Título original: Poder Global y Religión Universal
Autor: Juan Claudio Sanahuja
Tradutor: Lyège Carvalho
Assunto: Ensaio
Editora: Ecclesiae
Edição: 1ª
Ano: 2012
Páginas: 206
Sinopse: NA PASSAGEM PARA O TERCEIRO MILÊNIO, ao inaugurar o Grande Jubileu de
2000, o beato João Paulo II exortou os cristãos a confiarem na vereda de
Cristo, lembrando a estreiteza da via que, em uma história bimilenar, foi capaz
de fazer a Igreja vencer tantas sombras e perigos incontáveis, ameaças e
perseguições, e tantas outras incompreensões e falsas interpretações; assim, a
luz fulgurante de Cristo chegou ao século XXI como um fato incontestável: “Entramos por esta Porta, que representa
Cristo mesmo: com efeito, só Ele é o Salvador.” Esta verdade histórica
chegou até nós, a geração pós-Concílio Vaticano II, mas está hoje (e novamente)
atacada de modo intenso e sistêmico,
por forças culturais, econômicas
e políticas, no afã de impor uma
nova ordem mundial, destituída das premissas cristãs, ordem imposta por
diversas formas de manipulação, a pior de todas as violências. Uma nova ordem não
apenas política, mas também religiosa, de uma religiosidade light, “sem dogmas,
sem estruturas, sem hierarquias, sem morais rigorosas”, como ressalta monsenhor
Juan Cláudio Sanahuja, neste lúcido livro Poder Global e Religião Universal.
Este
“poder global”, como um novo Leviatã, “procura a perversão dos menores, a
anticoncepção, o aborto, a eutanásia, a investigação com embriões humanos, a
injusta legitimação jurídica de casais do mesmo sexo etc. A falsa
espiritualidade da nova ordem procura
ensinar às crianças de 5 anos a normalidade da homossexualidade e da
masturbação e instruí-la no uso de preservativos e da pílula do dia seguinte,
inculcando-lhes que o aborto é um direito, como propõe a UNESCO”.
Comentários: A crise da Igreja é grave. Tenho a
impressão de que não se esconde de ninguém que o cataclismo social – que afeta
o respeito à vida humana e à família – tem essa triste situação como causa.
Michel Schooyans afirma, sem nenhuma dúvida, que a Nova Ordem Mundial, “do ponto de vista cristão, é o maior perigo
que ameaça a Igreja desde a crise ariana do século IV”, quando, nas palavras
atribuídas a São Jerônimo, “o mundo dormiu cristão e, com um gemido, acordou ariano”.
(...) Soma-se à atitude vacilante de muitos católicos a ditadura do politicamente
correto, muito mais sutil que as anteriores e que reivindica a cumplicidade da
religião, uma religião que por sua vez não pode intervir nem na forma de
conduta nem no modo de pensar. A nova
ditadura corrompe e envenena as consciências individuais e falsifica quase
todas as esferas da existência humana.
A sociedade e o estado excluíram Deus, e
“onde Deus é excluído, a lei da organização criminal toma seu lugar, não importa
se de forma descarada ou sutil. Isto começa a tornar-se evidente ali onde a
eliminação organizada de pessoas inocentes – ainda não nascidas – se reveste de
uma aparência de direito, por ter a seu favor a proteção do interesse da
maioria”.
O autor: Argentino, sacerdote ordenado em 1972, Doutor em
Teologia pela Universidade de Navarra, Espanha, Professor de Teologia Moral e
História da Filosofia e da Teologia, Capelão de sua Santidade o Papa Bento XVI
e Colaborador do Conselho Pontifício para a Vida. É também jornalista pela
Universidade de Navarra e autor de «El
desarrollo sustentable. La nueva
ética internacional» («O
desenvolvimento sustentável. A nova ética internacional»)
Entrevista
com o autor:
Canção Nova - De que forma funcionam essas estratégias de
estabelecimento de um poder global e religião universal?
Monsenhor Juan Claudio Sanahuja - É algo fabricado pelos
mesmos lobbys antivida, porque precisam transformar a cultura dos países
cristãos, a fim de que a mensagem antivida possa ser aceita nesses países. Para
isso, precisam "trocar" as crenças dos povos cristãos, especialmente
católicos, e isso desgraçadamente é favorecido por uma situação de
"crise" no interior da Igreja, pois há pessoas, inclusive
eclesiásticos, que não aceitam os pronunciamentos magisteriais.
Justamente estes projetos de
nova ética internacional baseiam-se no relativismo ético. Portanto, os
documentos do Magistério que afirmam verdades imutáveis são rechaçados por
esses projetos. E querem inculcar isso no povo cristão e católico, em parte
valendo-se de alguns eclesiásticos que não aceitam o ensinamento da Igreja.
Canção Nova - Já tivemos na história regimes políticos que
promoveram o ateísmo, e, depois, surgiu essa tendência de promover a religião
aconfessional. Qual é a diferença desses dois mecanismos?
Monsenhor Sanahuja - As pessoas são quase sempre
as mesmas e tudo está impregnado de um neomarxismo. Então, o que ocorre é que
querem substituir a religião revelada, cristã, por uma outra, de valores
relativos, utilizando inclusive as mesmas palavras que têm grande valor para a
religião cristã. Por exemplo, a "paz". É uma palavra que tem forte
embasamento de conteúdo cristão. Por isso, não bastam as palavras: temos que
ver quem diz e por que as diz.
É o que o então Cardeal Joseph
Ratzinger chamou de moralismo político. Não basta falar sobre paz, proteção das
crianças, igualdade. Tem-se que ver quem diz e qual é a sua ideologia, pois
podem ser palavras enganosas, embora baseadas em conteúdo católico. Então,
aqueles que pregavam ateísmo há uns anos são os mesmos, ou discípulos desses, e
agora pregam uma nova ética de valores relativos, mutáveis. Assim, tudo o que
seja verdade imutável é fundamentalismo e, portanto, rechaçável, condenável.
Por isso, alguns dizem que a posição da Igreja em relação ao aborto altera a
paz, tanto social quanto mundial. Já outros abordam as formas de se combater a
Aids: a Igreja fala sobre o cultivo de bons costumes, e há quem acuse isso de
crime!
Canção Nova - De que forma os padres e bispos podem ajudar nesse
contexto? E o povo católico, já abriu os olhos para essa realidade?
Monsenhor Sanahuja - Sendo fiéis ao Magistério,
pregando a doutrina ensinada por Jesus. Acontece que nós sacerdotes, os
clérigos, inclusive bispos, temos a pressão do ambiente, do "politicamente
correto". Temos que pregar a Jesus e a conduta que Ele nos ensina a ter,
apesar da presença do politicamente correto. Com a ajuda de Deus, não podemos
ceder às pressões. Isso é inadmissível. Os sacerdotes devem pregar Jesus e a
doutrina católica, em sua integridade, e não se deixar pressionar, ainda que
isso possa trazer dor de cabeça.
COMO AGIR QUANDO UM PAPA ENSINA ALGO CONTRÁRIO À DOUTRINA DA IGREJA?