e Arnold J. Toynbee
e, embora tenha permanecido um estudioso independente por toda a vida, foi
professor convidado de Estudos Católicos Romanos na Universidade de Harvard e
de Filosofia da Religião na Universidade de Liverpool. Foi eleito para a
Academia Britânica em 1943. Entre seus admiradores declarados, encontram-se
gigantes como J. R. R. Tolkien e Russell Kirk.
O livro escrito
em 1899 apresenta a narrativa de Charlie Marlow, um alter ego[1]
de Joseph Conrad, sobre suas experiências nos confins da África. Marlow
descreve os sombrios horrores enfrentados no coração da selva africana, como a
morte iminente e a bárbara selvageria dos nativos. O objetivo de Marlow nesse
ambiente hostil é encontrar o Sr. Kurtz, personagem envolto em certo
misticismo. No decorrer de sua jornada, os caracteres da personalidade de Kurtz
são apresentados, alçando paulatinamente esse personagem à uma condição divina.
Entretanto, quando o encontro entre os dois finalmente acontece sobra certa
decepção com o desfecho, dadas às expectativas criadas no decorrer da viagem.
Comentários:
Trata-se de
um clássico da literatura universal que vale a pena ser lido. O enredo do filme
"Apocalypse Now" de Coppola
é baseado nesse livro, trazendo Marlon Brando no papel correspondente ao do Sr.
Kurtz, entretanto, o filme não substitui a leitura do livro.
Conrad
sabia como ninguém que o “o sentido de um episódio não estava dentro, como uma amêndoa,
mas fora, envolvendo a narrativa”. E é nesse periférico que se nos apresenta um
clássico. Não tenho a pretensão de iniciá-lo em Conrad, seria uma empresa
fadada, de antemão, ao fracasso, sabedor que sou que “não há iniciação para
tais mistérios”, esta tem que se dar na descoberta de suas lendárias páginas de
aventura humana “no meio do incompreensível, que é também detestável”, mas, ao
final, nos coroa com o halo literário que só os grandes autores nos sabem
ofertar. Em Conrad, somos salvos pela sua “devoção à eficiência”, nada falta ou
transborda; tudo na medida certa, no tempo certo. Em algumas páginas, o
romântico se nos impõe, e temos a beleza em estado primevo; em outros momentos,
o drama surge, a emoção dita e domina.
Interpretação da obra:
O prof.
José Monir Nasser dizia que para compreender a obra de Joseph Conrad, é preciso
saber interpretar os aspectos simbólicos fartamente utilizados por ele. Se você
ler a obra dogmaticamente, não vai compreender nada.
Joseph
Conrad usa a África como uma metáfora da condição humana, da qual não estão
excluídos os abismos e os horrores. Ele penetra num mundo estranho, quase
surrealista.
O que Joseph
Conrad quer nos contar é o dilema moral do ser humano e o caos do mundo em que
vivemos. Mostra-nos a sociedade enlouquecida criada por Kurtz, que assume,
nesta sociedade que criou, o papel de Deus, decidindo quem deve e quem não deve
morrer. Nos mostra, ainda, que o ser humano vive num mundo concreto, natural e
contraditório, onde existem aspectos benignos e malignos, tal qual a natureza
que é também potencialmente contraditória e onde se encontram forças de
sustentação e forças de repúdio.
O homem
não é 100% natureza. Há uma parte nele que não pertence à natureza e que não é
humana, mas Divina (o espírito que corresponde ao intelecto, à sabedoria e ao
conhecimento instantâneo da realidade). O intelecto (não é a razão) faz a
ligação do homem com o mundo transcendente, onde está a verdade. E nós humanos
somos prisioneiros dessa tensão que é a essência da vida humana. Platão dizia
que o homem é o intermediário entre o animal e o anjo.
Quando
Kurtz retorna para a “civilização”, à beira da morte, desvela um pouco mais do
mistério de tudo e emite sua expressão final antes de se quedar sem vida: “O
Horror! O Horror!”, ele prenuncia o julgamento de sua alma na Terra. Marlow já
não é o mesmo, frente à iluminação final de Kurtz.
Conclusão:
Os mistérios em torno das personagens de Conrad
simbolizam a impenetrabilidade misteriosa da alma humana, e as suas
complicações.
"Vivemos como sonhamos - sozinhos"
“O objetivo
que tento atingir, pelo poder da palavra escrita, é fazer você escutar, fazer
você sentir e acima de tudo, fazer você ver. Isto, e nada mais, é tudo”. Palavras de Joseph Conrad, talvez um dos mais
vicerais escritores que a literatura ocidental já produziu.
Jósef Teodor Konrad Korzeniowski nasceu em 1857, na
cidade de Berdichev, na Ucrânia, uma região que foi parte da Polônia, mas na
época estava sobre controle russo.
Nota: Alguns atribuem que Joseph Conrad nasceu em Berdyczow
uma província ucraniana na Polônia daquela época. Hoje a cidade ucraniana Berdichev.
[1]
[Lat., 'outro eu'.] 1. O outro eu, ou seja, pessoa na qual se pode confiar como
em si mesmo. 2. P. ext. Aquele que substitui perfeitamente o outro.